Sob o Terno e a Marca
A noite estava pesada, carregada de tensão, fumaça e cheiro de perigo. As luzes dos becos piscavam intermitentes, refletindo nos vidros dos prédios altos que cercavam o centro da cidade. Aquela cidade tinha dono, e ele atendia pelo nome de Valentina Russo.
Dentro do luxuoso escritório no último andar de um arranha-céu, Valentina sentava-se em sua poltrona de couro negro. As pernas cruzadas, um charuto aceso entre os dedos e o olhar fixo nos papéis espalhados sobre a mesa de vidro. Ela vestia um terno preto impecável, gravata alinhada, os cabelos negros presos em um coque elegante. Seus olhos âmbar, intensos e selvagens, carregavam a mesma frieza que a tornara a loba mais temida da máfia.
— Donna Russo — chamou Marco, seu braço direito, batendo levemente na porta antes de entrar. — Temos um problema... ou talvez, um presente.
Valentina ergueu uma sobrancelha, sem tirar o charuto dos lábios.
— Fale.
Marco se aproximou, depositando um envelope sobre a mesa. — Uma jornalista. Aurora Moretti. Filha do senador. Ela está... fuçando. Fotos, documentos, seguindo alguns dos nossos homens. Parece que ela não sabe onde está se metendo.
Valentina pegou o envelope e, ao abrir, a primeira coisa que notou foi a foto. E por um instante — apenas um breve instante — seu corpo inteiro respondeu de forma primitiva. O cheiro... Mesmo impregnado no papel, ela conseguiu sentir. Um aroma doce, quente, inebriante. Ômega.
Seus olhos dourados se estreitaram, e os lábios se curvaram em um sorriso lascivo, perigoso.
— Ela tem coragem... ou é simplesmente burra — murmurou, deslizando os dedos sobre a imagem. Na foto, Aurora estava de jeans justos, blusa branca, óculos escuros e um olhar determinado, focado na câmera como se desafiando quem estivesse do outro lado.
— Quer que eu cuide disso, Donna? — Marco perguntou, já sabendo a provável resposta.
Valentina apagou o charuto no cinzeiro, se levantando com elegância predatória. Deu uma volta na mesa, parando diante da janela, observando a cidade que era seu tabuleiro.
— Não, Marco... — Sua voz desceu alguns tons, rouca, carregada de intenção. — Eu mesma vou cuidar disso.
Ela virou-se, cruzando os braços.
— Prepare os homens. Quero ela aqui. Viva... e inteira.
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Do outro lado da cidade, Aurora ajeitava sua câmera no banco do passageiro. Seu coração batia acelerado, não de medo, mas de pura adrenalina. Sabia que estava brincando com fogo, e a parte mais insana dela... gostava disso.
— Ok, Aurora, você consegue — sussurrou para si mesma, ajustando os óculos no rosto. — Você só precisa mais uma foto, só mais uma prova. Depois você publica e derruba aquela vadia de terno.
Falava com convicção, mas ignorava — ou fingia ignorar — o arrepio estranho que percorria sua espinha sempre que via Valentina de longe. Sempre que seus olhos cruzavam, mesmo que por breves segundos, Aurora sentia algo mais forte que medo. Algo mais... visceral.
Ela sabia que Valentina era uma alfa. Não qualquer alfa. Aquela mulher exalava domínio, controle e um magnetismo selvagem impossível de ignorar. Aurora odiava isso. Odiava o que seu corpo fazia toda vez que estava perto dela.
Odiava... ou queria acreditar que odiava.
Mas o destino não costuma perguntar se queremos jogar.
Quando Aurora percebeu, já era tarde demais.
O vidro do carro estourou. Braços fortes, mãos enluvadas, puxaram-na antes que pudesse gritar. Sua câmera caiu no asfalto, espatifando-se em pedaços. Ela tentou reagir, chutando, mordendo, lutando como podia, mas braços muito mais fortes a seguraram com facilidade.
— Soltem-me, seus filhos da... — começou a gritar, mas um pano úmido cobriu seu nariz e boca. O cheiro adocicado invadiu suas narinas, puxando-a para um vazio escuro, silencioso.
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Quando Aurora acordou, a primeira coisa que percebeu foi o cheiro. Madeira nobre, couro caro... e aquele aroma amadeirado, inconfundível, que só poderia ser de uma alfa.
Seus pulsos estavam presos por algemas de couro, presas a correntes no teto. Seus pés tocavam o chão, mas as pernas estavam ligeiramente abertas, forçadas pela posição. O corpo inteiro arrepiado, o coração disparado.
— Mas que... — tentou se mover, mas as correntes tilintaram, firmes, segurando-a no lugar.
Então ouviu passos. Fortes, ritmados. Salto batendo no chão de mármore.
Quando levantou o rosto, ela estava lá.
Valentina Russo. Mais imponente do que qualquer foto poderia transmitir. Terno negro, gravata vinho, a jaqueta jogada nos ombros, as mãos enluvadas segurando uma bengala cuja ponta era de metal maciço. Seus olhos âmbar a devoravam lentamente.
— Bem... — A voz da alfa era baixa, rouca, arrastando cada sílaba como se saboreasse. — Então você é a pequena ômega que acha que pode brincar no meu território.
Aurora tentou não demonstrar medo, mas o corpo reagia contra sua vontade. O cheiro de alfa tomava o ambiente, pressionando seus instintos. Seu cio não estava ativo, mas o corpo de uma ômega reconhecia uma alfa dominante de longe... e cedia, mesmo que a mente gritasse o contrário.
— Solte-me! — Ela tentou soar firme, mas a voz falhou no meio da frase.
Valentina sorriu, lenta, predatória, andando até ela.
— Oh, pequena... — Levou um dedo até o queixo de Aurora, erguendo seu rosto. — Você não entendeu onde se meteu... e quem está no controle agora.
Com a outra mão, apertou o botão de um controle. As correntes se ergueram mais, forçando Aurora a ficar na ponta dos pés, os braços acima da cabeça, totalmente exposta.
— Aqui... — Valentina passou a ponta da bengala pela linha do pescoço dela, deslizando lentamente até o colo. — ...você aprende de que são feitos os limites.
E Aurora percebeu, tarde demais, que não estava lidando apenas com uma criminosa.
Estava lidando com uma predadora.
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Atualizado até capítulo 30
Comments
Ana Faneco
Já amando 😻💕
2025-06-16
2
Erca Tovela
eitaaa parece interessante
amei
2025-06-15
1