colegas de quarto

Sora deu de ombros para a explicação de Aby sobre o irmão. Honestamente? Problema dele. Mesmo contra sua vontade, ela continuou o tour forçado pela vila.

De repente, Aby parou e exclamou em êxtase: "Chegamos!"

Eufórica, ela apontou para uma cabana que era, de longe, a maior e mais bem-cuidada de todas. Claramente se destacava.

"Uau!" os olhos de Sora brilharam. "Agora sim estamos em sintonia, Aby! Finalmente posso descansar confortavelmente!"

Ela saiu correndo em direção à porta da cabana, tão eufórica que fez uma dancinha de alegria no caminho. Tão focada em Aby, que vinha logo atrás, Sora não percebeu a porta se abrindo na sua frente.

Ela esticou a mão para empurrar a madeira e sentiu... algo duro. E quente. E estranhamente definido.

Ela olhou assustada para Aby, que se divertia com a situação embaraçosa. Quando Sora se virou, viu que seus dedos estavam espalmados contra a barriga trincada de Kael, que a olhava como se ela fosse um inseto.

Ela rapidamente retirou as mãos, limpando-as com força no próprio moletom em um gesto claro de nojo.

"Credo!" exclamou ela em tom de desaprovação, olhando para Kael. "Agora vou ficar cheirando a cachorro suado."

Kael, que já parecia prestes a explodir, olhou furiosamente por cima da cabeça dela para a irmã. "O que essa criatura maligna está fazendo na porta da minha casa, Aby?"

Aby logo tentou se justificar, perdendo um pouco do bom humor. "Irmão! Ela não tem onde ficar! E você provavelmente já sabe sobre a profecia. Os boatos vão se espalhar, e você sabe que precisaremos mantê-la em segurança."

"Não tenho nada a ver com isso, irmã!" Kael rosnou.

"Claro que tem!" Aby retrucou, perdendo a paciência. "Você é o Chefe da vila, e ela é a salvação. Se você protege a vila, precisa proteger ela. Gostando ou não. E o único lugar que seria seguro por enquanto... seria ao seu lado."

Sora, ouvindo a conversa, decidiu se intrometer. Ela olhou para o gigante de 2,20m e zombou: "Não é como se eu fosse te matar durante a noite. Tá com medo de mim?" Ela então fez um "Buu!" patético, que falhou miseravelmente em assustá-lo.

Kael, vendo que estava encurralado pela lógica da irmã, bufou de raiva e murmurou, olhando para Sora: "Você dorme no chão."

Depois que Sora entrou, Aby deu um sorrisinho vitorioso para o irmão, bateu a porta e saiu correndo antes que ele mudasse de ideia.

Um silêncio desconfortável tomou conta da cabana. Sora estava sozinha com Kael.

Ele não perdeu tempo.

Num movimento rápido demais para ela acompanhar, ele a agarrou pelo moletom e a prendeu contra a parede. Seus olhos âmbar brilhavam perigosamente.

"Escute bem," ele disse, a voz baixa e grave. "Você vai provar que é realmente a salvadora. Terá até a próxima lua cheia para isso. E se não conseguir... será taxada de mentirosa, e eu mesmo vou te jogar em uma jaula e te tratar como meu animalzinho de estimação."

Era uma ameaça séria. Aterrorizante, até. Mas a mente distraída de Sora se fixou em outro detalhe.

"Mas como caralhos eu vou saber quando vai ser a próxima lua cheia?" ela perguntou, genuinamente confusa. "Velho, eu nem sei usar um GPS direito, imagina me guiar por constelações."

A expressão de Kael vacilou. Ele se afastou, com uma cara de quem não acreditava no que estava ouvindo. "Você é... estranha. Eu acabei de te ameaçar. Isso não te preocupa? Não está com medo?" ele disse, o tom subindo quase para um grito.

Sora simplesmente deu de ombros. "Papo furado."

Ela passou por ele e olhou por cima do ombro com um olhar desafiador, arrematando: "Se fosse pra valer, você já teria feito. Pra mim? Você não passa de um gatinho com ego de tigre."

Kael ficou vermelho de raiva. Um "gatinho"? Irritado com a afronta, ele agarrou o punhado de peles que usava como cobertor, que estava em uma cadeira, e jogou na direção dela com força. "Durma!"

Ele só queria assustá-la, mas não mediu a própria força. As peles pesadas a atingiram em cheio, fazendo-a perder o equilíbrio. Sora tropeçou para trás e bateu a cabeça com força na parede de madeira da cabana.

"Uh!" ela soltou um som dolorido, deslizando para o chão.

O rosnado de Kael morreu na garganta. O vermelho da raiva em seu rosto desapareceu, dando lugar a uma palidez de pânico.

"Merda!"

Ele correu até Sora, o arrependimento sendo imediato. "Não era pra te machucar!" Ele a levantou do chão como se ela não pesasse nada, seus braços fortes tratando-a com uma gentileza que contradizia totalmente a cena anterior. Ele a colocou na única cama da casa.

"Que merda!" ele repetiu, vendo um filete de sangue começar a escorrer da testa dela, perto da linha do cabelo. "Você cortou a cabeça. Está doendo?" ele perguntou, o tom preocupado e culpado.

Sora se sentou na cama, piscando para afastar as estrelinhas, e passou a mão no corte, sujando os dedos de sangue. Ela olhou para o sangue e depois para ele, com um sorrisinho debochado.

"Isso porque queria me prender numa jaula," ela riu, afrontando-o.

"Ora, pare de brincadeiras tontas!" ele rosnou, mais para si mesmo do que para ela.

Ele saiu pela porta apressado, deixando-a confusa, e voltou segundos depois com o que parecia ser um kit de primeiros socorros bem primitivo – algumas folhas estranhas e recipientes de barro.

Sora, já exausta do dia mais bizarro de sua vida, nem protestou. Enquanto Kael, com uma delicadeza surpreendente para seu tamanho, começava a limpar o corte na cabeça dela, o cansaço finalmente a venceu. Seus olhos pesaram e, antes que pudesse soltar outra provocação, ela caiu no sono na cama dele.

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