2 anos haviam se passado desde a visita ao castelo real de Barityh.
A viagem de volta fora silenciosa, marcada mais pelas reflexões de Galen do que pelas paisagens que cruzaram. Desde o incidente com os nobres, uma nova chama havia se acendido em seu peito — ardente, orgulhosa, insaciável.
Nos campos de treino, Galen era uma tempestade de precisão.
Seus instrutores, antes mestres de prestígio, agora eram apenas degraus em sua escalada. Ele absorvia técnicas como se estivesse destinado a elas. Quando lutava, ria. Quando caía, levantava com fúria. Quando vencia — e ele sempre vencia — deixava claro que não se contentava com menos do que o topo.
Dentro do castelo, o ambiente também havia mudado.
Os servos já não conversavam com ele como antes. Havia admiração, sim, mas também receio. Os olhos que o observavam não sabiam se viam um herói ou um rei antes da coroa.
Numa manhã cinzenta, com nuvens preguiçosas cobrindo o céu, uma carruagem ornamentada parou diante dos portões do castelo. Dela desceu um mensageiro trajado em dourado e azul — as cores reais de Barityh.
Angel, o pai de Galen, leu a carta com o cenho franzido.
— Haverá um encontro de herdeiros — disse, a voz pesada. — Uma convocação para um ciclo de treinamento intensivo. Um programa de formação antes da academia real.
— Reunir os que disputarão o trono…? — murmurou Sara, com apreensão.
— Exatamente. Eles desejam observar o talento, moldar alianças… e medir ameaças.
Galen, sentado à sombra de uma das colunas do salão, ergueu os olhos lentamente.
— Então vão me colocar no meio de mais crianças mimadas? — disse com desdém. — Perfeito. Posso esmagar as ilusões deles antes mesmo da academia.
Angel o encarou, mas não disse nada. Apenas fechou a carta.
Dois dias depois, Galen partiu. A comitiva era menor desta vez, composta por soldados de confiança e dois servos. O destino era o Território de Vareth, uma região neutra no coração dos reinos nobres — palco escolhido para o programa de elite.
A viagem seguiu tranquila. Galen mal falava, concentrado em seus próprios pensamentos.
“Se nem os nobres reais puderam me enfrentar… que tipo de ‘rivais’ me aguardam agora?”
“Talvez... algo finalmente interessante.”
Ao chegar, foram recebidos por um grande portão de pedra com entalhes arcanos, guardado por cavaleiros em armaduras negras com detalhes púrpura. No pátio central, jovens herdeiros de todo o continente já estavam reunidos, trocando cumprimentos formais ou medindo forças com olhares disfarçados.
Mas um, em especial, chamou a atenção de Galen.
Um rapaz de cabelos escuros e curtos, com uma postura estranhamente precisa. Seus olhos eram frios, calculistas, e sua aura — embora controlada — transbordava de disciplina.
Ele não buscava atenção. Nem olhares. E talvez por isso… tivesse toda a atenção de Galen.
— Quem é aquele? — perguntou Galen a um dos servos.
— Arthur Varesth, senhor. Herdeiro de uma família do norte. Discreto, mas dizem que derrotou um mago veterano com apenas 10 anos.
Galen arqueou uma sobrancelha, com um leve sorriso.
— Interessante.
Galen então se aproximou com um sorriso, decidido a provocar um pouco.
— Você é Arthur, não é? Ouvi dizer que derrotou um mago veterano quando tinha só 10 anos. Impressionante para alguém que mal conheço.
Arthur ergueu o queixo, encarando Galen sem se intimidar.
— E você deve ser Galen. Também ouvi falar de você — respondeu com voz calma. — Parece que ambos temos reputação, mas reputação não ganha batalhas.
Galen riu, cruzando os braços.
— É verdade. Então que tal provar quem realmente merece respeito? Não com palavras, mas com ação.
Arthur sorriu de leve, um brilho competitivo no olhar.
— Aceito o desafio. Vamos ver se suas habilidades são tão grandes quanto sua arrogância.
Ambos se prepararam, atraindo os olhares curiosos dos demais jovens nobres. O duelo não seria só um teste de força, mas o início de uma rivalidade que marcaria seus destinos.
Galen e Arthur seguiram em silêncio até o campo de treinamento, um espaço amplo e isolado nos fundos do castelo de Vareth. O chão era firme, coberto por terra batida, perfeito para lutas intensas e sem restrições. Muralhas baixas cercavam a área, garantindo que poucos poderiam interferir ou assistir sem permissão.
No campo de treinamento, os jovens herdeiros se reuniram em círculo, ansiosos para assistir ao duelo entre Galen e Arthur. As tochas penduradas lançavam uma luz bruxuleante sobre o solo marcado pelas batalhas anteriores.
Arthur sacou sua espada longa, grossa e brilhante, e anunciou com voz firme:
— Sou Arthur Varesth, herdeiro do território do Norte. Venho mostrar a força da minha família.
Galen sorriu, desembainhando suas próprias palavras com orgulho.
— Eu sou Galen Angel, futuro líder do território de Barityh. Vamos ver quem realmente merece essa honra.
O duelo começou com Arthur avançando rapidamente, sua espada cortando o ar com precisão mortal. Galen, ágil, invocou lâminas de pedra que surgiram do chão como estacas afiadas, tentando impedir o avanço do adversário. Arthur saltou com maestria por cima das lâminas, preparando um golpe descendente.
No último instante, Galen conjurou uma magia de luz, disparando um brilho intenso direto nos olhos de Arthur, que vacilou, errando o ataque. Aproveitando a brecha, Galen lançou um soco poderoso na barriga de Arthur, arremessando-o para trás. Antes do impacto, Arthur cravou a espada no chão para amortecer a queda.
