A manhã seguinte trouxe novo encontro. O restaurante do hotel estava cheio de aromas — café recém-moído, croissants dourados, perfume de poder. Ali, contratos eram fechados, alianças firmadas, sorrisos serviam como armas.
Isadora apenas queria limpar mesas.
— Mesa três precisa ser liberada — murmurou Luan, o garçom. — O executivo grego pediu aquela vista.
Ela suspirou e foi. E lá estava ele.
Sentado em poltrona de couro branco, o tablet na mão, semblante sério. O terno azul-marinho, camisa branca impecável. Nada nele era exagerado, mas tudo nele chamava atenção. Stephanos Theodorakis Vasilis parecia feito para aquele cenário luxuoso.
Até que ergueu os olhos.
E a viu.
O mundo parou outra vez.
A bandeja na mão dela tremeu. Ela desviou o olhar, corando, fingindo foco. Mas a voz grave dele quebrou o ar:
— Senhorita?
Ela parou. Virou-se devagar. Ele estava de pé, elegante, imponente, como se o resto da sala não existisse.
— Sente-se comigo. Por favor.
— Perdão, senhor? Eu estou em serviço.
Ele sorriu, não com arrogância, mas com suavidade.
— Só por um minuto. Prometo que não vou causar problemas à sua supervisora. Prefiro meu café com boa companhia.
O coração dela vacilou. Contra todas as regras, assentiu. Sentou-se, mãos entrelaçadas no colo.
— Qual o seu nome? — perguntou.
— Isadora.
Ele repetiu, como se provasse o som.
— Bonito. Firme. Espanhol?
— Espanhol-americano.
Ele assentiu.
— Stephanos. — Estendeu a mão.
O toque foi firme, mas respeitoso. Quente. Real.
— E costuma chamar funcionárias para o café? — ela arriscou.
Ele sorriu de canto.
— Nunca. Você foi a primeira.
O ar faltou nos pulmões dela. Desviou o olhar.
— Deve dizer isso a todas.
— Eu nunca digo o que não sinto.
Silêncio. E foi confortável.
Até o rádio da recepção chiar: “Isadora, retorno imediato à lavanderia”.
Ela suspirou, levantou-se.
— Foi um prazer, senhor Vasilis.
— Stephanos — corrigiu, firme e gentil.
Curvou-se levemente, quase como um cavalheiro antigo.
— Obrigado pelo café silencioso.
Ela saiu. E soube que algo mudou.
Stephanos não conseguiu se concentrar nos contratos. Isso era raro. Sempre fora impecável em negócios, mas agora a imagem dela o perseguia. A funcionária de uniforme simples, olhar reservado, corpo curvilíneo. Havia nela uma dignidade que nenhuma herdeira de fortuna conseguira reproduzir.
Na reunião, o assistente falava sobre cláusulas, mas sua mente vagava: Isadora.
Mais tarde, discretamente, pediu acesso ao sistema do hotel. Precisava de algo além do primeiro nome. Encontrou: Isadora Rivera Walsh. O “Rivera” chamou atenção. Sangue espanhol. História para desvendar.
No fim do expediente, ao sair para respirar, a viu de novo. Do outro lado do estacionamento, ajudava um senhor a entrar num táxi. O homem parecia cansado, roupas simples, olhar apagado. O carinho dela ao ajeitar o casaco dele não deixava dúvidas. Era o pai.
Um aperto invadiu o peito de Stephanos. Não sabia por quê. Mas percebeu, em um gesto simples, que aquela jovem carregava o mundo nos ombros.
Isadora, por sua vez, sentia o olhar dele. Mesmo sem virar, sabia que estava sendo observada. E o nome ecoava nela como um feitiço perigoso: Stephanos Vasilis.
Naquela noite, voltou para o trabalho. Seu nome estava no papel: suíte 1105. O coração disparou.
Bateu na porta, entrou com as toalhas. Ele estava lá, de frente para a janela. Virou-se quando ouviu passos.
— Boa noite, Isadora.
Ela estremeceu.
— Boa noite, senhor Vasilis.
— Stephanos — corrigiu, de novo.
Ela se aproximou, colocou as toalhas. Estava pronta para sair, mas ele a deteve com uma pergunta suave:
— Seu pai está bem?
Ela congelou.
— Eu o vi mais cedo — explicou. — Você cuidou dele com tanta atenção… me lembrou algo que ando esquecendo há tempo.
A garganta dela apertou.
— Ele é tudo que eu tenho.
— E você é tudo que ele tem?
Ela apenas assentiu.
Por dentro, um turbilhão. Como aquele homem sabia olhar dentro dela?
— Se precisar de ajuda, conheço médicos, clínicas…
— Não. — A voz dela saiu firme. — Estamos bem.
Ele não se ofendeu. Sorriu, respeitoso.
— Entendo. E admiro.
Por um instante, apenas silêncio. Ele então estendeu a mão:
— Boa noite, Isadora.
Ela a apertou. E sentiu algo pulsar, perigoso, irreversível.
Naquela noite, deitou-se sabendo que sua vida não seria mais a mesma.
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Atualizado até capítulo 125
Comments
Creuza De Jesus Oliveira Alves
Nossa to amando comecei a Le dia 2-9 as 10 hora parabens autora sua história tá muito linda
2025-09-02
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Francis Damasceno
Será que Stephanos não faz parte da família para quem o pai de Isadora trabalhou?
2025-08-31
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Anita Siilva
essa gentileza tenha medo que a porrada e grande/Grin//Grin//Grin//Grin//Grin//Grin/
2025-07-22
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