Herança do Vazio Celestial
No reino de Barityh, onde a magia da mana e a força da aura governam o destino dos mortais, nasce uma criança envolta em mistério e poder. Galen, filho de uma nobre família, veio ao mundo sob um fenômeno raro — raios de sol na calada da noite — e uma profecia que promete que ele poderá trazer tanto a prosperidade quanto a ruína.
Entre dois continentes, em um mundo dividido entre a Terra Normal, o Subsolo dos monstros e o Céu dos deuses, Galen é enviado a uma escola onde jovens de todas as classes aprendem a governar, lutar e controlar suas forças. Mas seu caminho será tudo menos fácil.
Entre alianças, rivalidades e segredos ancestrais, o jovem herdeiro enfrentará desafios que testarão não só seus poderes, mas sua essência e sua vontade de desafiar o destino que foi traçado para ele.
Será ele a luz que salvará Barityh? Ou a sombra que a destruirá?
No princípio, existia apenas o Deus Absoluto, a essência primordial da criação. Com seu poder infinito, ele moldou o mundo, dando forma às terras, céus e mares. Porém, sozinho, sentiu a necessidade de companhia e auxílio, e assim criou outros deuses — entidades poderosas, encarregadas de cuidar das raças que habitariam aquele mundo recém-formado.
Esses deuses foram incumbidos de proteger e guiar as diversas criaturas, abençoando-as com dons especiais e concedendo poderes únicos para que pudessem prosperar. No entanto, nem todos os deuses seguiram o propósito divino. Alguns se rebelaram, desejando criar suas próprias espécies, temerosas do controle do Deus Absoluto. Desses atos nascentes, surgiram os monstros — seres terríveis e poderosos, destinados a desafiar a ordem estabelecida.
O mundo se dividiu em dois grandes continentes. Em Elyndor, habitavam os humanos, forjando seus reinos e histórias. No outro continente, Vaeloria, moravam elfos, anões, gigantes e outras raças lendárias, cada qual recebendo bênçãos e desafios próprios dos deuses. Famílias nobres em cada país carregavam em seu sangue as marcas das divindades que os protegiam, herdeiros de poderes e responsabilidades ancestrais.
Neste cenário complexo, nasce um menino — Galen, filho de uma família nobre de Barityh, um reino nas terras humanas, onde se formam os futuros reis e guardiões do equilíbrio entre magia, força e sabedoria.
A noite estava envolta em silêncio e escuridão, quando, em um dos salões do castelo da família nobre, uma criança veio ao mundo. Galen nasceu com um choro firme e cheio de vida, mas foi o que aconteceu logo em seguida que deixou todos sem fôlego.
De repente, no céu estrelado, raios de sol rasgaram a escuridão, iluminando as nuvens com uma luz dourada e brilhante — algo que jamais fora visto antes naquela noite. Era como se o próprio céu celebrasse o nascimento daquele menino.
Os anciãos da família e os sacerdotes da corte logo se lembraram da antiga profecia, transmitida por gerações. No vigésimo ano do calendário, uma criança nasceria, abençoada com poder e inteligência incomuns. Essa criança seria um farol de esperança para o mundo, capaz de trazer prosperidade sem igual… ou, se o destino assim o decidisse, poderia se tornar uma força de destruição sem precedentes.
Todos olhavam para o pequeno Galen com misto de admiração e temor, conscientes de que o futuro daquele mundo poderia repousar sobre seus frágeis ombros.
O salão ficou em silêncio após o fenômeno no céu. O pai de Galen, um homem de postura firme e olhar calculista, encarou o filho recém-nascido com um misto de orgulho e apreensão. — Dizem os antigos que, no vigésimo ano, uma criança nascerá com o poder de mudar os rumos do mundo — murmurou ele, como se falasse mais para si do que para os presentes. A mãe de Galen, com um sorriso cansado, segurava o bebê nos braços, sentindo o calor da vida pulsando tão forte. — Pode ser bênção ou maldição — completou o sacerdote que acompanhava o parto, seus olhos brilhando com uma sabedoria antiga. — Não sabemos quem será essa criança, mas seu nascimento marcará um tempo de grandes mudanças. As palavras pairaram no ar, sem confirmação, mas com o peso da expectativa. Ninguém sabia ao certo se aquele menino nos braços da mãe seria o escolhido da profecia — ou se o destino reservaria seu papel para outro.
Assim, enquanto Galen dormia tranquilo, o futuro permanecia envolto em mistério e possibilidades infinitas.
A mãe apertou suavemente o pequeno nos braços, seu olhar firme e sereno.
— Não me importa se ele é a criança da profecia — disse ela, com voz doce, mas resoluta. — O que desejo mesmo é que ele seja saudável, que cresça feliz e que encontre seu próprio caminho. Todo o resto… o destino cuidará disso.
O pai lançou-lhe um olhar, como que ponderando as palavras da esposa, antes de voltar a encarar o bebê.
— Que assim seja — murmurou ele por fim, em tom baixo.
E naquela noite, entre raios de sol que ainda brilhavam no céu, um novo capítulo começava para Barityh, para Elyndor e para o próprio mundo.
