"Te Possuirei na Escuridão"
Sangue
Noah piscou devagar, confuso, o teto de madeira acima dele parecia girar por um instante.
A respiração estava pesada, o corpo dolorido. Ele se sentou devagar na cama de solteiro, sentindo o colchão macio demais para ser o seu.
Antes que pudesse terminar o pensamento, a porta se abriu devagar.
Ethan entrou, seguido de Kiria e Luck.
Kiria foi a primeira a notar Noah acordado. Deu um sorrisinho debochado e colocou as mãos na cintura.
Kiria
— Olha só quem acordou do coma demoníaco! Vai um exorcismo ou um copo d’água?
Noah a encarou por um segundo, tentando processar tudo.
Noah
— Onde eu tô? — murmurou, passando a mão no rosto.
Ethan
— Na minha casa. No meu quarto. — Ethan respondeu, se aproximando. — Você desmaiou ontem, depois... daquela coisa no parque. Eu te trouxe pra cá com a ajuda deles.
Kiria
— Desmaiou foi pouco — disse Kiria. — Quase morreu babando sangue! Achei que tu ia virar do avesso, estilo filme doido.
Luck, encostado na parede com os braços cruzados, franziu a testa.
Luck
— E então? Vai me dizer que esse teatro todo foi culpa de espíritos?
Ethan respirou fundo, tirou o casaco e ergueu a camisa, revelando os arranhões e a marca no pescoço, agora mais visíveis.
Ethan
— Isso não parece algo que eu faria sozinho. E você viu como o Noah tava.
Luck se aproximou, olhando com atenção.
Luck
— Isso pode ser... qualquer coisa. Gato. Galho. Sonambulismo maluco.
Kiria ergueu a sobrancelha, olhando para as marcas como quem analisa uma obra de arte.
Kiria
— Se foi um gato, ele devia estar com raiva do fim do mundo. Que gata selvagem foi essa, Ethan?
Ethan bufou, sem paciência.
Mas, antes que alguém pudesse retrucar...
Um som agudo, como unhas longas rasgando o forro de madeira do teto, cortou o ar do quarto.
Olharam pra cima, em silêncio absoluto.
Luck
— Deve ser um rato. — murmurou Luck, automaticamente, como se tentasse convencer a si mesmo.
Kiria
— Um rato de 2 metros com garras de titânio? — disse Kiria já indo até a porta. Ela olhou pros garotos, mandou um beijo no ar e disse: — Beijo, boa sorte, se morrerem, me avisem em sonho.
E saiu correndo escada abaixo.
No quarto, os três restantes continuaram com os olhos fixos no teto.
Dessa vez, soou como socos secos, abafados, vindo direto de cima.
Luck
— Ok... talvez não seja um rato.
Noah sentou-se melhor na cama, agora bem mais acordado.
Noah
— Eles estão avisando de novo...
Luck
— Vocês têm certeza que é uma boa ideia? — Luck perguntou pela terceira vez, segurando a lanterna com firmeza enquanto olhava para a escada retrátil que levava ao sótão.
Ethan foi o primeiro a subir, seguido de Noah e Luck, cada um com sua lanterna.
O ar no sótão era pesado, quase pastoso. Poeira se misturava ao cheiro de madeira úmida e algo mais... algo metálico, quase como ferrugem.
Luck
— Esse lugar fede. — murmurou Luck, tampando o nariz.
Ethan
— É velho. E abafado. — respondeu Ethan, a luz da lanterna tremendo um pouco em sua mão.
O sótão era estreito, cheio de caixas velhas, brinquedos esquecidos e móveis cobertos por lençóis. Cada passo fazia o assoalho ranger.
Noah
— Algum de vocês já veio aqui antes? — Noah perguntou, varrendo com a luz os cantos escuros. — Parece... contaminado.
Ethan
— Eu nunca subi. Meus pais... nunca deixaram. — disse Ethan.
Luck
— Talvez com razão. — murmurou Luck.
O silêncio voltou, apenas os estalos da madeira e suas respirações pesadas preenchiam o ambiente.
Até que Ethan parou, ajoelhando-se ao lado de uma caixa coberta por plástico grosso.
Ethan
— O que é isso...? — murmurou, puxando uma foto entre alguns papéis molhados.
A luz tremulante da lanterna revelou uma imagem antiga, embaçada. Era ele, ainda pequeno, ao lado dos pais, todos sorrindo.
Mas a foto estava coberta de sangue seco, e os olhos de seus pais... estavam riscados com algo como unha.
Ethan
— Eu... eu nunca vi essa foto. — Ethan sussurrou, a voz embargada. — Eu não lembro disso. Não lembro disso...
Luck
— Ei... — Luck abaixou-se ao lado dele, tocando seu ombro com cuidado. — Tá tudo bem. Deve ser montagem ou...
Ele o abraçou, apertando o garoto contra o peito em silêncio. Ethan tremia, as mãos agarradas na foto ensanguentada.
Foi então que Luck sentiu algo pingar no braço.
Noah ergueu o rosto com um estalo.
A lanterna dele apontou pro teto — e o grito ecoou no mesmo segundo.
Noah
— SAI DE CIMA! — berrou Noah.
Uma criatura grotesca estava grudada no teto acima deles. Melequenta, deformada, cheia de placas de carne morta e garras longas como estiletes. Gotejava sangue, baba espessa e um cheiro de carniça podre invadiu o ar de forma sufocante.
Antes que alguém pudesse reagir, a coisa pulou.
Caiu direto em cima de Luck, mordendo seu ombro com força brutal. Ele gritou, sangue jorrou, e o bicho soltou um som gutural, entre um estalo e um gemido animalesco.
Ethan congelou. Os olhos fixos na criatura, o corpo imóvel, sem conseguir respirar. O som, o cheiro, tudo ao redor parecia embaçado.
Noah, por outro lado, não hesitou.
Pegou uma viga de madeira caída e desceu com força contra o bicho.
Noah
— SAI DELE, MALDITO! — gritou, acertando com toda a raiva acumulada.
A primeira pancada fez a criatura recuar. A segunda, afundou parte da madeira em sua lateral. Ela gritou, um som horrível, mas soltou Luck, que caiu sangrando no chão.
Noah puxou Luck pelos ombros, arrastando-o pra longe.
Quando voltou a lanterna pro monstro...
O lugar estava silencioso.
Noah
— Ele sumiu... — Noah sussurrou, suando frio, ainda com a viga na mão.
Luck gemia no chão, o ombro coberto de sangue, os olhos arregalados em choque.
Ethan tremia, as mãos ainda segurando a foto ensanguentada.
Algo havia sido despertado — e agora estava observando.
Comments
TICIA🫦
me diz uma coisa autora.... VC TA BEM??? PELO AMOR DE DEUS OQ TU TEM NA CABEÇA MULHER (
2025-08-03
4
TICIA🫦
ótimo, e agr tô cagando aqui porraaaa
2025-08-03
3
mihdominho
EU TO AMANDO ISOOO ,TOTAL O ESTILO QUE EU GOSTO
2025-08-03
2