Um corpo de guerra

Lara estava deitada de lado, lendo o contrato de novo — como se reler fosse aliviar a vontade de arrancar a página onde dizia “convívio íntimo e público”. A porta do quarto estava fechada, o abajur aceso, o quarto perfumado com lavanda. E ela, num robe de cetim preto, tentando achar paz onde só existia caos.

Então, ouviu a maçaneta girar.

— Não, não, não... — murmurou.

A porta se abriu com a audácia de quem sabe que pode. E ali estava ele.

Santiago.

Cabelos úmidos da ducha. Corpo molhado e musculoso como se tivesse saído de uma maldita propaganda de perfume. E o detalhe principal: cueca preta e NADA mais. Calvin Klein, claro. Porque o safado não dava ponto sem nó.

— Esse quarto tem uma vista melhor. — ele disse, entrando sem cerimônia. — E como agora somos oficialmente casados...

— Santiago, o que você tá fazendo aqui?! — Ela se levantou num pulo, agarrando o robe como se aquilo fosse impedir o fogo interno de subir.

— Reivindicando meus direitos de marido. — ele deitou na cama, braços atrás da cabeça, como se estivesse num resort cinco estrelas. — Relaxa. Não vou te tocar. A menos que você peça, claro.

— Você é um cretino.

— Um cretino de cueca, no seu travesseiro. Vai acostumando.

Lara virou de costas, apertando os olhos, mas era tarde. Ela já tinha olhado. Tinha visto cada músculo das coxas, o abdômen definido, os ombros largos. O maldito V da cintura. Ela odiava como o corpo dele parecia esculpido pra provocar raiva... e desejo.

— Esse quarto é meu. — ela disse, entre dentes.

— Esse casamento é nosso. E essa cama... — ele deu dois tapinhas no colchão. — Tem espaço pra dois. Fica tranquila. Vou dormir do meu lado. E de cueca. Sempre.

Ela pegou uma almofada e lançou contra ele, mas ele só riu. A risada grave, arrastada, de quem sabia exatamente o que estava fazendo.

— Boa noite, esposa.

— Vai pro inferno, Santiago.

— Já estou nele. E você é o fogo.

A luz da manhã filtrava-se pelas cortinas, suave e quente, como se o universo quisesse enganar Lara dizendo que aquele dia seria tranquilo.

Mas não seria.

Lentamente, ela começou a se mexer, ainda presa no torpor do sono. Seu corpo estava quente, confortável... e aninhado.

Muito aninhado.

Seus dedos estavam sobre algo... estranho. Firme. Quente. Vivo.

Ela abriu os olhos devagar, sentindo o cheiro amadeirado que conhecia bem demais. O peito largo sob sua bochecha subia e descia devagar. A mão dela estava... onde não devia. Exatamente ali.

Ela travou. E nesse momento, como se o destino quisesse brincar um pouco mais, Santiago abriu os olhos.

Ele não se mexeu. Só a observou por um instante, com um leve sorriso nos lábios, preguiçoso e perigosamente satisfeito.

— Bom dia, esposa. — disse, a voz rouca e grave de sono.

Ela piscou, em pânico, ainda imóvel.

— Sua mão... — ele murmurou. — Tá exatamente onde todo marido gostaria que começasse o dia.

Ela arregalou os olhos.

— MEU DEUS!

Largou o “amigão” dele como se tivesse tocado numa panela fervendo, e rolou pro outro lado da cama em desespero, os cabelos todos bagunçados.

Santiago se espreguiçou, rindo com a calma de um cafajeste olímpico.

— Não precisa se assustar. Você tava indo bem. Achei que ia continuar…

— Cretino! — ela gritou, escondendo o rosto no travesseiro. — Você devia ter me acordado!

— E perder essa cena? Jamais. Você praticamente me acariciava como se estivesse sonhando com um final feliz.

— EU VOU TE MATAR.

— Mas antes, quer um café? — Ele se levantou devagar, cueca ainda no comando da situação, e caminhou até o banheiro. Antes de fechar a porta, virou-se com um olhar maroto.

— Fica tranquila, esposa. Isso acontece nas melhores camas... com os melhores corpos.

A porta se fechou. E Lara gritou no travesseiro.

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