REENCARNAÇÃO: uma Segunda Chance
O véu branco escorria por seus ombros, e as rendas do vestido moldavam seu corpo generoso com uma delicadeza inesperada. Olívia olhou-se no espelho, o coração pulsando forte dentro do peito. Finalmente, aquele dia havia chegado. O casamento com Daniel era um sonho que ela cultivava desde que os dois começaram a namorar. Ele era atencioso, sempre a fazia sentir-se bonita, apesar dos olhares alheios que a julgavam por não se encaixar no padrão esguio que a sociedade esperava.
As portas da igreja se abrem, e a marcha nupcial inundou o espaço. De braços dados com seu pai, que mesmo contrariafo com aquela união, acabou por "aceitar" o genro. Ela adentrou ao salão, o olhar de Olívia percorreu os rostos dos convidados até encontrar Daniel. Ele sorriu, mas ela teve a impressão de que aquele sorriso não chegava aos seus olhos. Ela sempre imaginou noivo brilho no olhar mas encontrou isso nos olhos dele.
Foi apenas um instante de hesitação, que ela logo afastou da mente. Estava nervoso, só podia ser isso. Com passos lentos e emocionados, caminhou até ele.
O "sim" foi dito, as alianças trocadas, e os aplausos encheram a pequena igreja.
Ela agora era a senhora Olívia Vasconcelos.
......................
A recepção acontecia num salão anexo a grande propriedade rural da família. Luzes douradas pendiam do teto, refletindo nos cristais das taças erguidas em brindes. O riso dos convidados misturava-se ao som suave da orquestra, criando uma atmosfera de sonho. Olívia dançava com o pai, sentindo-se leve, flutuando entre os braços dele. Quando a música terminou, foi cumprimentada por tios, primos, amigos. Abraços calorosos, palavras doces, votos de felicidade.
Mas, apesar de toda a alegria ao seu redor, uma inquietação crescia dentro dela. O seu olhar buscava Daniel, ele não estava na mesa onde deveria estar ao seu lado. Um aperto formou-se no seu peito. Precisava encontrá-lo. Com descrição, saiu do salão, ignorando o frio que começava a tomar conta da noite.
O jardim ao redor da propriedade era vasto, salpicado de roseiras e trechos de gramas bem cuidado. O perfume das flores misturava-se ao cheiro úmido da terra. Caminhou um pouco pelo jardim sendo guiada por sua intuição, até ouvir risos abafados.
Olívia não tinha controle dos seus pés, que a guiavam lentamente até aquele som. Era as vozes de Daniel e a sua prima Vânia... Eles eram amigos, mas aquela noite era o seu casamento, ele devia estar com ela.
Mas ela não estava preparada para o que viu e muito menos para o que ouviu…
Daniel estava entre os arbustos, os seus braços envolvendo Vânia, sua prima.
O seu corpo travou. Os risos haviam cessado... eles se beijavam…
Daniel nuca a havia beijado daquela forma... lágrimas deslizavam por seu rosto sem autorização.
A sua prima Vânia percebeu que ela estava parada ali, percebeu também os seus olhos arregalados de choque. Vânia puxou Daniel para mais perto e tocou o seu rosto com as pontas dos dedos.
— Você não precisa mais fingir.— disse ela, sorriso provocante.— Finalmente Podemos ficar juntos.
Olívia sentia as lágrimas deslizando pelo seu rosto, mas ficou ali, petrificada, incapaz de se mover.
— Você sabe o quanto eu te amo.— Vânia continuou, olhando para Daniel. — Agora você tem tudo que queria.
O noivo suspirou e segurou o rosto dela com carinho.
— Eu nunca quis me casar com aquela gorda. Fiz isso por nós… eu tenho nojo dela. Só fiz isso por dinheiro.
— Calma, amor. Agora falta pouco...
— O seu plano pode ser maravilhoso, mas essa noite tenho que me deitar com ela… a idéia me da náusea.
Olívia sentiu como se algo dentro dela tivesse se quebrado. As palavras ecoavam na sua mente como marteladas. O seu peito queimava, a sua respiração tornou-se difícil. Um soluço escapou antes que ela conseguisse se virar e correr.
Ela correu sem rumo, sem enxergar direito, apenas guiada pelo desespero e pela dor. Os seus pés afundavam na terra úmida enquanto ela se afastava da festa, do jardim, da casa... de tudo.
O seu pai tinha razão, ela não devia ter acreditado em Daniel tão facilmente. Apenas cinco meses de namoro com aquele moço da cidade não era o suficiente, seu pai sempre dizia...
Mas para Olívia, aquilo era muito. Aos 20 anos, ainda era virgem, o seu primeiro beijo foi com Daniel, mas eram beijinhos sem sabor, não era como o que ela viu ele trocando com Vânia.
Para ela, Daniel reservava apenas selinhos na bochecha. Dizia que não queria tirar a pureza dela antes do casamento.
Com pensamentos desordenados e o coração partido, ninguém a viu sumir na escuridão.
Ninguém ouviu o seu choro silencioso enquanto ela se aproximava do lago, onde a lua refletia a sua tristeza nas águas calmas. O vestido de noiva arrastava-se pelo chão, pesado, o de lágrimas e desilusão. As sandálias de salto e luxuosas ficaram pelo caminho, agora ela andava descalça, sentindo terra nos seus pés.
Foi ali, na solidão da noite, que o destino selou sua tragédia.
Um vulto emergiu das sombras.
Antes que pudesse reagir, sentiu uma dor aguda atravessar a sua pele. Algo frio e cortante.
Os seus olhos arregalaram-se em choque. Mais uma estocada, e outra. Seu corpo cedeu, e ela caiu de joelhos na grama molhada. Ela tocou o seu abdômen e sentiu algo pegajoso e quente.
Sangue.
O seu sangue.
Ela olhou para o alto, o céu parecia mais distante, os sons da festa fados ao longe posto de sangue na sua boca gravasse com o ar, e tudo foi se apagando gradualmente.
Mas antes de tombar definitivamente ao chão ela pode ouvir a voz do homem ao telefone:
"Feito, patroinha. Quero o restante do pagamento como combinado."
Enquanto a vida se esvaia de seu corpo, essas palavras martelavam em sua cabeça.
Olívia ainda pode sentir quando o seu corpo caiu de vez ao chão. Ela sabia ser o seu fim seu pai não sabia onde ela estava, e ele não poderia salvá-la.
Mas, no último instante, algo diferente aconteceu. Uma sensação indescritível tomou conta dela, como se a sua essência fosse puxada para além do corpo. Como se a sua alma resistisse a partida, pulsando como um eco. Não era o fim, não ainda...
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Marsane
Amo estórias de renascimento, então já estou com muitas expectativas autora!!!! Desejo que Deus ilumine sua mente criativa para que nos agracie com uma obra prazeirosa!!!
2025-04-02
5
Madeline
vamos mergulhar em mas uma obra dessa MULHER MARAVILHOSA 🤭❤️
2025-04-03
2
Léa Aparecida Ribeiro
vamos iniciar mais um livro...obrigada Tânia
2025-04-04
1