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Meu Namorado e um Zumbi

Capítulo .1

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O metal frio contra a minha bochecha. É uma das poucas coisas que sinto com clareza. O resto é um borrão de fome, de sons abafados de outros como eu, e de uma estranha... espera.

Não sei o que é. Uma falta? Uma saudade?

Abro os olhos lentamente.

A luz que entra pelas janelas sujas do vagão de trem corta o ar em feixes poeirentos.

É sempre a mesma coisa. Acordar. A sensação familiar de membros pesados, de um corpo que não responde tão rápido quanto a minha…

o quê? Minha vontade? Acho que é isso.

levanto-me, o movimento lento e arrastado, como se eu estivesse-me movendo debaixo d'água.

Os outros... eles já estão se agitando. Gemidos baixos, passos arrastados. A sinfonia matinal dos não-vivos.

Caminho pelo corredor estreito do vagão, desviando de corpos inertes ou daqueles que já estão a procurar por algo. Por carne.

A necessidade lateja, um eco constante no meu... peito? É ali que costumava sentir as coisas, não é?

Chego à minha sessão. Não é muito, apenas um canto em um dos vagões de carga, mas é meu. Aqui, eu tenho as minhas coisas.

Coisas que os outros não se importam. Coisas que... me fazem sentir algo.

ajoelho-me e pego a pilha de papéis amassados e desbotados.

Notícias. Recortes de revistas antigas. Rostos sorrindo, manchetes sobre coisas que não fazem mais sentido. "Show de Talentos Local Arrecada Fundos para Abrigo de Animais." "Casal Celebra 50 Anos de Casamento."

Passo os dedos pelas fotos, tentando decifrar as emoções nos rostos.

Alegria? Amor? O que eram essas coisas? Eu sinto um vago reconhecimento, como se essas palavras estivessem adormecidas em algum lugar dentro de mim.

Guardo os recortes com cuidado. Eles são importantes.

Eles são... pedaços de algo que se foi. Algo que eu... perdi?

Olho pela janela. O mundo lá fora é uma bagunça de prédios destruídos e vegetação crescendo onde não deveria. Mas hoje... hoje sinto uma inquietação diferente.

Um chamado. A fome está lá, claro, mas há algo mais. Uma... curiosidade?

Saio do vagão, juntando-me ao fluxo lento de outros zumbis. Hoje é dia de "ir às compras".

Dia de procurar por... alimento. E talvez, só talvez, encontrar mais pedaços daquele mundo perdido

O sol da manhã é estranhamente quente contra a minha pele fria. Caminhamos em grupo, um mar de corpos cambaleantes em direção à cidade. Não há pressa.

O tempo não significa muito para nós. Apenas o instinto nos guia.

Vejo outros grupos se movendo na mesma direção.

Alguns mais rápidos, mais famintos. Consigo distingui-los de alguma forma. Talvez pelo cheiro, ou pela maneira como os seus corpos se movem. Eu... não sou exatamente como eles. Sinto coisas.

Vagas, confusas, mas sinto.

Chegamos à periferia da cidade. Prédios antes imponentes agora são esqueletos vazios. Carros enferrujados adornam as ruas como esculturas macabras.

O silêncio é quebrado apenas pelos nossos gemidos e pelo ocasional ruído do vento.

Entramos numa antiga loja de conveniência. As prateleiras estão vazias, reviradas.

Mas às vezes... às vezes encontramos algum resto. Alguma sobra.

É aqui que geralmente acontece. Encontramos os "vivos".

Os outros. Eles também vêm para cá, em busca de suprimentos. Eles têm medo. Consigo sentir isso. O cheiro deles é diferente. Mais... pulsante.

Hoje, o cheiro é mais forte numa sessão no fundo da loja. Um grupo, Jovens.

Consigo ouvir suas vozes abafadas, tensas. Eles estão procurando por algo.

Meu corpo começa a se mover por conta própria. A fome me puxa. Os outros também estão sentindo.

