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Os dias se arrastavam no vagão, marcados pela luz que mudava nas frestas e pelo barulho distante do mundo lá fora. A minha rotina era observar Ji-hoon e tentar decifrar os seus estranhos comportamentos. Ele continuava com a sua coleção de recortes, às vezes olhando para eles por horas, com uma expressão indecifrável.
Percebi que ele tinha um certo cuidado com os recortes. Ele manuseava-os com delicadeza, como se fossem objetos preciosos. Um dia, um dos recortes caiu da sua mão sendo levado por uma corrente de ar para perto da porta do vagão.
Ji-hoon ficou visivelmente agitado, emitindo grunhidos mais altos que o normal e caminhando rapidamente (para os padrões de um zumbi) para pegar o papel antes que ele saísse do vagão.
Aquele pequeno incidente me mostrou o quanto aquelas lembranças eram importantes para ele. Mas o que elas significavam? O que ele lembrava?
A minha própria situação era precária. A comida que encontrei estava acabando, e a sede era constante. Tentei mais uma vez comunicar as minhas necessidades a Ji-hoon. Apontei para minha boca, depois para a garrafa vazia, e fiz um som de sede.
Ji-hoon olhou-me, e pela primeira vez, pareceu haver um lampejo de compreensão nos seus olhos. Ele levantou-se e caminhou até a porta do vagão. Tentou abri-la, mas estava trancada. Ele então começou a golpear a porta com os punhos cerrados, emitindo grunhidos frustrados.
Era claro que ele entendia o que eu queria, mas não sabia como me ajudar. Aquele momento me surpreendeu. Um zumbi tentando me ajudar?
Naquela noite, a temperatura caiu drasticamente. Eu tremia sob o cobertor fino.
Ji-hoon, como nas noites anteriores, se deitou perto de mim. Mas desta vez, ele aproximou-se um pouco mais, ficando a uma distância bem menor do que antes.
Hesitei por um momento, com medo da sua proximidade. Mas ele apenas ficou ali, imóvel, como se a sua presença fosse uma forma de oferecer-me calor. Lentamente, relaxei um pouco, sentindo o calor estranho que emanava do seu corpo frio.
Naquela noite, tive um sonho estranho. Sonhei com um rosto vago, sorrindo para mim. Não conseguia identificar quem era, mas a sensação era de calor e felicidade. Acordei com uma sensação estranha, como se uma memória distante tivesse sido brevemente desperta.
No dia seguinte, o barulho de outros zumbis do lado de fora do vagão ficou mais intenso. Eles pareciam agitados, talvez atraídos por algum som distante. Ji-hoon ficou mais alerta, caminhando de um lado para o outro perto das portas.
De repente, a porta do vagão começou a tremer violentamente. Os zumbis lá fora estavam a tentar entrar. O medo invadiu-me novamente. Se eles conseguissem entrar, eu estaria perdido.
Ji-hoon se colocou na frente da porta, seus braços estendidos, como se tentasse bloquear a entrada. Ele emitia grunhidos ferozes para os zumbis do lado de fora, uma postura protetora que me surpreendeu.
A porta continuou a tremer, e por um momento, temi que ela não resistisse. Ji-hoon lutava contra a porta, a sua força surpreendente mantendo-a fechada.
Um dos zumbis lá fora conseguiu enfiar a mão por uma fresta na porta, tentando agarrar algo. Instintivamente, encolhi-me para trás, com medo de ser alcançado.
No mesmo instante, ji-hoon agarrou a mão que entrava pela fresta e a puxou com força, emitindo um grito gutural. Houve um som de estalo, e a mão desapareceu. Os grunhidos do lado de fora ficaram ainda mais furiosos.
Ji-hoon permaneceu ali, bloqueando a porta, seu corpo tenso. Ele olhou-me por cima do ombro, e pela primeira vez, os seus olhos pareceram focados, quase... determinados. Havia uma intensidade ali que eu nunca vi antes.
Fiquei ali, observando-o, o meu medo gradualmente se transformando numa estranha sensação de segurança. Aquele zumbi, que deveria ser uma ameaça, estava-me protegendo.
Depois de um tempo, a agitação do lado de fora diminuiu, e os zumbis afastaram-se. Ji-hoon relaxou um pouco, mas permaneceu perto da porta por um longo tempo, como se ainda estivesse em guarda.
Naquela noite, enquanto eu tentava dormir, o som dos zumbis ainda ecoava na minha mente. Olhei para Ji-hoon, que estava deitado no seu canto. Pela primeira vez, não o vi como um monstro. Vi algo mais. Alguém que, de alguma forma inexplicável, estava a cuidar de mim.
E enquanto o sono envolvia-me, uma pergunta persistia na minha mente: porquê? Por que ele estava a fazer isso? O que havia de tão especial em mim?
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Atualizado até capítulo 33
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