Capítulo 3 – Jogo de Argumentos

Isabela chegou mais cedo naquele dia. Precisava revisar uma minuta de contrato antes de entregar à equipe de advocacia sênior. Tinha dormido pouco — não pela dificuldade do texto jurídico, mas por conta da caixa com o chocolate deixada misteriosamente em sua mesa. Mesmo que ninguém confirmasse, ela sabia de quem vinha. E aquilo a irritava mais do que devia.

“Não estou aqui pra isso”, repetia a si mesma como um mantra.

Mas era difícil manter o foco quando sentia que estava constantemente sendo testada. E não por qualquer pessoa — mas por Dante Ferraz. O CEO que a observara como se ela fosse um enigma a ser desvendado.

E talvez ela fosse mesmo. Mas não seria ele quem a decifraria.

Por volta das dez da manhã, Marina passou pela sala, apressada.

— Isabela, o senhor Dante pediu que você comparecesse à reunião com a diretoria executiva às dez e quinze. Vai acontecer na sala de reuniões principal.

Isabela quase derrubou a caneta da mão.

— Eu? Por quê?

— Ele quer uma presença do setor jurídico e Cláudia está resolvendo uma pendência no tribunal. Você já leu a minuta do novo contrato com a filial de Curitiba, certo?

— Sim, mas...

— Ótimo. Você vai representá-la. Seja direta e objetiva, como sempre.

Isabela assentiu, mesmo que sentisse o estômago revirar. Representar a diretora jurídica? Em frente à diretoria executiva?

E em frente a ele?

Cinco minutos depois, ela caminhava até a sala de reuniões com uma pasta em mãos, tentando conter a ansiedade. Ajustou os cabelos presos num coque simples, puxou o ar profundamente e entrou.

A sala era ampla, com uma longa mesa de vidro, cadeiras de couro e janelas panorâmicas com vista para a cidade. Alguns executivos já estavam acomodados, falando sobre números e relatórios. E no topo da mesa, ele.

Dante.

Com terno escuro impecável, mangas da camisa dobradas até os antebraços, relógio de metal no pulso e expressão concentrada... até vê-la entrar.

O olhar dele a percorreu de cima a baixo com aquele misto de análise e provocação. Ele não disse nada, apenas indicou o assento à esquerda dele com um gesto da mão.

— Bom dia — disse ela com voz firme, sentando-se.

— Bom dia, doutora Nunes — respondeu ele com a voz grave e um leve sorriso nos lábios. — Obrigado por nos representar hoje.

— Estou aqui em nome do jurídico, não por vaidade — rebateu ela, sem encará-lo.

Dante soltou uma risada leve e se inclinou ligeiramente em sua direção.

— Ainda assim, sua presença já está fazendo efeito. A mesa nunca esteve tão... atenta.

Os outros diretores sorriram discretamente. Isabela manteve a postura.

— Vamos ao ponto? A cláusula de confidencialidade precisa de ajustes antes de ser assinada.

Dante abriu o notebook e projetou o contrato na tela. Ela começou a explicar, com precisão, cada ponto técnico que poderia gerar brechas jurídicas no acordo.

Aos poucos, a atenção da sala se voltou totalmente a ela. Sua capacidade de argumentação era clara, firme, irrefutável.

— ...E se não houver modificação no item 6.2, a matriz estará exposta em caso de ruptura de contrato por parte da unidade franqueada. Isso pode gerar jurisprudência perigosa — finalizou.

Dante a encarou por um momento longo demais.

— Inteligente, articulada e direta. É... refrescante.

— Estou aqui pra trabalhar, senhor Ferraz, não para ser elogiada como se fosse uma surpresa eu entender o que faço.

Um dos diretores pigarreou, constrangido. Dante ergueu as mãos em rendição, ainda sorrindo.

— Justo. Sem elogios gratuitos. Mas saiba que você acaba de ganhar respeito aqui.

Ela apenas assentiu, mantendo o olhar fixo na tela, embora por dentro estivesse fervendo. Não sabia se queria socá-lo ou rir. E isso era perigoso.

