O nome dele ainda ecoava dentro da minha cabeça como um trovão abafado.
Aslan Amaral.
Ele entrou no meu apartamento como se já fosse dono do lugar. A cada passo, seu perfume amadeirado preenchia o ar, invadindo meus sentidos com algo que eu não conseguia definir — entre o perigo e a fascinação.
O homem era uma presença.
Alto, postura ereta, expressão fria. A barba bem-feita desenhava o maxilar forte, e os olhos... os olhos eram escuros, intensos demais. Eles me atravessavam como se procurassem algo que eu mesma não sabia esconder.
— Você não deveria estar aqui — disse, tentando manter a voz firme. — Eu não conheço você.
Ele se virou para mim, devagar. Seus movimentos eram precisos, calculados. — Mas eu conhecia o seu irmão. E agora você está no meu radar, Ayla.
Meu coração deu um salto ao ouvir meu nome na boca dele. Soou íntimo demais. Invasivo.
— O que isso quer dizer? Que agora sou sua responsabilidade?
Ele arqueou uma sobrancelha. — Não exatamente. Mas digamos que... algumas pessoas podem achar que você tem valor. Informações, conexões, algo que o Mateus possa ter deixado com você.
— Eu não sei de nada — rebati de imediato. — Ele nunca me contou nada. Eu sou só uma professora. Dou aula de literatura infantil, pelo amor de Deus. Eu não tenho nada a ver com os problemas dele!
— É isso que todos dizem antes de se tornarem corpos no jornal — ele disse, seco, como se falasse do tempo.
Meus joelhos quase cederam. Senti que ele estava testando minha reação. Me medindo.
— Por que está me dizendo isso? — perguntei, quase num sussurro. — Se você é perigoso... por que simplesmente não me ignora?
Aslan me olhou como se eu fosse uma criança ingênua diante de um mundo selvagem.
— Porque eu sou perigoso. Mas eles são piores. — Ele deu um passo em minha direção, e instintivamente eu recuei. — E porque, Ayla, seu irmão me pediu uma única coisa antes de morrer: que eu garantisse que você continuaria viva.
A confissão me pegou desprevenida. Minhas pernas tremeram. A última coisa que Mateus fez foi me colocar nas mãos de um homem como ele?
— E você aceitou?
Ele deu de ombros, como se aquilo não fosse nada demais. — Eu devia a ele. E... você me intriga.
Travei. — Isso é algum tipo de joguinho, senhor Amaral?
— Aslan. — Ele corrigiu, com a voz baixa. — E não, não é um jogo. Se fosse, eu já teria vencido.
A audácia dele me irritava. Mas o pior era a forma como meu corpo reagia a cada palavra. Meu cérebro gritava para eu correr, para me afastar dele, mas havia algo nele... algo que me fazia querer entender.
— O que exatamente você está me oferecendo?
Ele sorriu, e o mundo pareceu parar por um instante.
— Proteção. Influência. Paz, mesmo no caos. — Seus olhos me prenderam. — Mas isso tem um preço.
— Qual?
— Sua confiança. E sua proximidade.
Era isso. A linha tênue entre a segurança e a prisão. Ele não estava me oferecendo liberdade. Estava me puxando para dentro da sua jaula. Mas por alguma razão — talvez medo, talvez loucura — uma parte de mim queria entrar.
Eu não sabia se era coragem ou estupidez, mas respondi com os lábios trêmulos:
— E se eu disser não?
Ele se inclinou, a voz um sussurro no meu ouvido.
— Então, Ayla, é só uma questão de tempo até alguém mais bater à sua porta. E eu não serei tão gentil da próxima vez.
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Atualizado até capítulo 40
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