O despertar do Orgulho

Galen tinha acabado de completar quatro anos quando o incidente no jardim dos aposentos reais deixou claro que ele não era uma criança comum. Seus pais, preocupados e ao mesmo tempo maravilhados, tinham contratado os melhores instrutores de mana e um avaliador renomado para medir suas capacidades.

Naquela manhã, o sol brilhava forte sobre Barityh, e o jovem Galen observava com olhos curiosos o instrutor preparar uma pedra de vinte e cinco quilos para um teste aparentemente simples: levantar o peso.

— Tente erguer esta pedra — ordenou o instrutor, com um sorriso confiante.

Galen, com o pequeno corpo tenso, agarrou a pedra. No começo, nada aconteceu. Mas à medida que a pressão aumentava, algo dentro dele despertou — uma força invisível, um poder que fazia o peso parecer leve como uma pena.

Com um esforço final, ele ergueu a pedra com um braço só, deixando o instrutor boquiaberto.

— Impressionante — murmurou o avaliador. — Você tem um poder raro, garoto. Mas lembre-se: força sem controle pode ser perigosa.

Galen olhou para a pedra, depois para sua mão, sentindo uma mistura de surpresa e orgulho.

— Eu sou diferente — pensou ele.

Galen passou os últimos dois anos imerso em treino. Sob a supervisão rigorosa dos instrutores, seu domínio sobre a mana avançava rapidamente, e ele já alcançava o patamar de adepto. Feitiços básicos já saíam de suas mãos com precisão, e o corpo — endurecido pelas artes marciais — aguentava horas de exaustão sem ceder.

O povo do território observava com esperança e admiração o jovem lorde. Angel, seu pai, e Sara, sua mãe, sentiam orgulho, mas também uma responsabilidade enorme sobre os ombros do filho. Galen ainda não carregava o orgulho que viria mais tarde, mas sua determinação já era visível em cada passo.

Num dia claro, o castelo babilônico de Barityh foi surpreendido pela chegada de um mensageiro impecavelmente vestido, escoltado por guardas reais. Sem demora, ele foi conduzido até Angel, entregando uma carta lacrada com o selo do rei.

Angel quebrou o lacre com um olhar sério e leu em voz alta:

— “Sua presença, junto de Lady Sara e do jovem Galen, é solicitada no castelo real de Barityh para a celebração do quinto aniversário do príncipe herdeiro. Sua participação é de grande importância para o reino.”

O silêncio que seguiu foi carregado de expectativa. Essa era uma oportunidade rara e valiosa, e a família sabia que o destino de Galen poderia começar a tomar um novo rumo a partir daquele convite.

Nos dias que antecederam a partida para o castelo real, o castelo babilônico fervilhava em atividade. Os servos trabalhavam intensamente para preparar roupas e armaduras impecáveis para Angel, Sara e o jovem Galen. Galen, embora ainda criança, foi envolvido em reuniões e apresentações sobre o protocolo da corte, enquanto seus instrutores reforçavam seu treino físico e mental, preparando-o para os desafios que viriam.

No primeiro dia da viagem, a caravana deixou as muralhas do castelo ao amanhecer, seguindo por estradas que cruzavam campos dourados e pequenas aldeias adormecidas sob o céu azul. O caminho era tranquilo, e os dias foram aproveitados para descanso, conversas e pequenos treinamentos.

No segundo dia de viagem, o sol brilhava suavemente entre as copas das árvores enquanto a caravana avançava por uma estrada de terra que serpenteava entre colinas e florestas densas. O ar era fresco, impregnado com o cheiro da terra úmida e do pinhal próximo. Passarinhos cantavam em sinfonia, e o murmúrio distante de um riacho se misturava com o som dos cascos dos cavalos.

De repente, o silêncio foi quebrado por um rugido gutural e o barulho de passos pesados. Dois orcs selvagens surgiram entre as árvores, olhos vermelhos brilhando com fúria, empunhando machados enferrujados.

A escolta real não hesitou. Com movimentos coordenados e precisos, os cavaleiros enfrentaram os invasores. Em poucos minutos, o combate terminou — os orcs caíram, e não houve baixas entre os guardas.

Galen, observando atento, sentiu um misto de excitação e determinação. Ainda jovem, mas curioso e ávido por aprender, estava ansioso pelo que viria a seguir.

