( narrado por Stiles)
Quando Scott me ligou dizendo que “tinha algo errado”, eu achei que ia chegar na casa dele, fazer umas piadas, dar uma pesquisada no Google e sair com algum diagnóstico dramático, tipo... sei lá, intoxicação alimentar sobrenatural.
O que eu não esperava era dar de cara com Derek Hale na sala dele.
Cara... ele parecia saído direto de um filme. Sabe aquele tipo perigoso, de jaqueta de couro, cara fechada, olhar que parece atravessar sua alma e um ar de “eu poderia te matar agora, mas tô sem paciência”? É. Isso.
Ele encarava Scott com os braços cruzados, mas, quando me viu, arqueou uma sobrancelha.
— Ótimo — ele resmungou. — O falante tá aqui.
— Ei! — ergui as mãos. — Eu prefiro “gênio carismático e subestimado”, obrigado.
Derek ignorou. Óbvio.
— Você foi mordido — repetiu, voltando a encarar Scott. — Por um alfa. Isso te torna... um deles agora.
— Um deles...? — Scott gaguejou, arregalando os olhos.
Derek respirou fundo, como quem tava prestes a jogar uma bomba.
— Lobisomem.
Silêncio.
Eu olhei pro Scott. Ele me olhou de volta.
— Tá. Legal — falei, tentando processar. — Lobisomem. Isso explica... exatamente nada. Quer dizer, como assim? Isso não é coisa de filme?
— Não — Derek respondeu, seco. — É real. E perigoso.
Scott começou a respirar rápido. — Não, não, não. Isso não pode ser real. Eu... eu sou só... eu sou só...
— Um adolescente mordido — Derek cortou, firme. — E a partir de agora, sua vida nunca mais vai ser a mesma.
Scott começou a andar de um lado pro outro, passando as mãos pelos cabelos. — Isso explica... Isso explica tudo! Meus sentidos, minha força, a visão... mas... mas eu não quero isso!
Derek apertou a mandíbula, se aproximando. — Não é uma questão de querer. Já é.
Eu respirei fundo, cruzando os braços. — Tá, e... e agora? O que a gente faz? Ele... sei lá, vai se transformar e sair atacando pessoas toda lua cheia?
Derek me lançou um olhar. — Não é assim que funciona.
— Ah, desculpa, senhor lobisomem-profissional. Aparentemente você é especialista em “não é assim que funciona” — retruquei, sarcástico.
Ele cerrou os olhos, irritado. E, cara, eu juro, por um segundo eu achei que ele ia me esganar.
— Stiles — Scott me chamou, desesperado. — Isso... isso não tá acontecendo, né?
E antes que eu pudesse responder, Derek deu um passo à frente, segurou Scott pela gola da camisa e o olhou nos olhos.
— Escuta bem, garoto — sua voz era baixa, grave, quase um rosnado. — Isso é real. E você precisa aprender a controlar... antes que machuque alguém que você ama.
Scott engoliu em seco. — E... e se eu não conseguir?
O olhar de Derek ficou mais sombrio. — Então alguém vai ter que fazer isso por você.
E, naquele instante, o que antes parecia um problema absurdo, virou pânico. Porque eu percebi que não era só uma mordida. Não era só uma maldição.
Era uma sentença. Uma linha tênue entre ser humano... e ser um monstro.
(Narrado por Scott )
Depois que Derek jogou aquela bomba e desapareceu no meio da noite — sério, aquele cara tem talento pra desaparecer dramaticamente —, eu fiquei olhando pro teto do meu quarto, perguntando pra mim mesmo se tudo aquilo era real.
Só que... era.
O cheiro. Os sons. A fome. Tudo... aumentado.
Mas não era só isso. Tinha uma coisa... uma energia, algo que queimava sob minha pele. Uma sensação estranha, como se tivesse algo dentro de mim prestes a explodir.
E, claro, foi no pior momento que aconteceu.
Minha mãe tava dormindo. E Lian... Lian tinha vindo aqui, dizendo que precisava conversar.
— Scott, você sumiu hoje — ele disse, cruzando os braços, claramente preocupado. — Tá tudo bem?
Olhei pra ele. E, pela primeira vez, percebi... eu sentia o cheiro dele. Da pele dele, do perfume, do batimento acelerado...
E, cara, ele cheirava... bem. Tipo, absurdamente bem.
— Eu... eu não sei como te explicar — falei, me afastando um pouco, tentando manter distância. — Aconteceu uma coisa.
Ele arqueou uma sobrancelha. — Que coisa?
Abri a boca pra falar, mas foi aí que bateu. Uma dor. Forte. Meu corpo inteiro pareceu queimar. Me curvei, segurando o próprio abdômen, sentindo as unhas... crescendo.
— Scott? — ele se aproximou, assustado. — O que tá acontecendo?
— Não chega perto! — gritei, lutando contra o próprio corpo. — Eu... eu não sei se consigo me controlar!
Ele parou. Olhou nos meus olhos. E então... algo estranho aconteceu.
O cheiro dele mudou. E, por um segundo, seus olhos — juro — ficaram dourados.
— Scott... — ele sussurrou, levando a mão ao próprio peito. — Tem... tem algo errado comigo também.
A dor explodiu nele quase ao mesmo tempo. Caiu de joelhos, gemendo, segurando os braços enquanto as veias escureciam e os dentes... cresciam.
— NÃO — gritei, indo até ele. — NÃO, LIAN!
E foi aí que eu percebi.
Não era só eu. Ela também tinha sido mordido.
E, juntos... a gente ia descobrir que o mundo nunca mais seria o mesmo.
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Atualizado até capítulo 34
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