Monteville amanheceu com um céu cinzento, pesado como as tensões que cresciam dentro da St. Augustine High. A brisa carregava um ar de ameaça silenciosa, e os corredores da escola, antes apenas antiquados, agora pareciam carregar memórias — e segredos — nas paredes.
Na biblioteca, Evelyn Bloom folheava registros antigos da escola. Queria respostas. Precisava entender por que estavam sendo ameaçados, e por que Savannah estava no centro disso tudo.
— Isso é loucura, Evelyn — sussurrou Cassie, sentando-se ao lado dela. Usava um suéter preto, botas pesadas e batom escuro, como sempre. Os longos cabelos pretos caíam como uma cortina sobre o rosto, escondendo seus olhos arregalados.
— É a única coisa que ainda faz sentido — Evelyn rebateu. — Alguém aqui dentro sabe mais do que devia. Talvez alguém que já esteve aqui… ou nunca tenha saído.
Ela empurrou um recorte de jornal em direção à amiga. Uma matéria antiga.
"Aluna desaparecida em Monteville — Mistério em St. Augustine High segue sem respostas."
— Espera… isso é de anos atrás — Cassie leu em voz baixa. — Quem é Emily Sinclair?
— Alguém que sumiu. Exatamente como a Savannah.
—
Enquanto isso, Mila Hart encarava o espelho do banheiro feminino no andar superior. Tinha acabado de sair de uma ligação com sua mãe, e ainda ouvia as palavras ecoando na mente:
“Fique longe de confusões, Mila. O nome Hart carrega peso em Monteville. E essa escola já teve escândalos demais.”
Mila respirou fundo. Era filha dos advogados mais poderosos da cidade. E, por mais que tentasse escapar desse rótulo, não podia. Seu sobrenome era sinônimo de status — e de pressão.
— Isso não vai me parar — ela murmurou para si mesma, antes de sair dali.
Nos corredores, encontrou Jules Carter e Rafael Navarro discutindo perto dos armários.
— Cês vão continuar brigando ou vamos focar no que importa? — ela interrompeu.
Jules cruzou os braços, irritado.
— Só tô dizendo que é muito conveniente o Rafe ter sumido justo quando as mensagens começaram.
— E eu já disse que não fui eu! — Rafael rebateu. — Mas ninguém parece se importar com isso.
— E você sabe mais do que tá contando — disse Jules. — Você era o único que tinha senha da pasta com as fotos da Savannah. E agora... a gente recebe mensagens com a letra R?
Rafe balançou a cabeça, frustrado.
— Vocês tão me julgando porque é fácil. Mas e se eu não for o vilão aqui? E se eu for o próximo alvo?
Um silêncio cortante se instalou.
—
Na hora do almoço, os cinco se encontraram no pátio de trás da escola — um lugar menos vigiado e quase esquecido, com bancos de pedra e arbustos mal podados. Evelyn mostrou as anotações que fez sobre o caso antigo da Emily Sinclair.
— Tem coisa que se repete — disse ela. — Mensagens, sumiço, silêncio da diretoria. Isso é maior do que a gente.
— Talvez seja alguém ligado aos dois casos — sugeriu Mila. — Alguém que quer continuar o ciclo. Ou se vingar.
— E se for um professor? — Cassie disse. — Sr. Duncan sabe mais do que diz. Ele sempre olha pra gente como se estivesse… analisando cada palavra.
— E a diretora? — disse Rafael. — Ela ignorou a carta da Evelyn como se fosse nada.
— Tá todo mundo encobrindo alguma coisa — completou Jules.
O clima entre eles oscilava entre união e desconfiança. Era como se o grupo estivesse em frangalhos, remendado por medo e necessidade. Não havia mais espaço para ingenuidade.
—
Na última aula do dia, Biologia, a professora Sra. Mason falava sobre sistemas nervosos, mas ninguém prestava atenção. Evelyn desenhava padrões em seu caderno — o mesmo símbolo que aparecera na carta recortada.
Mila, ao seu lado, escrevia nomes.
Savannah Hart. Emily Sinclair.
E se elas estiverem conectadas?
Cassie estava distante, mexendo em um pingente que carregava no pescoço — um presente da Savannah, que ela nunca mais tirou.
Do nada, um bilhete dobrado caiu na mesa da Evelyn. Ela olhou ao redor, mas ninguém parecia ter jogado. Abriu com mãos trêmulas.
“Vocês estão abrindo portas que deveriam permanecer fechadas.” “Querem respostas? Esperem até o baile de outono.”
E no final:
“O espetáculo está só começando.”
—
Depois da aula, Mila encontrou um envelope colado em seu armário. Era diferente das outras mensagens — este tinha o brasão da escola gravado em relevo.
Dentro, apenas um cartão com letras douradas:
“Sra. Hart, sua presença será essencial no baile de outono.” “Alguns nomes não podem ser manchados — mas podem ser arruinados.”
Ela apertou os punhos. Agora era pessoal.
—
Na saída, Cassie foi a última a sair da escola. Caminhava sozinha pelo estacionamento, as botas ecoando no asfalto molhado. Quando chegou perto do carro, viu algo no vidro.
Uma foto.
Era dela, com Savannah, sentadas na praia meses antes.
Atrás da imagem, um bilhete escrito à mão:
“Você devia ter contado pra eles o que sabe.” “Mas agora… talvez seja tarde.”
Cassie deixou a foto cair no chão. Não conseguia respirar.
Ela sabia alguma coisa.
E alguém sabia disso também.
—
📱 No mesmo instante, todos os celulares vibraram.
“Vão ao baile. Eu estarei lá.** **E vou mostrar quem realmente carrega culpa no sangue.”
—R
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Atualizado até capítulo 26
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