capítulo.2

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O mundo virou de cabeça para baixo. Um minuto eu estava a correr por um corredor escuro, o coração na garganta, e no seguinte, eu estava a ser arrastado por... um zumbi?

O medo era tão intenso que chegava a ser paralisante. Os meus pés se arrastavam pelo chão enquanto a criatura, que de alguma forma eu sabia que se chamava Ji-hoon, puxava-me com uma força surpreendente.

Olhei para trás, vendo os meus amigos desaparecerem na horda de mortos-vivos. A culpa atingiu-me como um soco. Eu deveria ter ficado. Deveríamos ter lutado juntos.

Mas agora eu estava aqui, sendo levado para um lugar desconhecido por um monstro que deveria estar tentando-me devorar.

Olhei para Ji-hoon. O seu rosto era inexpressivo, os olhos opacos. Não havia nenhum sinal de inteligência ali, apenas o vazio da não vida. Então porque ele me salvou? Por que ele não me atacou como os outros?

Fomos para fora da loja, o sol da manhã lançando sombras longas e distorcidas. Ele arrastou-me por ruas desertas, passando por carros abandonados e prédios em ruínas.

Eu tentava-me soltar, mas sua pegada era firme, inexplicavelmente forte para um corpo em decomposição.

Finalmente, chegamos a uma estação de trem abandonada. Os vagões enferrujados e cobertos de musgo pareciam fantasmas de uma era passada.

Ji-hoon puxou-me para dentro de um dos vagões de carga. O interior era escuro e empoeirado, com um cheiro rançoso e úmido.

Outros zumbis estavam ali, alguns inertes, outros se movendo lentamente.

Ji-hoon soltou-me, e eu cambaleei para trás, batendo contra a parede fria do vagão.

O meu corpo tremia incontrolavelmente.

Olhei ao redor, procurando uma saída, mas não havia nenhuma. As portas estavam fechadas e as janelas eram pequenas e sujas, a maioria quebrada.

Encarei Ji-hoon. Ele estava parado, me observando. Não havia hostilidade nos seus olhos, apenas... vazio.

Mas havia algo mais também? Uma estranha curiosidade?

Eu precisava entender. Precisava saber por que eu estava vivo.

"Por quê?" A voz saiu rouca e fraca. "Por que você fez isso?"

Ji-hoon apenas inclinou a cabeça ligeiramente para o lado, emitindo um grunhido baixo e ininteligível.

A frustração começou a se misturar ao meu medo. Era inútil. Ele não me entendia. Ele era apenas um monstro.

Então, os meus olhos percorreram o vagão e pararam num canto. Ali, em meio à poeira e à desordem, havia uma pilha de recortes de revistas e jornais antigos. Era a mesma coisa que eu vi na loja, nas mãos de alguns dos zumbis "pensativos".

Ji-hoon seguiu o meu olhar. Ele aproximou-se da pilha e pegou um dos recortes, passando os dedos desajeitadamente pela foto desbotada de um casal sorrindo. Havia uma estranha delicadeza nos seus movimentos.

Talvez ..., talvez houvesse mais nele do que eu imaginava.

Passei o que pareceu hora encolhido no canto do vagão, observando Ji-hoon. Ele se movia lentamente, pegando os recortes de notícias, olhando para as fotos como se tentasse decifrar um código esquecido. Às vezes, ele murmurava sons baixos, quase como se estivesse a tentar falar.

A fome começou a apertar. O meu estômago roncava ruidosamente no silêncio do vagão. Olhei para Ji-hoon. Ele não parecia faminto. Ele não olhava-me daquela maneira predatória que os outros zumbis tinham.

Cautelosamente, levantei-me e movi-me para o lado oposto do vagão, mantendo uma distância segura. Precisava encontrar água, qualquer coisa.

Enquanto procurava, os meus olhos pousaram numa pequena fresta na parede do vagão. Espiei por ela e observei o mundo lá fora. Desolado, mas ainda lá. A esperança, por menor que fosse, reacendeu no meu peito. Eu precisava escapar.

Voltei o meu olhar para Ji-hoon. Ele estava sentado no chão, olhando para um recorte de jornal com uma foto de um cachorro. Havia uma expressão... quase de tristeza no seu rosto inexpressivo? Impossível.

Ele era um zumbi.

Mas a imagem ficou gravada na minha mente. A maneira como ele segurava o papel, a quietude nos seus movimentos. Não parecia a mesma ânsia faminta dos outros.

Tentei falar com ele novamente, desta vez mais devagar e com gestos. Apontei para minha boca e fiz um som de beber. Ji-hoon observou-me, confuso. Ele então apontou para si mesmo e grunhiu.

Era frustrante. Não conseguíamos nos entender. Mas havia algo ali, uma centelha de... o quê?

Naquela noite, o frio apertou. Encolhi-me no meu canto, tremendo. Ji-hoon se levantou e, para minha surpresa, pegou um cobertor empoeirado que estava jogado num canto e o jogou na minha direção.

Fiquei a olhar para o cobertor por um momento, incrédulo. Um zumbi... estava-me oferecendo um cobertor?

Lentamente, peguei o cobertor e cobri-me. O tecido era áspero e cheirava a mofo, mas era quente. Olhei para Ji-hoon. Ele estava sentado novamente, olhando para suas notícias.

Naquela noite, pela primeira vez desde que fui levado para aquele lugar, senti um pouco menos de medo. Ainda estava preso, ainda estava com um zumbi, mas talvez ..., talvez esse zumbi fosse diferente. Talvez houvesse uma razão para eu estar ali.

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