Capítulo 7

Seguiam em linha indiana pelo corredor, a Velha liderava o grupo de mulheres e Sasha pensava em Cibele. A frente Nina chorava e lamentava a perda da amiga, sentia-se responsável por levá-la à festa do suposto namorado. O túnel se fechava ao redor como se feito sob tamanho e as lágrimas se acumularam ao se recordar da vista do seu apartamento.

Nada há que não os pensamentos e as memórias quando se está trancado numa toca de toupeiras. E a música se repetindo no fundo da mente, uma letra peculiar, gostava de ouvir quando se sentava na sacada e bebia vinho, enumerando os motivos pelos quais gostava tanto de ver a cidade a noite, sozinha na varanda e colocava os pensamentos no lugar. As perguntas certas trariam as melhores soluções.

E o riso de Amelia... Como sentia falta dela.

— Vocês ficarão aqui. Nós chamamos esse lugar de O Quarto da Noiva.

Um amplo salão circular com dez alcovas, cada uma continha uma cama de casal e um gaveteiro ao lado. Sobre o móvel havia uma jarra de água, um copo de alumínio e um vaso com lírios-brancos. Todas mantinham lençóis brancos, exceto por quatro cubículos que mantinham colchas com as cores dos colares: verde-jade, azul-safira, roxo-ametista e vermelho-rubi.

Cibele estava sentada sobre a cama vermelha, as mãos inquietas apertavam e embolavam a colcha acetinada. Nina correu de encontro a amiga e se abraçaram. Sasha se aproximou.

— O que fizeram com você, Belinha? Por favor, fale comigo — pedia Nina.

Cibele não falava, soluçava, cabisbaixa. Sasha avançou até o gaveteiro e após encher o copo com água, retornou e entregou para a moça. Cibele segurou o copo, enxugou as lágrimas e agradeceu.

— São lobisomens — Cibele disse e levou o copo à boca. — Nunca pensei que diria algo como isso. Acho que teríamos mais sorte se fossem sequestradores humanos querendo um pouco de dinheiro.

As outras mulheres se aglomeraram ao redor para ouvi-la.

— Arthur estava com eles, Belinha? — perguntou Nina.

Sasha observou Nina, cismada. Havia alguns hematomas no corpo nu e magro de Cibele, um leve arranhão entre os seios firmes, e tantos outros espalhados nos braços e pernas, sacolejava, pálida, recostada na cabeceira da cama, como se estivesse a ponto de desmaiar. E Nina parecia estar mais preocupada sobre o tal Arthur do que em socorrer Cibele. Não ia com a cara da metidinha, pois desde que estavam presas na masmorra, Nina a irritava com sua mania de agir como uma garotinha fraca e mimada, pedindo o tempo todo para que Cibele encontrasse um modo de tirá-las de lá.

— Sim, Nina — respondeu Cibele. — Arthur é um deles.

— Ó meu deus — Nina levou a mão à boca e despencou na cama. — Então era tudo mentira? Arthur nunca me amou?

Cibele balançou a cabeça em negativa.

— E o que querem de nós? — perguntou Elis, assustada.

— Vocês foram meticulosamente escolhidas — disse a velha ao se aproximar em tempo de ouvi-la. — Existe a chance de alguma sortuda entre vocês ser uma Onnir.

— O que é uma Onnir? — perguntou Elis, a mais nova entre elas.

— Não se sabe ao certo como as Onnir nascem. Alguns acreditam que uma humana ao transar com um alfa, e forte o bastante para não morrer na gravidez, pode gerar uma Onnir, uma fêmea que não é humana e nem loba, e, ao mesmo tempo, ambos, capaz de gerar lobos saudáveis e autênticos.

A velha analisou de uma a uma ameaçando rir. As meninas estavam horrorizadas. Asqueroso que estivessem ali para transar a fim de gerar filhotes de monstros.

— Existe outra possibilidade, a de que a Onnir é uma espécie específica, nem humano, nem lobo e nem qualquer outra coisa, e embora ninguém possa confirmar com exatidão, acredita-se que é algo passado de mãe para filha, capaz de gerar qualquer ser em seu útero, em especial, licantropos.

— Então somos Onnir? — perguntou Sasha.

— Todas vocês devem ter apresentado alguma característica que aponte essa possibilidade, mas ninguém sabe muito sobre as Onnir. Ficaram encarceradas para se purificarem de seus costumes mundanos, tomaram as medicinas para expurgar todas as impurezas da mente e do corpo, e de todas as que estavam lá, vocês foram as que mostraram mais sinais de que são diferentes das humanas comuns. Normalmente os lobos seguem seus instintos, humanos é comida, e, portanto, todo o interesse dos lobos nos humanos se resume a um banquete. Desse modo, qualquer mulher humana que desperte o desejo sexual de um lobo com o cheiro de seus hormônios normalmente é uma forte candidata a Onnir, mas isso não é regra.

— Está nos dizendo que estamos aqui para sermos estupradas por essas bestas? — Elis levou a mão à boca, estarrecida, parecia não querer ter dito num tom tão alto de voz.

— Os machos não costumam tratar mal suas fêmeas, ao contrário, as tratam tão bem como se fossem a própria deusa da noite. Infelizmente, na maioria das raças de lobos, poucas são as fêmeas que nascem autênticas como Adruna e Lisandra. Os machos são abundantes e procriar lobos autênticos pode ser a tarefa de uma vida inteira para muitos deles, quando conseguem. Outro problema é que nem todas as fêmeas conseguem segurar seus bebês, em especial entre os Makrar.

— Makrar? — Perguntou Sasha.

— Sim, esse é um covil dos Makrar, há várias raças entre os lobos, e os Makrar é uma delas. De um número muito restrito, justamente pela dificuldade de suas fêmeas de manter a gravidez. Adruna mesmo, já abortou quatro vezes. Encontrar uma Onnir é uma tarefa imprescindível para os Makrar se quiserem continuar existindo.

— Se transar é tudo o que tenho que fazer, então não há motivos para me sentir tão desesperada — Lívia disse. — Se todos eles forem tão bonitos quanto Olavi, posso dar até ficar assada sem qualquer problema.

— O importante é se manter viva e ao bebê se engravidar — a velha riu. — E sobreviver aos vários testes que serão aplicados para terem certeza de que é uma Onnir. O Alfa tem prioridade, e ele não desejará que uma Onnir se misture com os Gamas e Ômegas da alcateia.

— E se não formos Onnir? — perguntou Nina.

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Comments

Maria Do Carmo

Maria Do Carmo

eu iria morrer na hora de tanto medo 😱😱😱😱😱

2024-06-02

1

Regiane Pimenta

Regiane Pimenta

Meu Deus vou vomitar que horror era melhor ter morrido

2024-04-10

3

Ver todos

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