Entre Cicatrizes e Sarcasmo
( narrado por Stiles)
Sabe quando sua vida tá uma bagunça, mas você se convence de que é uma bagunça controlada? É. Isso era exatamente eu.
Eu, Stiles Stilinski, filho do xerife mais durão de Beacon Hills e... aparentemente, o único cara nesse universo que ainda acreditava que o mundo funcionava de maneira lógica. Pelo menos até ontem. Porque, sério, depois de ontem, lógica foi pro ralo junto com a minha sanidade mental.
Tudo começou quando Scott, meu melhor amigo — e parceiro oficial em más decisões —, me arrastou pra floresta de madrugada. Por quê? Porque alguém resolveu espalhar por aí que tinha um corpo largado no meio da reserva florestal. E claro, dois adolescentes perfeitamente racionais como nós fariam o quê? Ignorariam, né?
Óbvio que não. A gente pegou lanternas e foi.
— Isso é uma péssima ideia, Stiles — Scott resmungou, tropeçando em um galho. — Tipo... péssima real.
— Péssima ideia é não vir — rebati, me esquivando de um arbusto que parecia ter desenvolvido dentes. — Imagina se realmente tem um corpo? Cara, isso é coisa de filme!
— Justamente, Stiles! — ele retrucou, olhando em volta, tenso. — E sabe o que acontece nos filmes? Quem vai procurar o corpo... morre.
Rolei os olhos. — Relaxa, Scott. Se tem uma coisa que a gente tem... é sorte.
Corta pra: eu, dez minutos depois, absolutamente certo de que aquele som vindo dos arbustos NÃO ERA UMA RAPOSA.
— Você ouviu isso? — sussurrei.
— Ouvi — Scott respondeu, arregalando os olhos. — Eu ouvi MUITO ISSO.
Começamos a correr. Porque claro, se tem uma coisa que a gente faz bem, é correr de coisas que a gente nem sabe o que são.
Mas então... aconteceu.
Um rosnado. Não um rosnado normal. Era grave, gutural, cheio de uma promessa implícita de "vocês são meu jantar". E antes que eu pudesse fazer qualquer piada pra aliviar a tensão, vi algo pular. Rápido. Uma sombra enorme.
E então, Scott gritou.
Me virei a tempo de ver ele sendo jogado no chão, algo — uma coisa enorme, peluda, com garras e olhos brilhando — cravando os dentes no lado dele.
— SCOTT! — gritei, correndo até ele. Peguei um galho — sim, um galho, como se isso fosse fazer alguma diferença — e comecei a bater na criatura.
Pra minha surpresa, ela recuou. E desapareceu no meio da mata, como se nunca tivesse estado ali.
Me ajoelhei ao lado de Scott, que segurava o lado do tronco, ofegante, gemendo de dor.
— Cara... você tá bem? — perguntei, desesperado.
— Acho que sim... — ele respondeu, mas quando tirou a mão... o rasgo estava lá. Profundo. Sangrando muito. — Tá, não. Definitivamente não tô bem.
Ajudá-lo a levantar e correr de volta pra casa foi o segundo maior feito da minha vida. O primeiro? Ter sobrevivido aquela noite.
Ou pelo menos... foi o que eu achei .
( narrado por Scott)
Quando acordei no dia seguinte, a primeira coisa que notei foi... que eu não tava morto. O que, sendo sincero, já era um bônus. A segunda coisa? Que eu tava me sentindo... estranho.
Tipo, muito estranho.
Minha audição parecia ligada no máximo. Eu conseguia ouvir cada folha se mexendo lá fora, o tic-tac irritante do relógio da sala, até o coração do meu cachorro batendo.
E o cheiro. Meu Deus, o cheiro. Cada aroma parecia ampliado em mil. Era como se eu nunca tivesse realmente sentido cheiro de nada antes.
Quando levantei, percebi outra coisa bizarra. Meu corpo... parecia mais forte. Tipo, muito mais forte. A dor? Sumiu. O ferimento? Desapareceu.
Peguei o celular, mãos tremendo.
— Stiles — falei assim que ele atendeu. — Tem... tem algo muito errado comigo.
— Ah, sério? — ele respondeu, irônico. — Jura? Porque, sabe, ser atacado por uma coisa com dentes do tamanho do meu antebraço geralmente tem esse efeito nas pessoas!
— Não tô brincando. Eu... eu ouço tudo. Sinto tudo. E... cara, eu tô vendo coisa que não devia ver!
— Vendo o quê?
— Eu consigo ver pessoas a três quarteirões daqui! E... e tem um cheiro estranho vindo de... pera — me levantei, andando até a janela. — Tem alguém no telhado da casa do senhor Whitmore.
— O quê?! — Stiles praticamente gritou. — Scott, ou você tá tendo um surto, ou...
Ele não precisou terminar a frase. Porque nesse exato segundo, a porta da minha casa se abriu. E não foi minha mãe.
Era ele.
Alto, ombros largos, cara de poucos amigos, uma barba por fazer, olhos verdes que pareciam atravessar sua alma.
Derek Hale.
E eu não sabia muito sobre ele, além das histórias que circulavam pela cidade. Tragédias, incêndios, mortes. E que ele tinha sumido por anos, até reaparecer agora... mais sombrio do que nunca.
Ele me olhou de cima a baixo, com aquele jeito que fazia você se perguntar se devia fugir... ou se ajoelhar.
— Você foi mordido — ele disse, sem rodeios. — Não é?
— C-como você sabe? — gaguejei.
Ele cruzou os braços. — Porque eu sinto. E, se você acha que o que tá acontecendo com você é estranho... — ele deu um meio sorriso, que não tinha absolutamente nada de divertido. — ...bem-vindo ao meu mundo.
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Atualizado até capítulo 34
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