SOCORRO, ME APAIXONEI POR UM CARA GAY
Se o amor fosse uma equação matemática, eu já estaria em recuperação desde a sexta série. Mas não, eu insisto. Insisto como quem joga pedra na lua esperando um “tô bem, e você?” de volta.
Meu nome é Juliana Almeida, tenho 16 anos, sou romântica incurável e, segundo minha mãe, tenho talento pra sofrer por antecipação. Terceiro ano do ensino médio no Colégio Horizonte Azul e minha missão era simples: não surtar. Evitar dramas. Focar no vestibular. E, se o universo fosse legal, talvez beijar alguém que não fosse minha almofada do BTS.
Mas aí... ele chegou.
A primeira segunda-feira do semestre é sempre meio trágica: olheiras coletivas, professores revivendo traumas das férias e a cantina vendendo pão de queijo como se fosse ouro. Eu tava encostada no meu lugar, organizando canetas coloridas, quando a porta da sala abriu. Com ele. Gustav Müller. Três palavras: de. cair. o. queixo.
Alto, cabelo castanho claro bagunçado de um jeito intencionalmente sexy, olhos verdes com potencial de hipnose, e uma vibe de “sou misterioso, mas gentil, e talvez saiba tocar piano olhando nos seus olhos”. E o uniforme? No corpo dele, parecia editorial de moda.
— Esse é o Gustav, turma — anunciou a professora Rita, com um sorriso meio cúmplice. — Veio da Alemanha. Sejam gentis, hein?
ALEMANHA. Como assim, professora? Isso aqui é aula ou episódio novo de “Elite”?
Meu coração disparou. Senti como se tivesse levado um soco no peito... coberto de glitter. Gustav olhou ao redor da sala com um sorriso tímido, e por um instante — juro! — nossos olhares se cruzaram. Eu gelei. Travei. Talvez tenha babado um pouco. Normal.
— Pode sentar ali atrás da Juliana — completou a professora, apontando na minha direção.
“DEUS EXISTE E TÁ INVESTINDO EM MIM.”
Ele caminhou até minha carteira. Aquela passada firme, confiante. O tipo de andar que grita “eu escuto The Weeknd e tenho segredos”. Quando se sentou, o perfume dele me atingiu como um abraço. Um abraço de nuvem. De flanela cara. De comercial de shampoo.
— Oi, sou o Gustav — ele disse, com um sotaque leve, uma voz grave e calma que me fez esquecer a tabuada.
— Eu sou... sua futura esposa. Quer dizer... Juliana. Só Juliana mesmo. — Parabéns, Juliana. Mais um recorde mundial de vergonha alheia.
Ele deu uma risada sincera. Que risada, minha nossa. Se aquilo fosse trilha sonora, eu dançava até sem ritmo.
Fingi mexer no estojo, desesperada pra disfarçar o vermelho no meu rosto. O que eu não sabia — ou fingia não saber — era que ali começava a maior confusão emocional da minha vida.
Cena bônus: "Spoiler do destino"
No final da aula, fui até meu armário pegar um livro esquecido. E então eu vi.
Um bilhete colado do lado de dentro da porta:
“Seu sorriso é mais bonito que qualquer equação. — A.”
Minha alma saiu do corpo. Meus olhos brilharam. Um bilhete. Com letra bonitinha. Romântico. Fofo. Matemático. Quem era A? Será que era o Gustav? Ele tinha notado meu sorriso?
Claro que sim. Só podia ser ele.
Spoiler: não era.
Mas a burra aqui vai acreditar por mais uns trinta capítulos.
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Atualizado até capítulo 41
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