continua
— Vamos trabalhar?
— Vamos. Hoje tenho duas coisas muito importantes para fazer. — Saulo me analisou e sabia que ele estava se perguntando o que era.
— Sei da inspeção na obra. Que outra coisa seria essa? — Uma sobrancelha foi levantada em minha direção.
— Te conto no carro, vamos!
O tempo estava uma merda. Nublado, ventando e chovendo forte, nem parecia o Rio de Janeiro. Fábio, meu motorista e segurança, abriu a porta pra gente e quando Saulo e eu estávamos acomodados, ele nos levou para a empresa.
Durante o percurso, subo a divisória do carro e logo, Saulo e eu, temos privacidade.
— O que você está aprontando, Caique?
— E eu sou lá homem de ficar aprontando?
— É, realmente, você é certinho demais, até para o meu gosto.
— Não fale assim, você sabe mais do que ninguém das minhas responsabilidades.
— Mas não precisa se anular por elas. Você nem vive, Caique. E você sabe muito bem do que estou falando. — Encarei os olhos do meu amigo.
— Sei, mas, então, é sobre isso a outra coisa que irei fazer hoje. Vou me encontrar com Natanael de novo.
— Justo ele?
— Por que você cisma com o rapaz?
— Ele não me passa confiança, só isso. Porra, vocês se conheceram no banheiro de um evento e você logo ficou todo rendido. Me lembro dos seus sorrisos naquela noite.
— Já estamos saindo há dois meses e estou adorando. Claro que não é toda hora que consigo me encontrar com ele, mas o Nate não desistiu e isso me mostra que também sente algo por mim. — Saulo suspirou. — E a forma que nos conhecemos pouca importa, o conheci e gostei dele. Vou julgar o rapaz por que o conheci no banheiro? Sério isso?
— Tá, só não quero que se machuque, ok? Você, apesar de ser um empresário de sucesso e já ter 26 anos, não tem muita experiência com os homens. E é por isso que falo que você tem que viver, se permitir a conhecer pessoas. Mesmo que não seja intencional, você vive em uma redoma, Caique. Fora esse Natanael, só saiu com mais dois e não deu certo.
— Minha mãe não pode suspeitar que sou gay, não agora. Não até eu acabar essa obra do shopping e fazer dele um sucesso. É o primeiro projeto
grandioso que pego desde a morte do meu pai e sei que ela está só me observando, esperando um deslize para me dar o bote. Depois ela vai ver o empresário que sou. Daí, vou tomar as rédeas e me assumir, goste ela ou não.
— Sabe que por mim você já tinha feito isso mas você se prende muito ao que ela e os outros vão achar.
— Não é isso, é que, como ela é acionista, tenho medo de que ela faça algo para me tirar da Presidência.
— Ela não faria isso.
— Há essa possibilidade, Saulo. Os outros acionistas gostam muito dela também. Se ela arma um motim contra mim, eu caio. Minha mãe é muito preconceituosa e, também fico com medo da exposição na mídia e o quanto isso poderia nos afetar. Já presenciei clientes bem preconceituosos no nosso ramo e você sabe o quanto isso me assusta. No fundo, não é minha
mãe que me preocupa e sim, em não conseguir cumprir a promessa que fiz ao meu pai, de cuidar dos negócios da família. Me sentiria péssimo em decepcioná-lo de alguma forma.
— Essa parte até juro que entendo, mas não queria que você se anulasse por isso. — Suspirei e olhei pela janela quase não enxergando nada por causa da chuva.
— Estava com saudade! Desta vez você demorou muito para achar um tempinho pra mim. — Natanael estava ofegante, pois eu já beijava seu pescoço, apertando sua bunda gostosa e ele tirava a minha gravata.
— Desculpa, meu lindo. Com esse novo projeto do shopping, tenho ficado atolado de serviço.
— Tudo bem, eu te entendo.
— Homem, que fogo!! — Ri do comentário do cara lindo ao meu lado, que estava me deixando todo apaixonado.
Tínhamos acabado de transar e realmente eu estava cheio de saudade dele. Estava louco para tê-lo dentro de mim e hoje não lhe dei sossego.
— Promete que entende que preciso ir?
— Claro! Essa construção é importante para sua empresa. E que sacanagem essa que sua mãe fez, hein?
— Pois é, por isso preciso ir pessoalmente ver como anda tudo e acabar com essa história de material de baixa qualidade. Na minha empresa não vai ter isso.
— Bota ordem, meu CEO. — Nós dois rimos.
Tomei um banho rápido enquanto Nate ficou na cama mexendo no celular. Saí pelado mesmo, ganhei um olhar gostoso dele e comecei a vestir meu terno para ir para o meu compromisso.
Quando me virei para ele, meu gatinho tinha um sorriso bonito no rosto e antes de sair, ainda dei um beijo muito gostoso nele.
— Namora comigo? — perguntei e ele arregalou os olhos.
— Namorar?
— Sim, estou gostando muito de você, Natanael.
A reação dele não era a esperada por mim. Natanael ficou constrangido, surpreso, assustado, tudo isso, menos empolgado.
— Olha, não precisa responder agora. Pode ser no próximo encontro, ok?
— Tá bom. Não fica chateado comigo, você me pegou de surpresa.
— Claro que não estou. Já estou com saudades — disse e ele sorriu, me dando um selinho nos lábios.
— Também já estou. Vai, senão você se atrasa, gatão.
Depois de mais um beijo, saí do motel em que estávamos e na garagem Fábio já me aguardava com toda discrição. Sempre ligava para ele vir me
Buscar, não podia correr o risco de alguém me ver saindo daqui. E eu sempre que saía com Natanael estava com um carro diferente.
Além de terem a AGM Construtora, que já ganhou vários prêmios por ser considerada a maior construtora do Brasil, meus pais sempre fizeram parte da alta sociedade do Rio de Janeiro. Tanto meu pai, quanto minha mãe, nasceram e cresceram neste meio e eu e meus irmãos nascemos em berço de ouro. Nossa família sempre foi muito badalada: capas de revista e eventos grandiosos. Até porque, os sócios do meus pais também eram homens poderosos. Fui muito bem recebido quando assumi a Presidência e senti o peso de estar representando Augusto Montenegro.
Por isso que evitava tanto os escândalos e não era assumido ainda, mas Nate aceitando namorar comigo, eu enfrentaria tudo por ele, só precisava acabar esse grande projeto que era tão importante pra mim.
— Desculpe fazer você vir aqui, Fábio.
— Que isso, senhor Caique. É meu trabalho, busco o senhor onde for.
— Mas um motel é um pouco ridículo, você não acha?
— Eu entendo a posição do senhor. É famoso e sabemos o quanto os jornalistas ficam à espreita.
— Exatamente. Vamos para São Conrado agora.
— Sim, senhor.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 122
Comments
Anne Jay
Me desculpa, mas eu concordo com o Saulo e nem é pelo o encontro do banheiro e sinto pq a minha intuição tá dizendo pra eu não gostar dele
2024-05-06
8
Valpi
Lógico que não presta esse Natanael, senão como continuar a história sem algumas tretas?
2024-05-30
0
Erica Diniz
Caíque está confiando demais em Natanael.
2024-05-15
0