Capítulo 4 – C.S.I. Amor: Investigação no Armário 172

Existe um momento na vida de toda garota romântica em que ela percebe que talvez, só talvez, esteja delirando. Pra mim, esse momento aconteceu no meio do corredor 3B, quando abri meu armário e encontrei o segundo bilhete. Aquela caligrafia impecável, o papel dobrado com carinho, o “— A.” assinado como se fosse uma cena de série teen da Netflix.

Mas quem era “A”?

Era o Gustav, que disse não ter sido ele, mas talvez estivesse só sendo tímido?

Ou... era Rafael, o cara misterioso do desenho da margarida?

Ou — Deus me livre e guarde — era algum aluno aleatório da escola com um caso sério de crush não resolvido e zero noção de contexto?

Não dava mais pra esperar.

Reuni o grupo de apoio na sala de artes, nosso novo QG oficial. Luz natural, cheiro de tinta e privacidade pra falar besteira em alto nível.

— A missão agora é séria — eu disse, passando as evidências como se estivesse num tribunal. — Dois bilhetes. Uma flor. Um possível autor. Ou dois. Ou três. A gente tem que descobrir quem é o “A”.

Luca revirou os olhos, mas já tava anotando tudo num caderno.

— Isso aqui virou “Pretty Little Liars” versão Ensino Médio. Adoro.

— Vamos organizar os suspeitos — sugeriu JJ, puxando o notebook. — Gustav: negou, mas pode estar mentindo. Rafael: tem o desenho da margarida e a vibe de quem lê livros de poesia na madrugada.

— E se for um terceiro elemento? — perguntou Marcela, com as mãos em forma de pirâmide. — Alguém que tá sempre por perto... mas ninguém nota?

( todos ficam em Silêncio por 5 segundos). Todo mundo se virou lentamente pra Bibi.

— Que foi, seus doidos? Eu não gosto da Juliana! — ela se defendeu, quase engasgando com o suco.

— Desculpa, protocolo investigativo. A gente precisava checar — respondi.

Cena Extra: O Plano Infiltrado

O novo plano era o seguinte: na próxima aula de educação física, Gustav e Rafael estariam juntos no time de vôlei. Enquanto isso, Luca e Marcela vasculhariam os armários de ambos em busca de qualquer coisa comprometedora: papel de carta, flor, caneta com cheiro, bilhetes rasgados... qualquer pista.

Eu e Bibi ficaríamos na arquibancada. Observando tudo com binóculo e batata frita.

E foi ali, do alto das arquibancadas, que o caos começou.

Gustav jogava como se tivesse saído direto de um filme de esportes: firme, focado, camisa meio suada (pausa dramática), e aquele cabelo bagunçado de propaganda de shampoo masculino.

Mas Rafael...

Ele jogava sério. Intenso. Não era o melhor do time, mas tinha um jeito... hipnotizante. Um olhar que parecia observar tudo, como se soubesse que eu tava ali em cima, olhando.

E então, num saque mal calculado, a bola veio direto em mim.

Acertou minha testa. A batata frita voou. Eu gritei como um guaxinim assombrado.

E Rafael correu até mim.

— Você tá bem? — ele perguntou, ajoelhando ao meu lado, enquanto eu ainda via três versões dele ao mesmo tempo.

— Sim... acho que... só perdi a dignidade. Mas ela é acostumada a fugir — murmurei, tentando parecer normal mesmo com fritas no cabelo.

Ele riu. Um sorriso pequeno, mas real.

E foi nesse momento que percebi: Rafael tinha covinhas.

Droga. Covinhas.

Relatório de Espionagem (Missão Falha)

No grupo do WhatsApp:

Luca: missão abortada. A inspetora apareceu. Quase fui suspenso. Armário do Gustav tava trancado. Armário do Rafael? vazio. Não encontrei nadinha.

Marcela: mas o vazio também é uma resposta, pensem nisso.