No dia seguinte, acordei como protagonista de comédia romântica dos anos 2000. Sabe aquelas que andam de bicicleta com vento no rosto e trilha sonora da Avril Lavigne? Pois é. Tudo por causa da bendita margarida entregue na porta da minha casa com um bilhetinho:
“Para alguém que ilumina o dia como o sol ilumina as flores. – A.”
A. De amor. De alma gêmea. De absolutamente Gustav, só pode.
Eu nem dormi. Fiquei criando playlists que combinavam com o nosso primeiro beijo (ainda hipotético) e escolhendo nomes pro nosso cachorro (talvez Romeu?).
Cheguei na escola me sentindo a Miss Universo da paixão. Cabelo escovado. Blush na medida. Perfume doce com notas de “sou romântica, mas também ousada”.
Assim que avistei Gustav no corredor, meu corpo parou. Tipo estátua de museu. Ele estava encostado no armário, mexendo no celular, com aquela cara de quem ouve jazz ou música francesa, sei lá.
Respirei fundo. Caminhei até ele com toda a confiança que não tinha.
— Oi... Gustav! — sorri com o mesmo nível de nervosismo de quem tá prestes a fazer ENEM de surpresa.
— Oi, Juliana! Tudo bem?
Pronto. Voz suave. Gentil. Sorriso brilhante. Ele é o autor da flor. Tava confirmado.
— Muito obrigada pela flor... e o bilhete... e tudo.
— Flor?
Silêncio.
— A... a margarida. Que chegou ontem. Achei que... talvez tivesse sido você.
Ele piscou. Confuso. Bem confuso. Tipo “essa garota tá delirando ou confundindo meu nome com o entregador?”
— Nossa, não fui eu, não. Mas… que gentil, né? — ele disse, sorrindo, meio sem jeito.
BAQUE. O chão sumiu. O mundo virou tela azul. “Não fui eu”, disse o alemão, destruindo todos os meus sonhos em menos de dois segundos.
— Ah… claro, é... hahaha... só... foi um engano mesmo. Coisa boba. — Rir de nervoso? Sim. Recuar em câmera lenta? Também.
Afastei-me fingindo naturalidade, tipo: “Oi, não tô humilhada, só tô indo pegar um lanche imaginário na cantina”.
Cena Extra: Um Novo Personagem Entra no Jogo
Durante a aula de biologia, a professora pediu um trabalho em dupla. E o destino, esse brincalhão sádico, me colocou com ninguém menos que Rafael Santos.
Popular. Misterioso. O tipo que nunca fala muito, mas quando fala, todo mundo escuta. Cabelo escuro, olhos intensos, e uma vibe “sou reservado, mas talvez seja perigoso (ou só tímido mesmo)”.
— Oi — ele disse, puxando a cadeira ao meu lado. — Acho que a gente tá junto no trabalho.
— É… é. É sim. É. — Eu. Sempre tão articulada quanto uma porta emperrada.
Rafael abriu o caderno, calmamente. E foi ali, bem no canto da capa, que eu vi algo que fez meu cérebro pifar: uma margarida desenhada. Simples. Pequena. Mas igual à que recebi.
Coincidência?
A de Rafael? Não fazia sentido.
Mas no fundo… um sussurro começou a ecoar na minha mente:
E se não for Gustav? E se tiver alguém me observando de verdade?
No fim da aula, fui abrir meu armário. E lá estava outro bilhete:
“Você merece ser notada todos os dias. Hoje foi só o começo. — A.”
Meu coração bateu. Forte. Rápido. Caótico.
Olhei discretamente pro corredor. Gustav falava com uns meninos do time de vôlei, rindo. Rafael passou por mim e olhou, sério, direto nos meus olhos.
Eu tremi.
Não sei por quê. Mas tremi.
E foi aí que percebi: a guerra do coração tava só começando.
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Atualizado até capítulo 41
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