Mais tarde naquele dia, ao chegarem a uma vila rústica, a comitiva enviou alguns cavaleiros ao ferreiro local para reparar suas armas e armaduras. Galen, curioso, insistiu em acompanhá-los.

O ferreiro, um homem robusto de mãos calejadas e olhar desconfiado, encarou o jovem lorde com certo desdém. “Você, um nobre? Melhor deixar essas coisas para os profissionais.”

Mas Galen não se deixou intimidar. “Quero aprender. Posso absorver os ensinamentos rapidamente.”

Relutante, o ferreiro decidiu dar uma chance. Mostrou a Galen técnicas básicas — o modo certo de aquecer o metal na forja, os golpes precisos com o martelo, e a importância da paciência na arte da forja.

Para surpresa do mestre, Galen aprendeu rápido, fazendo perguntas precisas e entendendo nuances que nem mesmo alguns aprendizes antigos compreendiam.

Na manhã seguinte, após um breve descanso, a caravana se preparou para partir. Mal sabiam eles que, assim que deixaram a vila para trás, um grupo de orcs aproveitou a ausência dos guardas para atacar, trazendo fogo e caos às casas e aos moradores.

Sem saber desse destino sombrio, Galen e sua família seguiram seu caminho, ansiosos pelo encontro no castelo real.

Depois de cinco dias de viagem, a caravana finalmente avistou ao longe as torres imponentes do castelo real de Barityh. Situado no topo de uma colina, o castelo parecia tocar o céu, suas muralhas douradas reluzindo sob a luz do sol poente. Estendia-se abaixo dele uma cidade vibrante, onde as bandeiras reais tremulavam orgulhosas e o burburinho de preparativos ecoava pelas ruas.

À medida que se aproximavam, os guardas da entrada principal abriram os portões com solenidade, saudando Angel, Sara e Galen com reverência. O caminho para o salão principal era adornado com tapetes vermelhos e flores frescas, anunciando a importância do evento.

Dentro do castelo, o ar estava carregado de expectativa e sutil competição. Nobres de diversos territórios e famílias haviam chegado para celebrar o quinto aniversário do príncipe herdeiro, trazendo consigo seus filhos e protegidos.

Galen observava cada rosto, cada gesto, atento às alianças e tensões que permeavam aquele ambiente. Entre os convidados, estavam jovens nobres de linhagens poderosas, alguns exibindo olhares desdenhosos ao notar o jovem lorde de Barityh.

Angel e Sara cumprimentaram os anfitriões com formalidade, enquanto Galen sentia o peso do olhar de todos sobre si. Naquele momento, ele sabia que estava em um novo palco — um lugar onde seu valor seria testado não apenas por seus poderes, mas também por sua vontade e orgulho.

A celebração estava prestes a começar, e o destino de Galen começava a se desenhar sob os olhos atentos da corte real.

O salão principal estava repleto de luzes douradas e vozes animadas, enquanto nobres e convidados se misturavam entre taças e conversas. No centro da festa, o príncipe herdeiro de Barityh fazia sua entrada triunfal. Alto, de porte imponente e expressão altiva, ele parecia o próprio sol da corte, irradiando uma arrogância quase palpável.

Ao avistar Galen, o príncipe ergueu uma sobrancelha com desprezo e murmurou para seus acompanhantes:

— Olhem só, um jovem lorde qualquer do meio da nobreza. Que ameaça poderia ele ser? Não quero que essa festa se transforme num desfile de futuros perdedores.

Galen, sentindo os olhares se voltarem para ele, manteve a postura firme, os olhos fixos no príncipe.

O príncipe aproximou-se com passos largos, sua voz cortante:

— Dizem que aqui está a criança da profecia, não é? Aquela que pode mudar o destino do reino. Mas... e se essa profecia não passar de conversa fiada? E se o poder que dizem possuir for apenas imaginação?

A multidão silenciou, esperando pela reação do jovem lorde.

Galen, com o orgulho aceso e sem hesitar, respondeu:

— Prefiro que duvidem do meu poder do que que subestimem minha determinação. Não é uma questão de nascer com destino, mas de forjar meu próprio caminho.

O príncipe riu, um som cheio de escárnio.

