As Aventuras Sombrias de AKIRA
**Capítulo 1 – O Fim da Inocência**
Meu nome é Akira Nakamura. Tenho 17 anos e, até poucos meses atrás, era apenas mais um nerd invisível no segundo ano do ensino médio. Aquele garoto magricela de óculos, que sentava no fundo da sala, viciado em mangás, programação e café instantâneo. Ninguém na escola jamais suspeitou que meu sobrenome carregava o peso de um império sombrio. Que eu era o herdeiro de uma linhagem que espalhava medo em meio sorriso. Nakamura… um nome que ecoava nos becos de Tóquio como uma lenda perigosa. Mas naquele tempo, para os meus colegas, eu era só o Akira estranho.
Naquela última sexta-feira de aula, antes das férias de verão começarem, o sol batia forte nas janelas da escola como se quisesse nos empurrar para a liberdade. A turma gritava, rindo, fazendo planos para a praia, videogames e festas. Eu apenas sorria de canto, contando os segundos para voltar à minha rotina silenciosa no quarto, entre códigos, RPGs de mesa e as lives de ciência no YouTube. Eu nunca gostei muito do calor humano.
Mas tudo isso morreu naquela noite.
Cheguei em casa por volta das sete. Minha casa — uma mansão cercada por muros altos e portões eletrônicos no distrito de Setagaya — estava estranhamente silenciosa. Era para minha irmãzinha, Aiko, de dez anos, estar correndo pela sala com sua boneca Akemi nas mãos. Minha mãe provavelmente estaria preparando chá ou regando as orquídeas no jardim.
Mas havia algo no ar.
Silêncio demais.
O portão estava destrancado. A porta da frente escancarada. E o cheiro... Deus, o cheiro de ferro quente e carne queimada… ficou impregnado na minha memória como uma maldição.
Entrei, o coração disparando no peito. Minhas pernas tremiam.
Foi no corredor principal que vi. Primeiro, o corpo pequeno da Aiko, jogado como uma boneca quebrada, a cabeça inclinada de um jeito antinatural, os olhos abertos… sem alma. Ao lado dela, minha mãe. O quimono branco manchado de vermelho, o olhar congelado no teto. Havia uma tatuagem desenhada com sangue na parede: um símbolo que eu não reconheci de imediato, mas que depois aprenderia ser de um grupo rival, traidores dos antigos códigos da Yakuza.
Eu caí de joelhos. Senti o mundo despencar. Meu grito saiu seco, quebrado, como vidro estilhaçado.
Eles tinham feito aquilo comigo. Com a minha família. Enquanto meu pai estava em Osaka, resolvendo negócios. Eles sabiam. Esperaram o momento perfeito, o único em que o leão não estava na toca.
E foi assim que minha infância acabou.
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Durante o enterro, nenhum parente apareceu. Só eu. Nem meu pai conseguiu voltar. Ele me ligou de um número desconhecido, a voz trêmula, carregada de culpa. Disse para eu ficar na casa da família em Hakone até ele resolver tudo. Mas algo dentro de mim já havia quebrado. Eu não queria me esconder. Eu queria sangue.
Na manhã seguinte, entrei no quarto do meu pai. Pela primeira vez. Um lugar proibido até então. Lá dentro, encontrei o que procurava: documentos, contatos, arquivos sobre os clãs, inimigos, aliados, códigos antigos. Era um mundo paralelo, escondido atrás da fachada de empresário bem-sucedido. E mais do que isso: encontrei a tatuagem original da linhagem Nakamura. Um dragão ascendente de olhos vermelhos. Aquela imagem se cravou em minha mente como uma promessa.
Na semana seguinte, fui ao estúdio de tatuagem em Shibuya, escondido no subsolo de um bar. O tatuador era um velho amigo do meu pai, chamado Kenji. Ele me reconheceu no instante em que me viu. Tentou me dissuadir. Disse que eu ainda era um garoto. Que aquilo era um caminho sem volta.
Eu só disse uma frase:
**— Eles mataram minha irmã.**
Três dias depois, minha pele ardia como fogo. O dragão estava lá. Vivo. Guardião da minha vingança.
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Minhas férias não foram feitas de mar, sol ou descanso. Foram feitas de aço, dor e silêncio.
Acordava às cinco da manhã. Corria até meus pulmões queimarem. Fazia centenas de flexões, abdominais, socos no saco de pancada velho no porão. À tarde, treinava com um velho sensei de kenjutsu que meu pai havia contratado anos atrás para me ensinar etiqueta samurai. Agora, ele me ensinava a matar.
Meus dedos, antes suaves de tanto digitar, ficaram cobertos de calos. Meus braços começaram a ganhar volume. Os músculos surgiram onde antes havia ossos à mostra. Minha mente, antes cheia de teorias e jogos, agora só pensava em estratégia, dor e justiça.
Passei dias inteiros estudando os rivais. O símbolo deixado na parede, descobri, pertencia ao clã Karasuma, um grupo que havia sido expulso da aliança anos atrás por tentar traficar crianças. Meu pai havia jurado caçá-los. Mas eles voltaram. E começaram por mim.
No espelho, já não via mais o mesmo Akira.
Meus olhos carregavam algo novo. Algo escuro. Um tipo de ódio que só nasce quando te arrancam tudo.
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Em uma noite chuvosa, sentei diante do altar com a foto de minha irmã e minha mãe. Acendi um incenso. Minhas mãos tremiam menos agora. Minhas costas doíam com o peso da tatuagem. Mas meu coração estava calmo.
Prometi em voz alta:
**— Vocês não morreram em vão. Eu vou encontrá-los. Um por um. E o dragão vai acordar.**
As férias ainda não tinham acabado. Mas eu já não era mais um estudante comum. Eu era uma sombra. Um herdeiro do submundo. Um nerd que o inferno forjou em fogo e sangue.
E esse foi só o começo.
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Atualizado até capítulo 33
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