No dicionário Julianês de Desespero Amoroso, “Operação Crush” é definida como: “projeto de vida, plano tático e emocional focado em conquistar alguém completamente inalcançável, com risco alto de vergonha pública e zero chance de sucesso. Mas vamo assim mesmo.”
Na hora do intervalo, eu estava mais elétrica que criança depois de Fanta Uva. Tudo por causa do bilhete. O bilhete. Aquele pedacinho de papel que piscava na minha mente como letreiro de neon: “SEU CRUSH É UM PRÍNCIPE E ESTÁ TE ENVIANDO SINAIS.”
— Aaaaaah, isso foi ele! Tem que ter sido ele! — sussurrei/berrei pra Bibi enquanto mordia meu pão de queijo sem foco.
Bibi, que já me conhece desde o fundamental (e, por isso mesmo, deveria receber salário por me aturar), cruzou os braços e me olhou com aquele olhar típico de “ai, lá vem”.
— Ju... gata... tu conhece o cara há UM dia. E já tá atribuindo bilhetes de amor como se fosse o Tinder?
— Não é qualquer bilhete! É POÉTICO! FALOU DO MEU SORRISO! NINGUÉM FALA DO MEU SORRISO DESDE O DENTISTA!
Ela respirou fundo. E aí chegaram os reforços.
Luca: gay, desbocado, especialista em fofoca e referência máxima de estilo. JJ: nosso gamer antisocial, mas gênio da internet. E Marcela: esotérica, terapeuta não licenciada e dona de uma aura misteriosa. Nossa versão adolescente dos Vingadores.
— Ok, equipe — eu disse, dramatizando como se fosse líder de missão secreta —, temos um objetivo. Descobrir TUDO sobre Gustav Müller. Do CPF ao signo. Principalmente: se ele gosta de mim.
— Ou se ele gosta de... meninos — Luca falou, casual, tomando seu suco.
Silêncio.
— Hein? Como assim? — arregalei os olhos.
— Nada! Só joguei no ar. Intuição gay. Mas vamos descobrir tudo logo.
— Tá, vamo organizar essa joça — disse JJ, já ligando o notebook como se estivesse hackeando a NASA. — Preciso do nome completo, data de nascimento, rede social e, se possível, o nome da cachorra da avó.
— Eu posso checar a aura dele amanhã — disse Marcela, pegando uma ametista da mochila. — Ver se tem energia romântica flutuando entre ele e a Juliana.
— Eu sigo ele até a saída hoje — disse Luca, já abrindo uma barra de cereal. — Disfarçado, claro. Me chamem de Léo Dias do amor.
E assim começou a primeira missão da Operação Crush. Com um QG improvisado na mesa da cantina e mais loucura do que estratégia.
Cena Extra: Gustav e o Mistério
No fim da aula, Gustav saiu um pouco antes. E quem estava lá, de mochila nas costas e passos silenciosos como ninja de reality show? Luca, é claro.
Ele seguiu Gustav até a entrada da escola. Observou. Anotou.
Mais tarde, na nossa videochamada de grupo, veio o relatório:
— O boy saiu ouvindo música nos fones. Eu fui atrás, fingindo estar no celular. Ele parou na frente da floricultura da esquina. E comprou uma flor. Uma margarida.
— Margarida??? A flor do meu caderno! — gritei.
— Coincidência? Eu acho que não — disse Marcela, acendendo um incenso.
— E sabe o que mais? — completou Luca. — A flor foi entregue na sua casa por delivery, vinte minutos depois.
BOOM.
Coração na boca. Respiração falhando. Garganta seca. Pirei. Em caixa alta.
— AAAAAH ELE ME AMA! É O DESTINO! FOI ELE! FOI ELEEEE!!!
(Spoiler de novo: não foi. Mas eu não tava pronta pra lidar com isso ainda.)
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Atualizado até capítulo 41
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