continua

— Eu limpei sua sala e não percebi que tinha um banheiro aqui e não o

limpei. A senhora Flávia, que conversando comigo agora, me perguntou

dele e eu falei que não vi. — Dei um pequeno sorriso para o grande erro

que ele achava que tinha cometido.

— Desculpe, senhor Caique. Eu pensei que ele tivesse visto e não falei

nada. Achei que seria melhor vir aqui falar com o senhor.

— Não se preocupem, pelo amor de Deus, é apenas um banheiro. E

Fernando, realmente não te julgo por não ter visto, pois a porta dele é bem

disfarçada a pedido meu, parece até um detalhe da parede — falei e apontei

para a porta em um canto que parecia um adorno de uma coluna na minha

sala. Até seu puxador era diferente.

— Não reparei mesmo, achei que era a parede — Fernando me

respondeu e sorriu, se sentindo mais aliviado. — Posso limpar agora se o

senhor me permitir.

— Não precisa ser hoje, pode ser amanhã. Estou indo embora e nem

vou usar mais. Flávia, hoje a agenda está tranquila, não é? Remaneja para

amanhã o que aparecer. Vou para casa.

— Fique tranquilo, senhor Caique. Está tudo sob controle.

— Mas qualquer coisa de última hora pode me ligar.

— Sim. Vamos deixar o senhor à vontade. Vamos, Fernando.

— Espere. Deixe o Fernando que quero falar com ele.

— Sim, senhor.

O rapaz na minha frente me olhou com curiosidade.

— Tudo bem mesmo no seu primeiro dia?

— Sim, está indo tudo bem.

— Já sabe do nosso refeitório, certo?

— Sei sim, a dona Flávia me passou tudo.

— Conseguiu a declaração de sua irmã para o plano de saúde?

— Sim. Já até trouxe e entreguei no RH.

— Muito bem. Não fique preocupado com o banheiro, amanhã você

estará ainda mais familiarizado com tudo. Não sou esse tipo de patrão

chato. — Sorrimos um para o outro.

— Obrigado, senhor Caique. Vai mesmo para casa? — Fernando era diferente dos outros funcionários, não que ele fosse intrometido, eu não enxergava desta forma.

— Vou sim, estou me sentindo cansado e preciso relaxar um pouco.

Amanhã estarei cedo aqui para entrevistar o primo da Flávia que ocupará o

lugar dela enquanto estiver de licença médica.

— Ah, sim. Ela comentou que faria um exame. Falei que precisa fazer

mesmo, com essas coisas de hérnia não se brinca. Bom, deixa eu voltar para

o meu serviço. O senhor precisa de mais alguma coisa?

— Não. Pode ir, Fernando.

O rapaz na minha frente foi saindo e eu me peguei o observando.

Gostava de pessoas gentis como ele, atenciosas. Fernando parecia ser uma

boa pessoa, era isso que meu coração me dizia.

Depois de juntar tudo, prendi minha bolsa em minha cadeira e saí da

minha sala. Me despedi de Flávia e pedi que avisasse ao Saulo assim que

ele chegasse que eu já tinha ido.

Quando parei em frente ao elevador social para descer, olhei para o

lado e vi Fernando esperando o elevador de serviço. Ele tinha as mãos no

bolso e mexia a boca olhando atento para os números acima da porta. Ao

perceber que era observado, ele olhou para o lado e me viu. Seu olhar

atento se suavizou quando meu elevador chegou.

Como ele estava vazio, chamei Fernando para vir comigo.

— Vem neste.

— Eu posso? — Ri de sua pergunta e resolvi brincar com ele.

— Seu chefe não vai brigar. — O sorriso dele foi bonito e veio

andando para perto de mim.

Entramos juntos e ficamos lado a lado.

— Já está indo almoçar?

— Não, a dona Flávia me pediu para entregar um papel pra senhora

Vanessa e ela está lá perto do refeitório.

— Tudo bem.

Quando o elevador parou no andar do refeitório, Fernando ia descer e

eu continuaria para ir ao estacionamento onde meu motorista me esperava.

— Bom descanso, senhor Caique. — Olhei para Fernando saindo do

elevador.

— Bom trabalho, Fernando. — Sorrimos um para o outro e as portas

do elevador se fecharam cortando o nosso contato visual.

No estacionamento, Robert me recebeu e abriu a porta do carro para mim. Até hoje eu lamentava a morte estúpida de Fábio e mantinha uma ajuda financeira para sua família, mesmo com a insensível da minha mãe

reclamando disso. E me culpava por não ter ajudado a família do motorista

do caminhão. Mas ao acordar do coma e ver a minha realidade, eu quase

não conseguia pensar em mais nada e ficou por isso mesmo. Eu carreguei

essa culpa todos esses anos.

— Para onde, senhor?

— Para casa, Robert. Chega de trabalho por hoje. Você também está

liberado para fazer o que quiser. Não sairei mais.

— Sim, senhor. Irei buscar então o resultado de um exame.

— Está tudo bem?

— Sim. Apenas rotina mesmo.

— Que bom.

Ainda ficava meio apreensivo dentro de um carro e por isso Robert

andava bem devagar. Ele sabia de todos os meus problemas. Ele era meu

segurança também assim como Fábio foi um dia.

Eu morava em uma cobertura na Avenida Lúcio Costa na Barra da

Tijuca, a 30 minutos da minha empresa. Meu apartamento era todo

adaptado, bem amplo. Minha cadeira tinha conforto para passar por todos

os cômodos. Meu banheiro possuía uma rampa que levava para dentro do

box com minha cadeira de banho e eu mesmo conseguia me virar em tudo.

Na cozinha tudo também tinha altura ideal para um homem sentado em

uma cadeira e de fácil acesso, pois eu amava cozinhar minha própria

comida. Amava a varanda, onde podia chegar e olhar o mar que sempre foi

minha paixão. Até uma piscina de borda infinita adaptada para mim eu

tinha, mas quase não usava. Minha obra de adaptação demorou, mas

quando finalmente ficou pronta, Saulo e Beatriz me ajudaram a decorar

tudo e enfim eu tinha meu canto que sempre sonhei. Só nunca imaginei que

seria nessas condições.

Agora subia pelo meu elevador particular que já saía dentro da minha

sala. Contava com outras tecnologias que eram de muita utilidade no meu

dia a dia e elas estavam por todo meu apartamento.

— Alexa, bom dia. Abra as persianas. 

As persianas da sala se abriram revelando um mar azul no meu campo

de visão. O dia estava ensolarado com um leve vento.

— O dia hoje promete sol quente, mas os ventos são pela frente fria que se aproxima — Alexa falou.  — Quer ouvir sua música preferida?

— Agora não. Preciso de silêncio.

Suspirei e fui para o meu quarto. Estava me sentindo agoniado dentro do terno e só queria tirar tudo e ficar de cueca. Assim que me vi livre das roupas, passei para minha cama e me acomodar em meu travesseiro, me fez respirar fundo. Conferi por um tempo meu celular, mas sentia um cansaço absurdo e estava sem ânimo, então o deixei ao meu lado e resolvi descansar um pouco. Um cochilo me faria bem e logo eu acordaria para comer.

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Comments

Keu Sorella

Keu Sorella

Eu estava pensando que Saulo, moraria com ele, a solidão seria menor .
Espero que o substituto de Flávia não venha implicar com Fernando.

2024-05-14

3

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