Galen, sem hesitar, disparou várias bolas de fogo, mas Arthur as repeliu facilmente, envolto em uma aura invisível que absorvia os golpes.
Arthur então recuperou-se com um olhar determinado e avançou de forma mais calculada, dominando o combate com ataques precisos e rápidas esquivas.
Galen começou a criar espadas com as mãos, ora feitas de pedra, ora de gelo, usando-as tanto para ataque quanto para defesa. Cada vez que uma espada se partia, ele rapidamente conjurava outra, tentando acompanhar o ritmo feroz de Arthur.
Arthur, percebendo que a luta com a espada não lhe dava a vantagem desejada contra os ataques mágicos de Galen, deu um passo atrás. Com um gesto firme, deslizou a espada para dentro da bainha.
— A espada não basta para vencer você, Galen — declarou, seus olhos brilhando com intensidade. — Agora, vou mostrar a verdadeira força da minha aura.
A aura ao redor de Arthur começou a pulsar, crescendo em intensidade e brilho. Seus movimentos ficaram mais rápidos e poderosos, como se cada passo e golpe fossem impulsionados por uma força invisível, esmagadora.
Galen, vendo isso, recuou para uma postura mais defensiva, tentando analisar e aprender os movimentos e técnicas que Arthur usava com a aura.
A batalha seguiu intensa, Arthur forçando Galen a usar uma variedade maior de magias e golpes corpo a corpo para se defender. Galen tentava imitar os movimentos de Arthur, mas a fluidez e o domínio da aura pelo adversário eram impressionantes.
Galen, concentrado, manteve-se na defensiva enquanto Arthur atacava com golpes potentes, cada movimento envolto naquela aura pulsante e letal. A cada investida, Galen tentava copiar os passos e técnicas de Arthur, focando no ritmo, na força e na forma com que ele manipulava sua aura.
Quando Arthur investiu com um chute giratório, Galen bloqueou com uma espada feita de gelo, que imediatamente se partiu ao impacto. Sem perder tempo, ele conjurou outra, agora feita de pedra, que usou para desviar um soco carregado.
A cada espada que se quebrava, Galen criava outra, tentando acompanhar a velocidade implacável de Arthur. Com um sorriso concentrado, ele lançava feitiços variados: rajadas de vento para desequilibrar, lâminas de gelo lançadas com precisão, até mesmo pequenas explosões de terra para dificultar os passos do adversário.
Arthur reagia a tudo, sua aura brilhando intensamente, neutralizando os ataques e contra-atacando com golpes de corpo a corpo que testavam os limites de Galen.
O confronto tornou-se um balé violento de espadas de gelo e pedra, magias elementares e socos potentes. Galen, mesmo na defensiva, absorvia cada detalhe, sua mente rápida buscando padrões, fraquezas e aberturas.
Por fim, Arthur lançou uma sequência de golpes velozes, forçando Galen a recuar até o limite. Um soco direto atingiu o ombro de Galen, que sentiu a força da aura pulsante no impacto, mas ainda resistiu firme.
Com um movimento ágil, Galen conjurou uma espada de pedra gigantesca, pesada e afiada. Ele a brandiu com força, tentando criar uma barreira definitiva.
Arthur desviou com um salto, desaparecendo momentaneamente em meio a uma névoa tênue, sua aura vibrando como um trovão prestes a explodir.
Quando reapareceu, Arthur lançou uma investida final, uma explosão de aura pura que empurrou Galen para trás com força. A espada de Galen quebrou-se no impacto, mas ele não caiu. Manteve-se firme, o olhar fixo e desafiador.
— Você é forte — admitiu Galen, o orgulho evidente na voz, — mas eu não vou me ajoelhar diante de ninguém.
Arthur parou, surpreso com a resistência e a determinação do jovem.
— Parece que teremos muitos encontros pela frente — disse, sorrindo levemente, enquanto estendia a mão.
Galen respondeu ao gesto, firme e altivo.
— Sem dúvidas. Este é apenas o começo.
O duelo terminou sem um vencedor claro, mas ambos sabiam que haviam encontrado um rival à altura.
Os outros jovens nobres, impressionados, aplaudiram o confronto — não por um vencedor, mas pelo respeito e poder demonstrados.
A rivalidade entre Galen e Arthur estava apenas começando.
O silêncio tomou conta do campo de treinamento quando os dois jovens herdeiros recuaram, exaustos, deixando a luta terminar em empate. Os olhares atentos dos nobres e soldados se misturavam entre surpresa e respeito.
— Impressionante — murmurou um dos instrutores. — Nunca vi Galen enfrentar um rival à altura assim.
Os pais de Galen, Angel e Sara, trocaram olhares preocupados, mas orgulhosos. Angel aproximou-se do filho, a voz firme, porém carregada de conselho:
— Galen, essa luta mostrou que ainda há muito a aprender. Arthur não é um inimigo qualquer. Você precisa se preparar para o que virá no torneio.
Galen, com o peito arfando, sorriu de canto, o orgulho evidente em seus olhos.
— Ainda não perdi — pensou ele. — Mas finalmente encontrei alguém que pode me fazer crescer.
Enquanto a comitiva se preparava para seguir viagem rumo ao local do torneio, Galen sentia uma mistura de ansiedade e excitação. A batalha com Arthur fora apenas o começo de um desafio maior — um teste que definiria seu destino e seu caminho para o trono.
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Atualizado até capítulo 20
Comments
Mưa bong bóng
Nada previsível!
2025-05-25
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