Maneiras de Te Reconquistar
...Clara Amorim | Alexandre Monteiro ...
...Personagens secundários...
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...Alexandre Monteiro....
^^^Florianópolis, Santa Catarina 🇧🇷^^^
Encaro a vista que tenho do terraço da minha empresa. Daqui, consigo apreciar um vislumbre magnífico de Florianópolis, e é quase impossível acreditar que aquele garotinho de canelas finas, que cresceu no interior, se tornaria o dono da maior empresa de tecnologia da América.
Se eu contasse essa história, muita gente riria. E eu entendo. Porque é mesmo difícil de acreditar.
Minha mãe era pobre. Trabalhava como faxineira na casa de um homem rico, Emanuel Martínez. Ele era casado e, na época, sua esposa também tinha acabado de anunciar que estava grávida. É claro que ele jamais colocaria em risco a imagem de família perfeita que cultivava. Então, a gravidez da minha mãe foi mantida em segredo.
Ela me teve sozinha. Cresci ajudando-a no trabalho na mesma casa em que minha irmã, Luíza Martínez, vivia como uma princesa. Enquanto eu carregava baldes e aprendia a me virar, Luíza era tratada como uma criança prodígio. Aos sete anos, falava cinco línguas e era bajulada por todos. Cresceu sob o brilho da validação acadêmica e do status que jamais nos pertenceram.
Foi nessa fase que minha mãe engravidou de novo do meu pai. Eles continuaram se vendo às escondidas. Mas, quando Angélica, a esposa dele, descobriu, tudo desmoronou. A frágil estabilidade que tínhamos desapareceu. Mamãe estava prestes a dar à luz, e Angélica fez questão de nos colocar para fora.
Quando minha irmã caçula, Cibele, nasceu, eu tinha apenas oito anos. Não sabia o que fazer. Mamãe estava sem emprego, com a saúde debilitada após complicações no parto. Foram semanas dormindo em bancos de hospital enquanto ela se recuperava. Quando finalmente voltamos para casa, já estávamos quase sendo despejados.
Meu pai pagou quatro meses de aluguel e também custeou minha escola, para que eu continuasse estudando. Cibele ainda lutava contra a desnutrição.
Passei fome ao lado da minha mãe. Ela voltou a trabalhar como garçonete e levava Cibele com ela. De tarde, eu cuidava da minha irmãzinha. E assim foi até meus 14 anos, quando minha mãe morreu afogada na piscina da casa da patroa. Ela não sabia nadar, porque nunca teve tempo para aprender.
No velório, apareceram meu pai, Angélica e Luíza. A madame veio só pela aparência. Beijou meus cabelos com falsidade e nos convidou para morar com eles.
Por obrigação legal, meu pai teve que nos acolher, já que éramos menores de idade. E ali começou nosso verdadeiro inferno. Angélica só fingia bondade quando ele estava por perto. Quando não havia testemunhas, mostrava sua verdadeira face. Era uma víbora até com a própria filha.
Luíza vivia sob regras absurdas: tinha que comer pouco, estar sempre impecavelmente vestida como uma adulta e falar com dicção perfeita. Bastava um erro e sua mãe se transformava em uma fera. Eu não entendia como ela suportava aquilo. Mas, no fim, era a mãe dela.
Cibele, com apenas seis anos, era tratada como uma boneca na frente do nosso pai. Por trás, Angélica fazia questão de repetir que ela não era sua mãe e partia o coração da minha irmãzinha em mil pedaços.
Aos 18, depois de noites intermináveis de estudo, passei no vestibular da USP e me mudei para São Paulo. Enquanto eu construía meu caminho, Luíza já havia sido enviada para Harvard e Cibele continuava no ensino fundamental, aprendendo a sobreviver em meio às ruínas de uma família que nunca foi de verdade.
Na mesma época, o avião em que meu pai e a mãe de Luíza viajavam caiu, matando todos os passageiros. A família Martínez se desfez de uma hora para outra, e sobraram apenas os três herdeiros legais — nós — que herdamos não só propriedades, carros, lanchas e aviões, mas dinheiro suficiente para três vidas inteiras.
Eu me formei em Administração e abri minha própria empresa de tecnologia, lançando meu primeiro projeto. Luíza assumiu as empresas do nosso pai. Foi só aos 24 anos, depois de muito silêncio, que nós dois voltamos a conversar como pessoas civilizadas. E juntos fizemos a fusão das companhias.
