capítulo 4

Aquilo Que Se Esconde no Silêncio

O nome dela era Giulia Mancini.

Elena descobriu isso sem querer, ouvindo uma conversa dos seguranças enquanto passava pelo corredor. “A ex-noiva do Don”, um deles disse, baixando a voz como se fosse blasfêmia.

Ex-noiva.

Elena sentiu o estômago revirar. Ela não tinha o direito de sentir aquilo. Não eram nada. E mesmo assim, a imagem de Giulia sorrindo, com as mãos nos ombros de Dante, não saía da sua cabeça.

No jantar daquela noite, Giulia estava lá novamente. Usava um vestido preto, justo, salto alto, e um batom vermelho que parecia uma ameaça silenciosa. Sentou-se ao lado de Dante sem pedir, e tocava seu braço com frequência demais para ser inocente.

— E essa seria…? — perguntou, finalmente olhando para Elena com um sorriso falso.

— Elena — Dante respondeu, com um leve endurecimento no tom. — Uma hóspede.

— Uma hóspede? — Giulia riu, cruzando as pernas. — Que tipo de hóspede mora com você, armada de olhares de ciúmes?

Elena sentiu o rosto corar, mas não recuou.

— E que tipo de ex precisa marcar território como um cachorro?

Giulia arqueou uma sobrancelha. Dante não esboçou reação, mas seus olhos encontraram os de Elena por um segundo — e ela viu algo ali.

Admiração.

Giulia se levantou lentamente.

— Você é fofa, Elena. Ingênua, até. Mas isso aqui — ela passou os dedos pelo queixo de Dante antes de sair — é um jogo muito maior do que você pode imaginar.

Elena a observou ir embora em silêncio. O peito doía, mas não era medo. Era algo mais profundo. Mais real.

Quando ficou a sós com Dante, ela não aguentou:

— Por que ela ainda vem aqui?

— Giulia faz parte de uma família aliada. Não posso simplesmente cortar os laços.

— E vocês?

Dante demorou a responder.

— Fomos noivos… há muitos anos. Acabou no dia em que ela tentou mandar matar um homem que eu jurei proteger. Ela cruzou um limite que eu não perdoo.

Elena ficou em silêncio. Aquilo explicava muita coisa. Mas também não explicava tudo.

— E eu? Estou aqui por quê, Dante?

— Porque você me desarma — ele respondeu, rápido demais. — E isso é perigoso. Para mim. Para você.

Ela se aproximou. Os dois estavam frente a frente, como se houvesse uma linha invisível entre eles… e, dessa vez, ela teve coragem de cruzar.

— Você tem medo de mim?

— Eu tenho medo do que posso fazer para te manter.

O silêncio pesou como concreto.

Dante estendeu a mão e tocou o rosto dela com delicadeza, como se ela fosse feita de vidro. E Elena fechou os olhos. Pela primeira vez em muito tempo, alguém a tocava com respeito… e desejo ao mesmo tempo.

Mas, antes que qualquer palavra pudesse ser dita, a porta foi aberta com força.

Era Marco, um dos seguranças mais próximos de Dante.

— Don, precisamos conversar. Agora. Descobrimos algo… sobre a garota.

Dante se virou na hora, e Elena sentiu o sangue gelar.

— O que descobriram? — ele perguntou, já com a voz mais fria.

Marco hesitou.

— O pai dela… ele não morreu em um acidente, como ela pensa. Ele tinha dívidas antigas. Com o nome Moretti envolvido.

Elena ficou sem ar.

— O que você está dizendo?

Dante olhou para ela. Pela primeira vez, seus olhos pareciam… culpados.

— Elena… nós precisamos conversar.

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