Meu Namorado e um Zumbi
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O metal frio contra a minha bochecha. É uma das poucas coisas que sinto com clareza. O resto é um borrão de fome, de sons abafados de outros como eu, e de uma estranha... espera.
Não sei o que é. Uma falta? Uma saudade?
Abro os olhos lentamente.
A luz que entra pelas janelas sujas do vagão de trem corta o ar em feixes poeirentos.
É sempre a mesma coisa. Acordar. A sensação familiar de membros pesados, de um corpo que não responde tão rápido quanto a minha…
o quê? Minha vontade? Acho que é isso.
levanto-me, o movimento lento e arrastado, como se eu estivesse-me movendo debaixo d'água.
Os outros... eles já estão se agitando. Gemidos baixos, passos arrastados. A sinfonia matinal dos não-vivos.
Caminho pelo corredor estreito do vagão, desviando de corpos inertes ou daqueles que já estão a procurar por algo. Por carne.
A necessidade lateja, um eco constante no meu... peito? É ali que costumava sentir as coisas, não é?
Chego à minha sessão. Não é muito, apenas um canto em um dos vagões de carga, mas é meu. Aqui, eu tenho as minhas coisas.
Coisas que os outros não se importam. Coisas que... me fazem sentir algo.
ajoelho-me e pego a pilha de papéis amassados e desbotados.
Notícias. Recortes de revistas antigas. Rostos sorrindo, manchetes sobre coisas que não fazem mais sentido. "Show de Talentos Local Arrecada Fundos para Abrigo de Animais." "Casal Celebra 50 Anos de Casamento."
Passo os dedos pelas fotos, tentando decifrar as emoções nos rostos.
Alegria? Amor? O que eram essas coisas? Eu sinto um vago reconhecimento, como se essas palavras estivessem adormecidas em algum lugar dentro de mim.
Guardo os recortes com cuidado. Eles são importantes.
Eles são... pedaços de algo que se foi. Algo que eu... perdi?
Olho pela janela. O mundo lá fora é uma bagunça de prédios destruídos e vegetação crescendo onde não deveria. Mas hoje... hoje sinto uma inquietação diferente.
Um chamado. A fome está lá, claro, mas há algo mais. Uma... curiosidade?
Saio do vagão, juntando-me ao fluxo lento de outros zumbis. Hoje é dia de "ir às compras".
Dia de procurar por... alimento. E talvez, só talvez, encontrar mais pedaços daquele mundo perdido
O sol da manhã é estranhamente quente contra a minha pele fria. Caminhamos em grupo, um mar de corpos cambaleantes em direção à cidade. Não há pressa.
O tempo não significa muito para nós. Apenas o instinto nos guia.
Vejo outros grupos se movendo na mesma direção.
Alguns mais rápidos, mais famintos. Consigo distingui-los de alguma forma. Talvez pelo cheiro, ou pela maneira como os seus corpos se movem. Eu... não sou exatamente como eles. Sinto coisas.
Vagas, confusas, mas sinto.
Chegamos à periferia da cidade. Prédios antes imponentes agora são esqueletos vazios. Carros enferrujados adornam as ruas como esculturas macabras.
O silêncio é quebrado apenas pelos nossos gemidos e pelo ocasional ruído do vento.
Entramos numa antiga loja de conveniência. As prateleiras estão vazias, reviradas.
Mas às vezes... às vezes encontramos algum resto. Alguma sobra.
É aqui que geralmente acontece. Encontramos os "vivos".
Os outros. Eles também vêm para cá, em busca de suprimentos. Eles têm medo. Consigo sentir isso. O cheiro deles é diferente. Mais... pulsante.
Hoje, o cheiro é mais forte numa sessão no fundo da loja. Um grupo, Jovens.
Consigo ouvir suas vozes abafadas, tensas. Eles estão procurando por algo.
Meu corpo começa a se mover por conta própria. A fome me puxa. Os outros também estão sentindo.
O ritmo dos gemidos aumenta. A marcha lenta se acelera.
Chegamos ao corredor. Eles estão ali. Três deles. Dois homens e... outro. Mais alto. Cabelos escuros. Algo nele... chama minha atenção. Não é apenas o cheiro. É... outra coisa. Uma... beleza estranha em meio ao medo.
Os outros zumbis avançam, seus braços estendidos.
O pânico toma conta dos vivos. Gritos ecoam pelo corredor.
Eu me movo também, impulsionado pela fome. Mas meus olhos estão fixos naquele garoto alto. Sung-min. Eu sei seu nome agora. De alguma forma, eu sei.
Um dos outros vivos tenta lutar, empurrando um zumbi. O outro corre para o final do corredor.
Sung-min está parado, paralisado pelo medo, seus olhos castanhos arregalados.
Chego perto dele. Minha mão se estende... Mas então, eu paro. Algo me impede. Não é a primeira vez que isso acontece. Mas desta vez é diferente. Mais forte.
Eu olho para o rosto de Sung-min. O medo estampado ali. E... algo mais? Uma vulnerabilidade?
Em vez de agarrá-lo para... para comer... eu o agarro pelo braço. E o puxo. Para longe dos outros. Para longe da confusão. Para longe da fome.
Por quê? Eu não sei. Apenas sei que preciso. Preciso protegê-lo. Preciso... dele.
O que acontece agora? 😊 Queremos continuar para o próximo capítulo ou detalhar mais esse momento?
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Atualizado até capítulo 33
Comments
corvo
que isso já começou assim ,pqp imagina o resto
2025-04-05
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