O ritmo dos gemidos aumenta. A marcha lenta se acelera.

Chegamos ao corredor. Eles estão ali. Três deles. Dois homens e... outro. Mais alto. Cabelos escuros. Algo nele... chama minha atenção. Não é apenas o cheiro. É... outra coisa. Uma... beleza estranha em meio ao medo.

Os outros zumbis avançam, seus braços estendidos.

O pânico toma conta dos vivos. Gritos ecoam pelo corredor.

Eu me movo também, impulsionado pela fome. Mas meus olhos estão fixos naquele garoto alto. Sung-min. Eu sei seu nome agora. De alguma forma, eu sei.

Um dos outros vivos tenta lutar, empurrando um zumbi. O outro corre para o final do corredor.

Sung-min está parado, paralisado pelo medo, seus olhos castanhos arregalados.

Chego perto dele. Minha mão se estende... Mas então, eu paro. Algo me impede. Não é a primeira vez que isso acontece. Mas desta vez é diferente. Mais forte.

Eu olho para o rosto de Sung-min. O medo estampado ali. E... algo mais? Uma vulnerabilidade?

Em vez de agarrá-lo para... para comer... eu o agarro pelo braço. E o puxo. Para longe dos outros. Para longe da confusão. Para longe da fome.

Por quê? Eu não sei. Apenas sei que preciso. Preciso protegê-lo. Preciso... dele.

O que acontece agora? 😊 Queremos continuar para o próximo capítulo ou detalhar mais esse momento?

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capítulo.2

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O mundo virou de cabeça para baixo. Um minuto eu estava a correr por um corredor escuro, o coração na garganta, e no seguinte, eu estava a ser arrastado por... um zumbi?

O medo era tão intenso que chegava a ser paralisante. Os meus pés se arrastavam pelo chão enquanto a criatura, que de alguma forma eu sabia que se chamava Ji-hoon, puxava-me com uma força surpreendente.

Olhei para trás, vendo os meus amigos desaparecerem na horda de mortos-vivos. A culpa atingiu-me como um soco. Eu deveria ter ficado. Deveríamos ter lutado juntos.

Mas agora eu estava aqui, sendo levado para um lugar desconhecido por um monstro que deveria estar tentando-me devorar.

Olhei para Ji-hoon. O seu rosto era inexpressivo, os olhos opacos. Não havia nenhum sinal de inteligência ali, apenas o vazio da não vida. Então porque ele me salvou? Por que ele não me atacou como os outros?

Fomos para fora da loja, o sol da manhã lançando sombras longas e distorcidas. Ele arrastou-me por ruas desertas, passando por carros abandonados e prédios em ruínas.

Eu tentava-me soltar, mas sua pegada era firme, inexplicavelmente forte para um corpo em decomposição.

Finalmente, chegamos a uma estação de trem abandonada. Os vagões enferrujados e cobertos de musgo pareciam fantasmas de uma era passada.

Ji-hoon puxou-me para dentro de um dos vagões de carga. O interior era escuro e empoeirado, com um cheiro rançoso e úmido.

Outros zumbis estavam ali, alguns inertes, outros se movendo lentamente.

Ji-hoon soltou-me, e eu cambaleei para trás, batendo contra a parede fria do vagão.

O meu corpo tremia incontrolavelmente.

Olhei ao redor, procurando uma saída, mas não havia nenhuma. As portas estavam fechadas e as janelas eram pequenas e sujas, a maioria quebrada.

Encarei Ji-hoon. Ele estava parado, me observando. Não havia hostilidade nos seus olhos, apenas... vazio.

Mas havia algo mais também? Uma estranha curiosidade?

Eu precisava entender. Precisava saber por que eu estava vivo.

"Por quê?" A voz saiu rouca e fraca. "Por que você fez isso?"

Ji-hoon apenas inclinou a cabeça ligeiramente para o lado, emitindo um grunhido baixo e ininteligível.

