Posso ouvir o vento passar
Assistir à onda bater
Mas o estrago que faz
A vida é curta pra ver
Los Hermanos - O vento
Eu não queria ir embora da casa da Ana. Queria ficar, mas não podia deixar minha mãe com Ester e Miria o tempo todo; elas também precisavam descansar. Dirigi para casa com calma, tentando esfriar meu corpo, já que não poderia passar mais tempo com Ana. Ainda podia ver o olhar surpreso dela quando mencionei o super like. Seus olhos escuros me intrigavam. Sorri ao lembrar da cena, mas afastei os pensamentos e tentei organizar na mente o que faria no fim de semana, já que passaria sozinha com mamãe—Miria e Ester estariam de folga.
Entrei em casa sorrindo e pedi para Miria ir descansar. Depois de um banho, deitei-me ao lado de minha mãe, querendo aproveitar cada momento com ela.
Acordei com o toque suave de seus dedos em meu cabelo. Assim que abri os olhos, ela disse:
— Você está com uma cara boa.
Sorri e respondi:
— Você também. Amanhã vamos ao rio fazer um piquenique, como nos velhos tempos.
Ela sorriu e continuou acariciando meus cabelos. Então perguntei:
— Você se incomoda se eu levar uma amiga que fiz aqui?
— Claro que não, pode levar. Quero conhecê-la.
Beijei seu rosto, levantei-me e depois, ajudei mamãe a se levantar e a ir comigo para a cozinha, onde ela se sentou para me ver cozinhar para ela.
Tomamos um café da manhã demorado, conversando sobre um passado feliz com papai. Senti saudades daquela época em que minha única preocupação era brincar. A partida dele deixou minha mãe desolada; nem consigo imaginar o quanto ela se sentiu sozinha. Agarrando-se à religião com unhas e dentes, tentou encontrar forças, mas, ao mesmo tempo, sua fé me feriu. Agora, ao olhá-la, vejo uma mulher marcada pelo sofrimento. Quando papai estava vivo, ela era linda, cheia de vida, sempre com os lábios vermelhos e os cabelos bem cuidados. Seus olhos brilhavam ao lado dele, e eu adorava vê-los juntos. Mas sua morte a destruiu, e a religião, pouco a pouco, a consumiu.
Percebo que, para ela, essa doença é quase um alívio, porque já havia desistido da vida. O médico me disse uma vez que ela não queria mais lutar e que eu precisava respeitar sua decisão. Mas eu não quero. Quero recuperar o tempo perdido, deixado para trás pelo orgulho.
Um nó se forma na minha garganta, mas respiro fundo para não desmoronar na frente dela. Levanto-me e digo:
— Vamos sair. Vamos viver o que nos resta.
Seus olhos se arregalam em surpresa. Ela me encara em silêncio por alguns segundos e, então, apenas sorri. E, naquele sorriso, tenho certeza de que, para ela, tanto faz.
Visto-a com cuidado e, em seguida, me arrumo. Coloco-a dentro do carro e ligo o som baixinho. A música Paciência, de Lenine, embala o momento. Repito para mim mesma: Eu preciso de paciência.
Dirijo para fora da cidade, cercada pelo verde que nos envolve. Tento puxar assunto:
— A gente podia ter comprado um sítio, criado galinhas, vacas, porcos…
Ela solta uma gargalhada, e eu, sorrindo, insisto:
— É sério! Ainda dá tempo. A senhora quer?
— Não. Dá muito trabalho. Só quero morrer em paz. E, antes disso, te ver feliz.
Ela diz isso olhando para a estrada. Não respondo. Apenas continuo dirigindo.
Depois de alguns quilômetros, paro o carro e a ajudo a descer. Caminhamos até o portão de uma chácara, onde há um restaurante e várias atividades. Sentamos para observar os animais, ver as crianças correndo, conversar com os visitantes e com o dono do lugar. E então vejo mamãe rindo. Isso me deixa feliz.
Saímos da chácara após o almoço. Mamãe dormiu no carro durante todo o caminho de volta, exausta pelo passeio. Assim que chegamos, ela tomou um banho, tomou seu remédio e adormeceu novamente, só acordando no dia seguinte.
Pela manhã, me avisou que não estava disposta a sair, como havíamos combinado. Não insisti. No entanto, ela sugeriu que eu preparasse um jantar e chamasse Ana e Ester, dizendo que seria bom ter mais gente em casa. Também insistiu para que eu saísse à noite, já que no dia seguinte seria feriado e eu não precisaria trabalhar. Não queria me ver apenas cuidando dela o tempo todo.
Peguei o telefone e liguei para Ester:
— Você tem planos para domingo à noite?
— Não. Por quê?
— Pensei em fazer um jantar aqui em casa e dormir com a minha mãe?
— Claro!
Depois, enviei uma mensagem para Ana:
"Você quer jantar comigo, com a minha mãe e a Ester?
— Valéria 🌙"
Em menos de dois minutos, ela respondeu:
"Quero. Chego às 19h.
— Ana ☀️"
Passei a tarde preparando o jantar enquanto mamãe dormia. Por volta das 18h, Ester chegou e assumiu os cuidados com ela. Aproveitei para tomar um banho demorado e, quando fui para a sala, Ana já estava lá, conversando com minha mãe e Ester.
Fiquei sem graça e disse:
— Boa noite! Não ouvi você chegar... Passei a tarde cozinhando e acabei demorando no banho.
