Capítulo 05.

|| Elara...||

Após terminar o meu turno de trabalho, fui até o galpão, peguei a minha moto e parti para o meu apartamento, a essa hora Queila já deve estar na sua casa, pois a noite já se aproxima.

Percebi que o ambiente dentro dele estava estanho, nada fisicamente, mas um perfume diferente está impregnado aqui, sinto mais uma vez um frio na espinha, saco a minha arma e faço uma ronda por todo os cômodos.

Não tem nada fora do lugar, então fui para o quarto e comecei a retirar todas as minhas armas, me preparando para tomar banho. Mas algo brilhou no criado mudo próximo à cama, chamando a minha atenção franzi o cenho, me aproximando.

Pego o pequeno objeto e fico sem reação ao perceber que é a bala da minha arma, ele esteve aqui!

— Que merda! - Digo um pouco atordoada, pego o meu notebook para ver mais uma vez as imagens, e a única imagem dele, é a qual ele olha fixamente para a câmera, ele está com a sua maldita máscara. A gravação dura 20 segundos, eu jogo o notebook na cama com raiva.

Tomo banho, visto um vestido preto longo, aberto nas costas, por cima, coloco um sobretudo, as noites nessa época são bem frias, termino de me arrumar, pego as minhas armas e coloco na liga em minha coxa e saio. Tenho que conversar com os responsáveis pelo condomínio, não é possível que tenham deixado aquela aberração subir para o meu apartamento.

— Como isso foi acontecer? - Pergunta um morador assustado.

Estava um alvoroço na entrada do prédio.

— Não temos mais segurança nesse lugar? - Questiona uma moradora. Me aproximo e vejo que a gestão do condomínio estão nervosos.

— O que houve? - Pergunto e os moradores me olham.

— Alguém invadiu o condomínio e matou dois porteiros, é impressionante que estamos pagando tanto para morar num lugar completamente sem segurança. - Diz a moradora me olhando.

— Gostaria de pedir para se acalmarem, já informamos o ocorrido à polícia. - Diz um dos donos e me afasto enquanto eles continuam a discussão. Agora tudo faz sentido, esse desgraçado deve está se divertindo com todo esse joguinho idiota.

Olho para as ruas e vejo várias pessoas fantasiadas, é impressionante que mesmo com os assassinatos eles continuam animados com o Festival do Haloween que ocorre em quase todas as noites do mês de outubro.

Olhei no relógio e percebi que estou extremamente atrasada para a missa que já deve ter começado há 20 minutos, chamo um carro pelo aplicativo e o mesmo levará dois minutos para chegar.

A noite está com a aura mais insana e aterrorizante do que o normal, sinto-me uma presa sob o olhar demoníaco do predador, olho para todos os lados e no alto de um prédio vejo alguém em pé me olhando.

O motorista buzina chamando a minha atenção, volto novamente o meu olhar para o alto, mas não o vejo mais, entro no carro e partimos. Já matei e torturei tantas pessoas que parei de contar, nunca me senti ameaçada ou intimidada, mas dessa vez sinto que até as minhas respirações estão sendo contadas e isso é um tanto assustador.

Chego na capela perto da casa de Ryan e percebo que a missa já está quase no fim, vejo alguns soldados, amigos e parentes do Daniel, mas eu não vi o Ryan.

Assim que a missa acabou, eu fui até os familiares prestar condolências, após um curto tempo conversando com eles, eu me aproximei de alguns amigos.

— Puxa, chefe! A senhora está linda, com todo respeito. - Por eu ser a chefe de segurança da mansão todos me tratam com respeito.

— Espero que seja com todo respeito mesmo ou você vai morar a sete palmos debaixo da terra. - Digo e ele faz o sinal da cruz.

— Tá repreendido, chefe. Esse cachorro aqui ainda tem que viver muito.

Diz e os outros gargalham.

— Não queria dizer nada não, mas é melhor a senhora ir ver o patrão. - Diz.

— Não. - Digo firme, tudo o que eu menos quero é vê-lo.

— Patrão estava muito bêbado e ainda continuou bebendo quando saímos - Diz um deles tentando me convencer.

— É, além do mais, o conselho está pressionando ele, os velhos estão irritados com a facilidade que a cidade foi invadida. Ele está fora de si- Diz o outro.

— O Don também está furioso, todos sabem que ninguém faz nada sem o Don saber e pelo jeito, ele não sabia da invasão ao território inimigo. - Comenta o primeiro.

— Tá. - Falo contra gosto, sei como Ryan fica quando bebe é melhor ter alguém para cuidar dele, mesmo com brigas ainda somos amigos.

Andei por uns metros, a capela fica praticamente no jardim da mansão. Adentro e percebo o silêncio, deduzi que ele estivesse no escritório e fui em direção ao mesmo, parei em frente a porta quando ouvi sons semelhantes a gemidos, franzi o cenho e girei a maçaneta.

Ryan estava transando com uma garota no sofá, fiquei sem reação por alguns segundos.

— Por isso não foi a missa? - Pergunto e ele olha para mim completamente apavorado.

Ele praticamente joga a garota e começa a vestir as suas calças, ao mesmo tempo que tenta se explicar.

— Elara...eu juro que posso explicar. - Diz vindo atrás de mim, por sua voz e cheiro tenho certeza que andou se drogando.

— Não, você não tem que me explicar, afinal nunca fomos nada, não é mesmo? - Digo magoada, achei que tínhamos construído algo ao longo de dois anos.

Eu mantenho a calma e saio andando, ele corre e segura o meu braço, me forçando a parar.

— Isso é culpa sua! Eu disse que queria, mas você nunca quer, eu tenho necessidade. - Diz e isso foi a gota d'água, dou uma bofetada no seu rosto, o deixando transtornado.

— Tá maluca? Se você acha que pode me deixar está muito enganada! - Grita apertando o meu braço.

— Está me machucando...para...para, Ryan! - Gemendo de dor, eu pego a minha arma e dou um tiro no seu pé. Ele me larga gritando de dor e eu olho para ele com desgosto.

— Você se tornou um lixo. - Digo antes de sair.

No lado de fora eu caminhei sem um lugar específico para ir, queria apenas distrair a minha mente.

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