"Te Possuirei na Escuridão"
Olhos na Escuridão
O vento cortava o silêncio da noite quando Ethan chegou ao parque. As árvores, altas e retorcidas, balançavam lentamente sob o céu nublado, como se cochichassem entre si.
Os postes antigos lançavam uma luz alaranjada fraca, criando sombras distorcidas no chão úmido.
No banco perto do lago, ele viu Noah.
Coberto com um casaco escuro pesado, capuz erguido, e uma máscara preta escondendo metade de seu rosto, ele parecia mais um vulto do que alguém real. Ethan se aproximou devagar.
Ethan
— Você tá bem? — perguntou, notando o modo como Noah respirava — havia algo estranho, pesado, como se seu peito lutasse por ar.
Noah
— Não — Noah respondeu com um sorriso abafado. — Mas quem tá?
Ethan se sentou ao lado dele, meio desconfortável.
O cheiro de terra molhada se misturava com um aroma metálico no ar.
Noah
— Desde aquela noite... — Noah começou, sua voz baixa, rouca — eu tenho escutado coisas. Sussurros. Choro de criança. Risadas que não têm corpo. E... eu vejo... coisas nas paredes. Rostos que não estavam lá antes.
Ethan franziu o cenho. Engoliu seco.
Ethan
— Eu também. — Ele olhou em volta, quase esperando que algo os escutasse. — Eu acordo suando. Às vezes ouço passos no meu quarto... ontem senti alguém tocar meu ombro enquanto eu dormia.
Ethan abaixou o casaco e afastou um pouco a gola da camiseta, revelando a marca no pescoço.
Noah o encarou por alguns segundos. Depois, estendeu a mão devagar. Seus dedos gelados tocaram a pele de Ethan com cuidado.
Noah
— Eles foram gentis com você. — murmurou.
E então, Noah puxou a máscara para o lado e abaixou o próprio capuz.
Ethan arregalou os olhos ao ver seu pescoço — roxo, coberto por marcas fundas, como se alguém o tivesse enforcado com força. Era grotesco, mas Noah parecia... satisfeito.
Noah
— Eu não lutei. Deixei eles me levarem. E eles me deram... visões. — Noah sussurrou, os olhos claros fixos nos de Ethan. — Não é medo que eu sinto. É... presença. Você sente isso também?
Ethan assentiu, engolido pela tensão no ar. Algo nele dizia para ir embora. Mas outra parte, mais obscura e confusa, queria ficar ali.
Noah
— Você não tá sozinho nisso, Ethan. — Noah disse, se inclinando levemente. — Talvez... eles queiram que a gente fique junto.
O silêncio entre os dois foi quebrado apenas pelo som das folhas secas sendo arrastadas pelo vento.
Noah sorriu, dessa vez com algo entre carinho e outra nos olhos.
Noah
— Você é bonito até quando tá com medo. — ele sussurrou, quase como uma provocação
Ethan não soube o que responder. Apenas olhou de volta, tentando entender se aquilo era um flerte... ou um aviso.
A noite estava fria, mas o silêncio entre eles era quase confortável.
Sentados em um banco mais afastado do parque, Ethan e Noah tomavam sorvete de casquinha comprado em um carrinho velho que, estranhamente, ainda funcionava àquela hora.
Ethan olhava para o céu nublado, tentando ignorar o gosto metálico que ainda sentia na boca desde que saiu de casa.
Ethan
— Você acha... que tem como acabar com isso? — perguntou, quase num sussurro.
Noah deu uma lambida preguiçosa no sorvete e encolheu os ombros.
Noah
— Deve ter. Toda maldição tem uma origem. E toda origem tem uma brecha. — Ele olhou para Ethan com aquele sorriso torto. — A gente só precisa descobrir o que é... antes que a gente morra.
Ethan soltou um riso fraco, mais por nervosismo que por humor.
Ethan
— Acho que vou começar a pesquisar. Sei lá, rituais, símbolos, cultos... qualquer coisa que me ajude a entender o que aconteceu naquela floresta.
Noah
— Ótimo. Eu também. — Noah disse. — Vamos fazer isso juntos. Pode até virar tema de podcast: "Dois adolescentes amaldiçoados tentando sobreviver ao desconhecido".
Ethan sorriu, apesar de tudo.
Mas no instante seguinte, o riso morreu nos lábios dele.
Dois olhos, refletindo a luz fraca do poste nas sombras.
Altos demais pra ser qualquer animal comum. E parados. Sem piscar.
Ethan
— Noah... — Ethan murmurou, congelado.
Noah parou de comer o sorvete e virou lentamente o rosto.
Mais dois pares de olhos surgiram nas sombras das árvores.
Noah
— Fica atrás de mim. — Noah disse baixo, firme.
Ethan não discutiu. Foi como se algo dentro dele entendesse que a coisa era real.
Ele se escondeu parcialmente atrás de Noah, o corpo tenso, a respiração presa.
Noah deu dois passos à frente. Os olhos nas sombras não se moveram.
E, de repente... todos desapareceram.
Como se nunca tivessem estado ali.
Ethan soltou o ar em alívio, sentindo a tensão escorrer dos ombros.
Ethan
— Acho que foi só um...
Algo quente escorreu pelo seu lábio.
Quando levou a mão até o nariz, viu sangue.
Ethan
— Noah...? — disse, assustado.
E caiu de joelhos no chão.
Vomitou sangue no gramado, o corpo tremendo violentamente, os dedos se agarrando à terra como se ela fosse a única coisa o mantendo ali.
Ethan caiu ao lado dele, segurando seus ombros.
Ethan
— Noah! Fala comigo! O que tá acontecendo?!
Mas Noah apenas ergueu o rosto, os olhos vítreos de dor, e sussurrou com dificuldade:
Noah
— Eles não querem que a gente descubra...
Comments
TICIA🫦
ótimo, bom vou alí rezar 🙇
2025-08-02
3
★ 𝙡𝙤𝙫𝙚𝙡𝙖𝙘𝙚. unself 🧟
Parece um easter egg de ordem
2025-08-03
1
(ㆁᴗㆁ✿) ρυɱႦα
to sentindo um plot twist aqui...
2025-08-14
0