A frustração começou a se misturar ao meu medo. Era inútil. Ele não me entendia. Ele era apenas um monstro.

Então, os meus olhos percorreram o vagão e pararam num canto. Ali, em meio à poeira e à desordem, havia uma pilha de recortes de revistas e jornais antigos. Era a mesma coisa que eu vi na loja, nas mãos de alguns dos zumbis "pensativos".

Ji-hoon seguiu o meu olhar. Ele aproximou-se da pilha e pegou um dos recortes, passando os dedos desajeitadamente pela foto desbotada de um casal sorrindo. Havia uma estranha delicadeza nos seus movimentos.

Talvez ..., talvez houvesse mais nele do que eu imaginava.

Passei o que pareceu hora encolhido no canto do vagão, observando Ji-hoon. Ele se movia lentamente, pegando os recortes de notícias, olhando para as fotos como se tentasse decifrar um código esquecido. Às vezes, ele murmurava sons baixos, quase como se estivesse a tentar falar.

A fome começou a apertar. O meu estômago roncava ruidosamente no silêncio do vagão. Olhei para Ji-hoon. Ele não parecia faminto. Ele não olhava-me daquela maneira predatória que os outros zumbis tinham.

Cautelosamente, levantei-me e movi-me para o lado oposto do vagão, mantendo uma distância segura. Precisava encontrar água, qualquer coisa.

Enquanto procurava, os meus olhos pousaram numa pequena fresta na parede do vagão. Espiei por ela e observei o mundo lá fora. Desolado, mas ainda lá. A esperança, por menor que fosse, reacendeu no meu peito. Eu precisava escapar.

Voltei o meu olhar para Ji-hoon. Ele estava sentado no chão, olhando para um recorte de jornal com uma foto de um cachorro. Havia uma expressão... quase de tristeza no seu rosto inexpressivo? Impossível.

Ele era um zumbi.

Mas a imagem ficou gravada na minha mente. A maneira como ele segurava o papel, a quietude nos seus movimentos. Não parecia a mesma ânsia faminta dos outros.

Tentei falar com ele novamente, desta vez mais devagar e com gestos. Apontei para minha boca e fiz um som de beber. Ji-hoon observou-me, confuso. Ele então apontou para si mesmo e grunhiu.

Era frustrante. Não conseguíamos nos entender. Mas havia algo ali, uma centelha de... o quê?

Naquela noite, o frio apertou. Encolhi-me no meu canto, tremendo. Ji-hoon se levantou e, para minha surpresa, pegou um cobertor empoeirado que estava jogado num canto e o jogou na minha direção.

Fiquei a olhar para o cobertor por um momento, incrédulo. Um zumbi... estava-me oferecendo um cobertor?

Lentamente, peguei o cobertor e cobri-me. O tecido era áspero e cheirava a mofo, mas era quente. Olhei para Ji-hoon. Ele estava sentado novamente, olhando para suas notícias.

Naquela noite, pela primeira vez desde que fui levado para aquele lugar, senti um pouco menos de medo. Ainda estava preso, ainda estava com um zumbi, mas talvez ..., talvez esse zumbi fosse diferente. Talvez houvesse uma razão para eu estar ali.

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capítulo.3

Os dias no vagão de trem transformaram-se numa rotina estranha. Acordar com o sol entrando pelas frestas, observar Ji-hoon e os seus recortes, a fome constante, e a silenciosa tensão entre nós. Mas o medo inicial estava a começar a dar lugar a uma cautelosa observação.

Percebi que Ji-hoon tinha seus próprios padrões. Ele acordava, olhava suas notícias, às vezes caminhava pelo vagão, e à noite voltava para o seu canto. Ele nunca tentou me machucar. Na verdade, ele parecia... evitar o contato físico, a não ser quando me arrastou para cá.

Comecei a tentar-me comunicar mais ativamente. Apontava para objetos, repetia palavras simples como "água" e "comida", esperando alguma reação. Na maioria das vezes, ji-hoon apenas me observava com os seus olhos opacos. Mas às vezes, havia um leve inclinar de cabeça, um grunhido que parecia quase uma resposta.

