Fenrir
Aqui estou.
Sentado à enorme mesa de jantar, cercado por taças douradas, pratos enfeitados com iguarias raras de todos os cantos de Valtra, vozes animadas e sorrisos falsos.
Lyssara está ao meu lado — linda, como todos dizem. Deusa do clã consorte, criada desde pequena para esse momento: ser a noiva perfeita, a aliança perfeita, o trono perfeito.
Ela sorri enquanto conversa com meus pais, movendo as mãos com graça ensaiada, gargalhando de forma milimetricamente delicada.
E então...
Acontece.
Um arrepio percorre minha espinha. Meu coração erra o compasso. Sinto algo... acordando dentro de mim.
Um calor, não. Uma chama viva.
Como se algo em meu peito tivesse sido arrancado à força e lançado de volta, mais forte, mais feroz.
— Merda... — sussurro, quase inaudível, minha mão apertando o tecido da túnica sob a mesa.
A ligação. Ela... aconteceu? Mas como?
Meus olhos se perdem num ponto vazio diante de mim. Tolos são os que pensam que a ligação é romance ou destino. Não. É uma força primitiva. Um elo espiritual e carnal que rompe regras, razão e, aparentemente, até as malditas leis naturais.
— Não pode ser... — penso, tentando manter o controle da respiração.
Ela é uma Terridea. Isso não devia ser possível.
A ligação entre raças e espécies distintas é considerada um mito. Uma aberração. Algo que os mais antigos juram jamais ter visto. Mas então... por que meu corpo está queimando por ela?
Por que não senti isso quando a vi? Por que agora, horas depois, no meio de um jantar sem sentido, a marca desperta?
Sinto um toque em minha perna. Delicado. Frio. Sem alma.
— Fenrir, querido, você está bem? — Lyssara pergunta, sorrindo, mas com os olhos avaliativos.
O toque dela não acalma. Apenas me faz perceber ainda mais o quanto meu corpo não a deseja.
Não. Eu não estou bem. Estou prestes a entrar em combustão. Mas não por ela. Por outra. Pela Terridea. Pela garota que ousou me olhar. A que fez meu peito doer e minha mente gritar. Mesmo sem saber seu nome, algo nela me reconheceu.
— Desculpem. — minha voz sai rouca, tensa. Eu me levanto abruptamente, a cadeira raspando contra o chão de pedra polida. — Preciso me retirar.
Antes que alguém questione, já estou longe.
Passos rápidos, precisos, quase furiosos. Ouço o murmúrio confuso atrás de mim, a voz da minha mãe perguntando o que houve, Lyssara chamando meu nome com indignação. Não me viro.
Sigo pelos corredores dourados do palácio, o calor crescendo dentro de mim como um incêndio descontrolado.
Cada fibra do meu corpo lateja por ela. Como se a própria essência dela estivesse me puxando, mesmo a mundos de distância. Entro em meu quarto e fecho a porta com força. Me encosto nela, respirando pesado.
Minhas mãos vão ao rosto, tentando conter o caos. Mas é inútil. A ligação está selada.
— Como isso é possível? — sussurro para mim mesmo.
Mas, no fundo, eu sei. Algo maior do que as leis dos clãs, do que a lógica dos deuses, acabou de ser despertado.
E nada... absolutamente nada será como antes.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Lucia Santos
nossa que lindo vai ser qdo eles se encontra novamente kk ela e a escolhida a mãe dele vai surtar qd souber que ele está apaixonado por ela aí jesuiisss v
2025-07-31
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Nilza Soares
o fenri está apaixonado kkk
2025-07-19
1