Aos três anos, Galen já demonstrava que não era uma criança comum.
Na manhã em que tudo aconteceu, os jardins da ala leste estavam silenciosos, embalados apenas pelo som suave das folhas dançando ao vento. Galen brincava sozinho, descalço sobre a grama, enquanto seus olhos curiosos seguiam o voo de um bando de pássaros dourados. Seu rosto pequeno franzia em fascínio — havia algo ali que ele não compreendia, mas que o chamava, como se o ar ao redor estivesse... vivo.
Foi então que sentiu.
Uma leve vibração em seu peito, como se uma faísca brilhasse dentro de si. O mundo pareceu mais nítido. As árvores ao seu redor, o murmúrio da água da fonte, até o som do vento — tudo pulsava com uma energia invisível.
Sem saber, Galen havia tocado a mana pela primeira vez.
No instante seguinte, ao estender a mãozinha para o céu, imitando o bater de asas dos pássaros, uma descarga de luz atravessou as nuvens com um estalo violento. Um raio desceu do nada, rasgando o céu limpo e caindo direto sobre a antiga fonte de mármore no centro do jardim.
A explosão ressoou pelos corredores do castelo.
Quando os guardas e servos chegaram, encontraram Galen sentado na grama, ileso, olhando para a fonte destruída com a expressão tranquila de quem ainda não entendia o que havia feito.
Na varanda, oculto entre as colunas, seu pai observava em silêncio.
E pela primeira vez, temeu o que o filho poderia se tornar.
Após o incidente no jardim, não havia mais como negar: Galen era diferente. E perigoso.
Seu pai, mesmo tendo presenciado o raio com os próprios olhos, recusava-se a confiar apenas no acaso. No dia seguinte, mensageiros foram enviados para contratar os melhores instrutores de mana de Barityh, e entre eles, um Avaliador — uma figura especializada em medir potencial latente, usada geralmente para candidatos às ordens mágicas do reino.
Quando o Avaliador chegou, não encontrou uma criança selvagem ou descontrolada, mas um menino de olhar agudo, que mesmo com apenas três anos já carregava no rosto a sombra do orgulho.
Os testes começaram dias depois. Galen foi submetido a pequenos desafios, alguns físicos, outros mentais. Era claro que o garoto ainda não entendia por completo o que estava fazendo, mas sua resistência e raciocínio rápido já começavam a se destacar.
Por fim, veio a prova que o Avaliador usava para delimitar os limites físicos de crianças sem treino: erguer uma pedra de 25 quilos.
— Isso é só para ver até onde ele aguenta — disse o homem, lançando um olhar para os pais, que observavam de longe, ocultos entre as cortinas da sacada.
Galen aproximou-se da pedra com determinação nos olhos. Tentou erguê-la com ambas as mãos, e fracassou. De novo. E mais uma vez. Seus braços tremiam, seu rosto se contorcia de esforço.
Mas ele não desistiu.
Cada tentativa parecia mais intensa que a anterior, como se sua vontade estivesse sendo forjada ali, naquele exato momento. O suor escorria, as pernas vacilavam — e então, algo mudou.
Uma centelha explodiu dentro de seu corpo.
Não era mana.
Era diferente — mais denso, mais quente, mais bruto. Era aura.
Com um grito abafado, Galen firmou os pés no chão, segurou a pedra com uma mão só, e a levantou como se tivesse se tornado leve como um pedaço de madeira.
Por um breve instante, ele sentiu o corpo leve, os músculos pulsando com uma energia que não vinha do lado de fora, mas de dentro. Era como se os limites de seu corpo tivessem sido estilhaçados.
Os olhos do Avaliador se arregalaram.
— ...Ele já despertou a aura. Sem meditação. Sem condução. Apenas por esforço puro.
Os murmúrios se espalharam entre os instrutores. O pai de Galen, que até então mantinha uma postura rígida, finalmente apertou os punhos. E sua mãe, do alto da sacada, sorriu com orgulho silencioso.
Galen, ainda ofegante, olhou para a pedra e depois para a própria mão.
Sem entender, mas com uma certeza no peito: ele era diferente.
Naquele dia, não foi apenas uma fonte que se partiu.
Foi o silêncio do destino, rompido pelo grito de uma criança.
Foi a barreira entre o comum e o extraordinário, despedaçada por uma faísca de vontade.
Foi o nascimento de uma lenda que ainda nem sabia o próprio nome completo.
Enquanto o sol se punha sobre os jardins estilhaçados, Galen olhava para a palma da mão com curiosidade — sem medo, sem culpa. Apenas a certeza silenciosa de que algo dentro dele havia mudado para sempre.
E entre sussurros de sacerdotes, olhares calculistas de nobres e promessas que ainda não haviam sido feitas, o mundo começou a girar em torno de um garoto que, em breve, aprenderia a desafiar até os céus.
O herdeiro da luz e da ruína havia despertado.
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Atualizado até capítulo 20
Comments
Silva Writer
Já iniciou com o pé na porta! Muito bacana a mitologia do universo e já deu pra notar que o Galen é bem poderoso. Curioso pra ver o desenvolvimento dele. Parabéns pela publicação! 💙
2025-05-27
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