capítulo 5

(Narrado por Stiles)

A primeira vez que vi Derek Hale de perto, minha reação foi bem simples, direta e absolutamente madura:

— Putz.

Sério. Porque, assim... Ninguém, absolutamente ninguém, tem o direito de ter aquele nível de maxilar quadrado, aqueles olhos verdes intimidantes e aquele andar de “vou te encarar até você virar poeira”.

Ele apareceu do nada. Tipo, literalmente DO NADA, surgindo da sombra feito um ninja traumatizado com o mundo.

— Vocês são burros ou querem morrer mesmo? — foi a primeira coisa que ele disse. Nem "oi", nem "boa noite", nem "vocês estão bem?" Nada. Só o bom e velho julgamento passivo-agressivo.

— Nossa, olá pra você também — respondi, cruzando os braços. — Sempre simpático, né? Você fez curso ou já nasceu assim?

Derek lançou aquele olhar dele. Você sabe qual. Aquele que parece que ele tá decidindo se te ignora, te bate ou te adota.

— Você deve ser o Stiles. — Disse meu nome como se estivesse testando se soava tão irritante quanto eu parecia.

— E você deve ser o Derek. — Sorri. — Já ouvi muito falar de você. Tipo... “Derek Hale, o lobo carrancudo”. Tem até fã-clube no meu cérebro.

Ele apertou os olhos, meio que segurando o impulso de rolar os deles até cair duro. — Você fala demais.

— Eu sei. As pessoas sempre dizem isso. É meio meu charme, sabe?

Lian tossiu do lado, tentando disfarçar o riso. Scott só passou a mão no rosto, do tipo “socorro, alguém cala ele antes que o Derek mate meu melhor amigo”.

Derek ignorou meu show particular, cruzou os braços — e, sério, os braços dele pareciam que tinham sido esculpidos por deuses gregos insatisfeitos com a humanidade — e então focou em Scott e Lian.

— Vocês dois precisam aprender a se controlar. Agora. Antes que machuquem alguém.

— A gente sabe — Scott respondeu, meio sem jeito. — Mas não sabemos como.

Derek respirou fundo, claramente pensando “por que isso sempre sobra pra mim?”, e então lançou um olhar cortante. — Eu ensino.

— Ah, ótimo. — Levantei a mão, sorrindo. — E eu? Recebo treinamento também? Tipo... como sobreviver a lobisomens mal-humorados e muito gostosos?

Ele virou o rosto na minha direção tão rápido que eu quase recuei. Quase.

— Você... fica fora do caminho — respondeu, seco. — Isso se quiser continuar vivo.

— Uau — fiz, piscando. — Que romântico. Mal chegou e já quer me matar.

Por um segundo, não sei se foi impressão minha, mas juro que vi o canto da boca dele querer subir. Só um milímetro. Tipo... quase um sorriso. Mas, claro, ele fechou a cara no segundo seguinte, porque, né, seria ilegal Derek Hale demonstrar qualquer traço de emoção que não fosse irritação existencial.

Ele olhou pros três, firme. — Amanhã. Floresta. Sem desculpas. Vocês vão aprender.

E, antes que qualquer um pudesse responder, Derek simplesmente sumiu nas sombras. Assim. Puf. Batman dos lobisomens.

Fiquei encarando o nada por uns segundos e depois soltei:

— Eu acho que acabei de ter uma epifania.

Scott suspirou. — Lá vem...

— Eu... — coloquei a mão no peito, dramático. — Acabei de descobrir que eu sou 70% sarcasmo, 20% ansiedade... e, aparentemente, 10% atração não saudável por caras com cara de quem pode me matar.

Lian quase se engasgou de tanto rir.

Scott balançou a cabeça, mas dava pra ver que ele tava segurando o riso também.

E foi assim que percebi que minha vida, que já era um completo desastre... tinha acabado de ficar ainda mais complicada.

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