Quando a reunião terminou, os diretores saíram aos poucos. Isabela se levantou para sair também, mas a voz de Dante a impediu.

— Fique um minuto, por favor.

Ela se virou lentamente, voltando-se para ele com os olhos semicerrados.

— Precisa de mais alguma coisa?

Ele se levantou também, aproximando-se com calma.

— Sim. Quero saber por que você me trata como se eu fosse o inimigo.

— Porque você age como alguém acostumado a ser adorado. E eu não sou mais uma na sua plateia.

Dante sorriu, aproximando-se ainda mais.

— Não preciso que você me adore, Isabela. Mas seria mais fácil se você parasse de agir como se fosse imune a tudo. Isso... é fascinante e irritante ao mesmo tempo.

Ela cruzou os braços.

— Que bom que desperto sentimentos contraditórios. Mas se me chamar aqui só pra me provocar de novo, vai se arrepender.

— Vai me processar?

— Ainda não. Mas posso argumentar melhor que qualquer um da sua sala de executivos.

Dante deu uma risada mais baixa, observando-a como se estivesse diante de um jogo que ele não sabia como vencer.

— É. Você realmente não é como as outras. — Ele se aproximou mais um passo, e o ar pareceu ficar mais denso. — Mas saiba que, ao contrário do que você pensa, eu respeito quem me confronta.

Isabela se manteve firme, mesmo sentindo os joelhos ameaçarem fraquejar.

— Então vai ter que me respeitar muito. Porque eu não tenho medo de você.

Eles se encararam em silêncio por alguns segundos. A tensão entre os dois era quase palpável — não de conflito, mas de algo mais... elétrico.

Finalmente, ela deu um passo para trás.

— Com licença. Tenho trabalho de verdade pra fazer.

E saiu, deixando-o sozinho na sala, com aquele sorriso de desafio que ele parecia não conseguir conter sempre que o assunto era ela.

---

Na sala de descanso, mais tarde, Marina se aproximou com um copo de café.

— Ouvi dizer que você calou a diretoria executiva inteira hoje.

— Não foi a intenção — disse Isabela, pegando um copo também.

— Mas aconteceu. E o próprio Dante pediu que você participe da próxima rodada de revisão dos contratos estratégicos.

— Ótimo. Mais trabalho e menos jogos, espero.

— Com ele? — Marina riu. — Não conte com isso.

Isabela bebeu o café em silêncio. Estava ali para crescer, para conquistar seu espaço. Mas começava a perceber que o maior desafio talvez não fosse jurídico... e sim pessoal.

Um desafio que tinha olhos verdes, sorriso provocante e uma capacidade impressionante de tirá-la do eixo.

Mas ela não cairia tão fácil. Não mesmo.

Ou pelo menos... era o que ela queria acreditar.

Capítulos
1 Capítulo 1 – A Noite da Máscara
2 Capítulo 2 – Primeiras Impressões (Novamente)
3 Capítulo 3 – Jogo de Argumentos
4 Capítulo 4 – Viagem de Trabalho
5 Capítulo 5 – A Linha do Controle
6 Capítulo 6 – Portas Fechadas e Máscaras Caindo
7 Capítulo 7 – Desejo Silencioso
8 Capítulo 8 – Confusão e Silêncio
9 Capítulo 9 – Limites em Suspenso
10 Capítulo 10 – Quando o Corpo Grita e a Razão Cala
11 Capítulo 11 – Noite de Silêncios e Desejos
12 Capítulo 12 – Ela Venceu
13 Capítulo 13 – A Elegância da Provocação
14 Capítulo 14 – O Sabor do Quase
15 Capítulo 15 – Silêncio e Incêndio
16 Capítulo 16 – A Noite Que Mudou Tudo
17 Capítulo 17 – O Amanhecer do Depois
18 Capítulo 18 – O Instinto Dele
19 Capítulo 19 – Entre Arquivos e Desejo
20 Capítulo 20 – Tensão Silenciosa
21 Capítulo 21 – Palavras Não Dizem Tudo
22 Capítulo 22 – Entregas Queimando Por Dentro
23 Capítulo 23 – Entre Orgulho e Feridas Abertas
24 Capítulo 24 – Distância Impecável
25 Capítulo 25 – Onde a Razão Não Alcança
26 Capítulo 26 – Rastro de Sangue e Silêncio
27 Capítulo 27 – Silêncio, Luz e Verdade
28 Capítulo 28 – O Peso do Nome, a Força do Silêncio
29 Capítulo 29 – Entre Silêncios e Desejos
30 Capítulo 30 – Entre Portas Fechadas e Decisões Abertas
31 Capítulo 31 – Aquilo Que Só a Coragem Entende
32 Capítulo 32 – A Primeira Vez de Novo
33 CAPÍTULO 33 – JOGO DE TENSÕES
34 CAPÍTULO 34 – ENTRE ROSAS E CHOCOLATES
35 CAPÍTULO 35 – ENTRE RISOS E DESEJOS
36 CAPÍTULO 36 – MANHÃS E INTENÇÕES
37 CAPÍTULO 37 – ROTINA DO DESEJO
38 CAPÍTULO 38 – SOB AS ESTRELAS
39 CAPÍTULO 39 – PROMESSAS AO AMANHECER
40 CAPÍTULO 40 – PELA MENTE DE DANTE
41 CAPÍTULO 41 – O CUIDADO DELE, O MUNDO DELA
42 CAPÍTULO 42 – ENTRE RISCOS E REFÚGIOS
Capítulos