Mamãe riu e olhou para Ana.
— Ela quer ser elogiada pela comida.
Ana sorriu e respondeu, divertida:
— Eu só vou elogiar se estiver bom.
Arqueei a sobrancelha em um gesto irônico e fui até a cozinha pegar as bebidas. Sentamos à mesa e jantamos juntos, nos divertindo com a conversa. Todos elogiaram minha comida.
Depois do jantar, mamãe e Ester foram para o quarto, e eu e Ana ficamos a sós.
Ana me olha sorrindo e diz:
— Fiquei sabendo que amanhã você não vai trabalhar… E sua mãe me deu uma ordem.
Franzo a testa, desconfiada.
— Que ordem? O que ela disse?
Ana sorri ainda mais.
— Me mandou te levar para sair.
Cruzo os braços, fingindo indignação.
— Como assim?
— Estava pensando em te levar a um bar que abriu ontem. Uma cliente me disse que é ótimo.
— Vamos de carro ou andando? — pergunto.
Ana já abre a porta e responde:
— Vamos no meu carro.
Pego minha bolsa e saio com ela. Ana abre a porta do passageiro para que eu entre, e seguimos viagem. O trajeto dura cerca de vinte minutos, embalado pelo som de Legião Urbana.
Ao chegarmos, um casal de mulheres, Verônica e Kelly, caminha em direção a Ana e a cumprimenta com abraços calorosos. Ela me apresenta, e nos juntamos a elas em uma mesa. Ana não bebe e passa a maior parte do tempo conversando, enquanto eu ouço e participo ocasionalmente. Depois de um tempo, ela me olha e pergunta:
— Vamos embora?
Afirmo com um aceno de cabeça. Nos despedimos e entramos no carro.
— Você não gostou? — ela pergunta, virando o rosto para me observar.
— Gostei. Achei o casal legal. Mas percebi que você não bebeu.
Ana sorri de canto.
— Vamos beber lá em casa.
Na casa dela, me entrega uma garrafa de cerveja e sento-me no sofá. Brinco com Estrela, sua cadela, que logo adormece aos meus pés. Ana se senta ao meu lado, me observa por um tempo e finalmente quebra o silêncio:
— Percebi que você e sua mãe estão se entendendo.
Dou um gole na cerveja antes de responder:
— Sim. Estou seguindo seu conselho e aproveitando o tempo que tenho com ela.
Ana sorri.
— Isso está fazendo bem a você. Seu semblante está diferente do outro dia em que esteve aqui.
Não respondo. Apenas a encaro, meus olhos presos nos dela. Ana sustenta o olhar. Então, me aproximo e a beijo. É um beijo intenso, carregado de necessidade, de um desejo que não precisa de palavras.
Preciso relaxar, aliviar a pressão de tudo que está acontecendo na minha vida, e Ana é a pessoa certa para isso. Ela não quer um relacionamento, e nem eu. Nossa conexão é intensa, livre de amarras, apenas desejo e entrega.
Nosso beijo se aprofunda, e Ana retira a garrafa da minha mão, colocando-a na mesa de centro. Sento em seu colo, sentindo o calor do seu corpo. Suas mãos deslizam suavemente sobre meus ombros, brincando com a alça do meu vestido. Minha respiração acelera. Sem hesitar, ajudo a deslizar a alça, que cai até minha cintura, revelando meus seios.
Ana os acaricia com os dedos enquanto me beija. Para por um instante apenas para me olhar, e, sem aviso, envolve meus seios com a boca, arrancando um arrepio de prazer de mim. Retiro sua camisa e o top que usa por baixo. Seus seios grandes me enlouquecem. Eu os toco com desejo, levando-os à boca, enquanto Ana observa, divertida, excitada.
Suas mãos deslizam sob meu vestido. Com um movimento lento e decidido, ela afasta minha calcinha para o lado e me penetra com os dedos. Meu corpo responde no mesmo ritmo, rebolando suavemente contra sua mão. Seguro seus cabelos curtos, gemendo baixinho em seu ouvido, o prazer me consumindo em segundos.
Me levanto, ansiosa para remover sua calça. Tento deslizar meus dedos dentro dela, mas Ana os afasta. A encaro, confusa. Sem desviar o olhar, ela tira a cueca, revelando-se completamente nua, sentada no sofá. Mordo os lábios, deslizo minhas mãos por suas coxas e me ajoelho diante dela.
Beijo sua intimidade devagar, sem desviar o olhar. Ana solta um suspiro e balança a cabeça, dando permissão para que eu continue. Minha língua percorre seu sexo, explorando cada curva, alternando movimentos de sobe e desce, de um lado para o outro. Ana geme alto, suas mãos seguram minha cabeça, guiando meus movimentos. Seu sabor escorre em minha boca, e eu bebo tudo, saboreando cada instante.
Ela relaxa no sofá, o corpo entregue ao prazer. Subo ao seu lado e a beijo, sentindo o seu gosto misturado ao meu.
Ela me pega pela mão e me guia para o quarto. Nos deitamos na cama, nos beijando e conversando sobre a vida. O momento é tranquilo e íntimo, e sinto-me conectado a ela de uma maneira profunda.
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Atualizado até capítulo 56
Comments
Nilva Vieira Santos
vc conseguiu escrever com minha leveza o amor a dor com muita realidade
2025-04-01
1
Maria Andrade
Caracas fiquei até sem ar amei
2025-03-31
3