Um dia, encontrei uma garrafa de água quase vazia numa mochila abandonada. Bebi avidamente e depois ofereci a garrafa para Ji-hoon. Ele olhou para a garrafa com confusão, depois para mim, e então apontou para outro zumbi inerte no canto. Era como se ele não entendesse o conceito de beber água.

Tentei mostrar-lhe, levando a garrafa à minha boca e bebendo um pouco. Ele observou atentamente e, depois de um momento, pegou a garrafa e a cheirou. Ele não bebeu, mas pareceu entender a minha intenção.

Outra vez, encontrei uma barra de cereal velha e ressecada. Ofereci-lhe, e ele pegou-a, olhando-lhe com a mesma confusão da água.

Ele até tentou cheirar, mas depois a deixou cair no chão. Parecia que a sua dieta era bem mais... específica.

Apesar da falta de comunicação verbal real, comecei a notar pequenas coisas. Se eu tossia, ji-hoon olhava-me com uma expressão que parecia preocupação.

Se eu estava a tremer de frio, ele se aproximava e ficava parado perto de mim, como se a sua presença pudesse-me aquecer de alguma forma.

Esses pequenos gestos, essas reações surtis, começaram a plantar uma semente de dúvida na minha mente. Ele era realmente apenas um monstro? Ou havia algo mais ali?

Um dia, encontrei um dos meus recortes de notícias caído no chão. Era uma foto de um grupo de amigos rindo juntos. Peguei o papel e o observei, sentindo uma pontada de saudade dos meus próprios amigos.

Ji-hoon, que estava por perto olhando a sua própria coleção, pareceu notar o meu interesse. Ele aproximou-se lentamente e olhou para a foto na minha mão. Os seus olhos opacos fixaram-se nos rostos sorridentes.

Por um momento, ficamos ali, lado a lado, olhando para aquela imagem de um mundo que não existia mais. Então, Ji-hoon estendeu a mão lentamente e tocou a foto com a ponta do dedo. Foi um toque leve, quase hesitante.

Depois, ele olhou para mim. Não havia palavras em seus olhos, mas havia algo ali. Uma... compreensão? Uma melancolia compartilhada?

No impulso, virei o recorte e mostrei-lhe. "Amigos," eu disse, apontando para as pessoas na foto. " os meus amigos."

Ji-hoon olhou para mim, depois para a foto, e então murmurou um som baixo, quase como se estivesse tentando repetir a palavra. Não saiu nada parecido, mas a intenção estava ali.

Naquele instante, senti uma conexão estranha com aquele zumbi. Ele não era apenas uma criatura faminta. Havia algo mais por trás daqueles olhos sem vida.

Mais tarde naquele dia, encontrei uma revista antiga com uma foto de um carro esportivo brilhante. Eu estava apenas olhando para a imagem, pensando em como seria dirigir um daqueles, quando Ji-hoon se aproximou novamente.

Ele olhou para a revista e, para minha surpresa, apontou para o carro e emitiu um som que soava quase como um assobio baixo.

Era como se ele estivesse se lembrando de algo. Algo da sua vida antes.

Naquela noite, enquanto eu tentava dormir, encolhido sob o cobertor, senti um peso extra perto dos meus pés. Abri os olhos e vi que Ji-hoon havia se deitado no chão, perto de mim.

Ele não estava me tocando, mas sua presença era... reconfortante? Estranhamente, sim.

Olhei para ele na escuridão. A sua silhueta pálida era visível sob a luz fraca da lua que entrava pelas frestas do vagão. Ele parecia... solitário.

Pela primeira vez, não senti apenas medo ao olhar para Ji-hoon. Senti uma ponta de... pena? E talvez, algo mais. Uma curiosidade crescente sobre o que se escondia por trás daquela fachada de zumbi.

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