Luíza é orgulhosa, metida e calada. Observa tudo ao redor, fala apenas quando algo a incomoda. Angélica sempre tentou transformá-la em um projeto pessoal, e eu juro que tentei mudar isso desde que nos reaproximamos.
Ela também não fala com Cibele. Sempre culpou minha irmã caçula por ter sido o motivo das brigas entre nossos pais. Mas Cibele era só uma criança.
— No que tá pensando? — ouço a voz de Cibele atrás de mim e me viro.
— Oi, Bele. Pensando no quanto a vida foi boa e cruel conosco ao mesmo tempo.
— Mas é assim mesmo — disse, ficando ao meu lado. — Primeiro os obstáculos, depois as conquistas. Acabei de chegar. Deixei a Alice na casa da avó.
— Como minha sobrinha está?
— Bem. Hoje caiu o primeiro dentinho — fala, orgulhosa. — Minha garotinha tá crescendo. Mas o que você estava fazendo aqui em cima sozinho?
— Vim esfriar a cabeça.
— Muito trabalho?
— Demais. A Luíza foi para a Suíça resolver um problema com um dos nossos aparelhos. O cliente reclamou de mau funcionamento, e ele é importante demais pra perdermos.
— E a Clara? — perguntou, olhando ao redor. — Não vi ela por aqui hoje. Já foi?
Clara tinha mandado uma mensagem mais cedo, dizendo que não estava se sentindo bem e perguntou se podia faltar. Eu disse que sim e que passaria lá assim que possível.
Nosso caso já durava muito mais do que havíamos combinado. Tínhamos deixado claro que seria só uma noite, mas já se passaram oito meses desde aquele primeiro encontro movido por puro desejo.
— Não estava bem, não veio hoje — expliquei.
— Mas ela já tá melhor? — perguntou, preocupada.
— Vou ver como ela está quando sair daqui.
— Humm. Todo preocupado com alguém que é só um “casinho” — provocou, com aquela expressão curiosa que ela sempre fazia quando queria me tirar do sério.
— Ah, cala a boca, Cibele — falei, revirando os olhos. — Vai cuidar da sua vida, que também não anda lá essas coisas.
— Poxa, magoou — disse, colocando a mão no peito de forma dramática.
Cibele tinha engravidado de um homem mais velho, um jogador de futebol. Alice nasceu e Daniel até assumiu a paternidade, mas eles nunca chegaram a ficar juntos de verdade. Ele se mudou para outro país e, desde então, só manda dinheiro, como se a única coisa que minha sobrinha precisasse fosse isso.
— Alex?
— Oi.
— Tu gosta dela? — perguntou do nada, e eu encarei a Cibele, meio sem saber de onde tinha vindo aquilo.
— Mas que pergunta é essa, guria?
— Tô te perguntando se tu gosta dela, ora. Tu e a Clara tão nesse rolo faz uns oito meses, eu não vi teu nome em fofoca nenhuma com outras mulheres desde que começaram a se enroscar. Mas também nunca vi tu criar vergonha na cara e pedir ela em namoro.
— Eu respeito ela, Bele.
Minha irmã deu aquele sorrisinho de canto, bem safado, como quem já sabe o que eu não quero admitir.
Nesse instante, minha secretária me chamou por chamada pra resolver uma treta, e a gente desceu pro andar da presidência. Era umas três da tarde, eu ainda tinha minha última reunião às cinco.
Peguei o celular e mandei uma mensagem pra Clara, perguntando se ela tava melhor. A falta de resposta dela o dia inteiro me deixou em alerta. Eu ia dar uma passada na cobertura dela mais tarde, só pra ver se tava tudo certo.
Dei início à minha penúltima reunião do dia. Assim que terminou, fui até a cafeteira e preparei um café bem forte pra espantar o cansaço. Depois, voltei pra mesa e passei um tempo revisando relatórios, me organizando para a última reunião que ia acontecer mais tarde.
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...Vou tentar carregar a foto dos personagens depois. Boa leitura!...
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Atualizado até capítulo 42
Comments
Gislaine Duarte
clara tirou a sorte grande Alex é um gato 😻👏👏👏
2025-07-19
1
Beah 💋
meu país Santa Catarina /Hey/
2025-07-10
1
Andreia Braga de Lima
começando a ler hoje 04/07/25 as 08:00
2025-07-04
1