— Palavras ousadas para alguém que ainda não provou nada. Lembre-se, menino, no fim, o trono pertence aos mais fortes — e eu não pretendo perder para ninguém.

Com um gesto, o príncipe afastou-se, deixando no ar um desafio explícito. Galen sentiu a tensão crescer dentro de si, uma mistura de fúria e determinação, mas também uma semente de orgulho que começava a germinar.

Naquele momento, no brilho do salão e sob os olhos atentos de todos, uma rivalidade que poderia mudar os rumos do reino começava a tomar forma.

Ainda reverberavam no salão as palavras do príncipe quando um jovem herdeiro, alto e com expressão arrogante, se aproximou de Galen. Ele era Tage, filho do visconde local, conhecido por sua língua afiada e orgulho exagerado.

Com um sorriso cruel, Tage jogou um pouco de vinho na roupa de Galen, que estava ao seu lado.

— Olha só, o “grande” herdeiro não sabe nem se proteger da sujeira — zombou Tage, puxando um lenço e se preparando para um desafio. — Já que está molhado, que tal um duelo? Quero ver se você é tudo isso que dizem.

As risadas ecoaram pelo salão, e os nobres ali presentes começaram a se aglomerar ao redor, curiosos para ver o confronto.

Galen, indiferente à provocação, limpou a roupa com um gesto tranquilo, e respondeu com firmeza:

— Vou aceitar seu desafio, Tage. Mas só vou usar meus punhos.

O murmurinho se espalhou, pois Tage empunhava uma espada, e apostar na força bruta contra a lâmina parecia loucura.

O duelo começou. Tage investiu com golpes rápidos e cortantes, mas Galen se esquivava com uma graça e precisão surpreendentes. Cada ataque falhado deixava Tage mais frustrado e Galen mais confiante.

Com um sorriso que crescia a cada movimento, Galen contra-atacava com golpes precisos, derrubando Tage sem esforço. A cada impacto, o jovem lorde ria, o som ecoando pelo salão:

— Você é fraco demais para um nobre! — zombava Galen, dando um passo para trás enquanto Tage tentava se recompor no chão.

Com a vitória clara, Galen se ergueu, rindo alto e olhando para os nobres ao redor:

— Isso é tudo o que os nobres mais altos são capazes de fazer? — disse, com um brilho desafiador nos olhos. — Talvez seja melhor que eu tenha o título de rei.

O silêncio tomou conta do salão, quebrado apenas pelos cochichos chocados e pelo olhar furioso de Tage, que ainda se levantava lentamente.

Naquele instante, o orgulho de Galen começava a se forjar na chama do desafio, e sua reputação ganhava um novo capítulo — um capítulo que não passaria despercebido.

Após a vitória sobre Tage, um burburinho tomou conta do salão. Vários jovens nobres, famosos por suas habilidades de combate, aproximaram-se, desafiando Galen na tentativa de provar seu próprio valor — ou talvez de restaurar o prestígio ferido do grupo.

Mas um a um, foram derrotados com facilidade. Galen se movia com uma agilidade e força que deixavam todos atônitos, seus golpes precisos e eficazes. E, a cada oponente que caía diante dele, um sorriso satisfeito se espalhava pelo rosto do jovem lorde.

— Fracos demais — murmurava para si mesmo, o orgulho crescendo com cada combate. — Nenhum deles está à minha altura.

Finalmente, os pais de Galen, Angel e Sara, chamaram o filho para que a família se preparasse para partir.

— Galen, lembre-se do que te ensinamos — disse Sara, com uma expressão séria. — Orgulho demais pode ser uma armadilha. Humildade também é força.

Angel acrescentou:

— O caminho para a liderança não é só força, mas sabedoria e respeito.

Galen ouviu o sermão, mas sua mente estava longe dali. Observava os jovens nobres que tinha enfrentado, seus rostos e posturas.

— Esses são meus futuros rivais — pensou ele, com um brilho de confiança inabalável. — Fracos, todos eles. Apenas eu mereço o título de rei. Não há ninguém que possa me deter.

Enquanto a família se afastava do salão real, Galen sentia dentro de si a semente do orgulho e da determinação crescerem — sinais de que sua jornada seria marcada por desafios, mas também por uma ambição que não caberia em nenhum reino.

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