Atualizado até capítulo 42

1
Capítulo 1 – A Noite da Máscara
2
Capítulo 2 – Primeiras Impressões (Novamente)
3
Capítulo 3 – Jogo de Argumentos
4
Capítulo 4 – Viagem de Trabalho
5
Capítulo 5 – A Linha do Controle
6
Capítulo 6 – Portas Fechadas e Máscaras Caindo
7
Capítulo 7 – Desejo Silencioso
8
Capítulo 8 – Confusão e Silêncio
9
Capítulo 9 – Limites em Suspenso
10
Capítulo 10 – Quando o Corpo Grita e a Razão Cala
11
Capítulo 11 – Noite de Silêncios e Desejos
12
Capítulo 12 – Ela Venceu
13
Capítulo 13 – A Elegância da Provocação
14
Capítulo 14 – O Sabor do Quase
15
Capítulo 15 – Silêncio e Incêndio
16
Capítulo 16 – A Noite Que Mudou Tudo
17
Capítulo 17 – O Amanhecer do Depois
18
Capítulo 18 – O Instinto Dele
19
Capítulo 19 – Entre Arquivos e Desejo
20
Capítulo 20 – Tensão Silenciosa
21
Capítulo 21 – Palavras Não Dizem Tudo
22
Capítulo 22 – Entregas Queimando Por Dentro
23
Capítulo 23 – Entre Orgulho e Feridas Abertas
24
Capítulo 24 – Distância Impecável
25
Capítulo 25 – Onde a Razão Não Alcança
26
Capítulo 26 – Rastro de Sangue e Silêncio
27
Capítulo 27 – Silêncio, Luz e Verdade
28
Capítulo 28 – O Peso do Nome, a Força do Silêncio
29
Capítulo 29 – Entre Silêncios e Desejos
30
Capítulo 30 – Entre Portas Fechadas e Decisões Abertas
31
Capítulo 31 – Aquilo Que Só a Coragem Entende
32
Capítulo 32 – A Primeira Vez de Novo
33
CAPÍTULO 33 – JOGO DE TENSÕES
34
CAPÍTULO 34 – ENTRE ROSAS E CHOCOLATES
35
CAPÍTULO 35 – ENTRE RISOS E DESEJOS
36
CAPÍTULO 36 – MANHÃS E INTENÇÕES
37
CAPÍTULO 37 – ROTINA DO DESEJO
38
CAPÍTULO 38 – SOB AS ESTRELAS
39
CAPÍTULO 39 – PROMESSAS AO AMANHECER
40
CAPÍTULO 40 – PELA MENTE DE DANTE
41
CAPÍTULO 41 – O CUIDADO DELE, O MUNDO DELA
42
CAPÍTULO 42 – ENTRE RISCOS E REFÚGIOS

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