Segredos Entre Paredes

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**Anna Lúcia**

Acordei no dia seguinte ainda com o corpo pesado de tanta tensão acumulada. Cada músculo parecia insistir em lembrar o que tinha acontecido na noite anterior. Tentei me convencer de que era apenas mais um dia comum, uma manhã rotineira no escritório, como tantas outras. Mas, no fundo, eu sabia que não era. Depois do que aconteceu no elevador, tudo mudou. Entre nós, nada poderia ser considerado normal,

Para me preparar, escolhi minha melhor blusa social, uma peça vermelha, justa, que valorizava minha postura e reforçava quem eu era. Completei o visual com um batom forte, vermelho — uma espécie de armadura que me lembra da minha própria força. Se Steven tinha a intenção de tentar me desestabilizar, eu iria mostrar que tinha controle total. A minha determinação era maior do que qualquer jogo dele.

— “Ele que se cuide”, pensei, com uma mistura de orgulho e inquietação. Essa frase virou meu mantra silencioso enquanto me examinava no espelho. Estava disposto a não recuar.

Quando entrei no prédio, notei algo estranho. Sussurros. Olhares. Um clima carregado nos corredores.

Passei por uma das colegas do RH, que cochichou para outra com um olhar preocupado:

— Você soube?— Disseram que alguém invadiu a sala do arquivo ontem à noite.

A outra colega acrescentou, com os olhos arregalados e cara de surpresa:

— E mexeram em pastas antigas, confidenciais...

Fiquei com a testa franzida. A sala de arquivos ficava no andar acima do meu, pouca usada, trancada a maior parte do tempo. Era o tipo de lugar que ninguém acessava sem autorização explícita.

*“Por que alguém invadiria uma sala dessas?”*

Mas antes que eu pudesse perguntas ou imaginar quem pudesse estar por trás da invasão, senti uma presença quente e familiar atrás de mim.

— Dormiu bem, Anna Lúcia? — a voz de Steven soou baixa, controlada demais quase como um sussurro cortante.

Me virei lentamente, enfrentando aquele rosto conhecido, que sempre carregava uma expressão fria, calculista. Mas, naquela manhã, percebi uma mudança. Algo na sua postura — e nos olhos  ele parecia... irritado.

— "Como um anjo, chefe. Por quê? Te deixei acordado?" — minha resposta veio com um sorriso imposto, tentei parecer descontraído, mesmo com o coração acelerado.

Ele se moveu mais, invadindo meu espaço com segurança exagerada, quase ameaçadora:

— Quase. — Ele aproximou-se mais do que o necessário. — Aconteceu um problema no prédio. E algumas câmeras de segurança… pararam de funcionar.

Aí veio aquela sensação de alerta, aquela ansiedade silenciosa que toma conta quando você percebe que há algo escondido sob a superfície.

— Que tipo de problema? — perguntei, forçando uma expressão neutra.

Steven me olhou fixamente, os olhos refinados como uma lâmina:

— Alguém entrou onde não devia — ele disse, os olhos presos nos meus. — E parece que essa pessoa sabia exatamente o que estava procurando.

**Steven**

Ela tá tentando fingir que não sabe de nada. Mas Anna Lúcia não é boa em mentir — ainda. Vi o jeito como os olhos dela se contraíram quando mencionei os arquivos.

*“Será que ela mexeu onde não devia?”*

Ontem à noite, recebi uma notificação de segurança do sistema. Um acesso manual na sala de arquivos. Documentos antigos. E entre eles... algo que ninguém, ninguém, deveria encontrar.

Algo que poderia colocar tudo em risco. Até meu nome.

Mas a câmera daquela ala foi desligada por dentro. Profissional.

*“E se não foi ela… quem está tentando descobrir meus segredos?”*

— Eu sei me manter onde devo, Steven — ela respondeu, firme, mas os olhos evitavam os meus por milésimos de segundo.

— Só espero que continue assim — murmurei, dando um passo pra trás. — Seria uma pena descobrir que alguém está ultrapassando limites.

**Anna Lúcia**

Ele estava me testando. O tempo todo.

E mesmo sem ter invadido lugar nenhum, algo naquela história me atingiu. Um arrepio que descia pela nuca. Como se, de repente, eu estivesse no meio de um jogo muito maior — e mais perigoso — do que imaginava.

*“O que esse homem está escondendo?”*

E por que parecia que eu era a única que ele queria manter por perto... e longe ao mesmo tempo?

Mais tarde, recebi na minha mesa um envelope sem remetente, colocado de maneira suspeita. Abri com cuidado, ciente de que algo poderia estar além do comum.

Dentro, apenas uma frase, escrita à mão:

**“Você não conhece o homem com quem está brincando.”**

O meu sangue gelou na minha veia. Naquele instante, senti uma sensação de perigo real, como se estivesse na mira de alguém que tinha um poder enorme.

Steven estava me observando da porta do escritório, com os braços cruzados, expressão séria.

Mas ele não tinha enviado aquele bilhete. Eu sentia isso.Eu sinto isso no ar.

Uma mensagem de alguém mais, alguém que estava à espreita nas sombras, querendo me alertar ou me assustar.

O jogo entre nós não era mais só desejo e controle.

Agora, tinha alguém mais... alguém nas sombras.

E pela primeira vez, eu não sabia se queria me afastar de Steven — ou me proteger dele.

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