Ao Seu Redor

Ao Seu Redor

Capítulo 1

Apresentação dos personagens

Catherine Parker

Caty é uma mulher determinada, independente e brilhante advogada. Com 28 anos, ela construiu uma carreira sólida e respeitada, sendo reconhecida por sua inteligência afiada e sua paixão pela justiça. Desde a faculdade, sempre foi focada e ambiciosa, nunca deixando que nada desviasse seu caminho — ou pelo menos era isso que gostava de acreditar.

Ela é irmã mais nova de Steve Parker, seu maior protetor e melhor amigo, ainda que às vezes ele seja um pouco controlador quando se trata da vida pessoal dela. Crescer ao lado de Steve e do seu grupo de amigos — Brad, Tony e outros — fez com que Caty se tornasse uma mulher de personalidade forte e língua afiada. Ela sempre esteve no meio dos meninos, e talvez por isso tenha desenvolvido um instinto de autossuficiência que a impede de baixar a guarda facilmente.

Romance nunca foi sua prioridade. Aos 28 anos, ela já teve alguns relacionamentos, mas nada que realmente a fizesse sentir aquele amor arrebatador.

Anthony Duncan

Tony é o tipo de homem que transborda confiança. Advogado criminalista renomado, 32 anos, dono de um charme inegável e um sorriso convencido que pode tanto encantar quanto irritar. Filho de um dos maiores advogados do país, cresceu cercado pelo luxo e pela pressão de seguir os passos do pai, mas nunca quis ser como ele.

Tony tem um histórico de ser mulherengo, de viver intensamente sem amarras, sem compromissos.

Seu maior vínculo sempre foi com seus amigos — Steve , Brad, e, inevitavelmente, Caty.

Caty sempre foi a irmã caçula do seu melhor amigo. Inteligente, teimosa, brilhante, e, para seu total desespero, a única mulher que conseguiu entrar na sua mente e ficar lá.

E desde então, tudo mudou.

…Dez anos atrás…

O som da música vibrava nas paredes da casa de fraternidade enquanto eu caminhava entre os grupos de alunos conversando e rindo animadamente. O cheiro de álcool e perfume caro se misturava no ar quente da festa. Meu coração batia forte no peito, não apenas pela empolgação de estar ali, mas também pelo nervosismo de estar completamente fora da minha zona de conforto.

Steve, Brad e Tony já estavam acostumados com esse tipo de evento. Eles estavam no último ano da faculdade, veteranos experientes quando se tratava de festas. Eu, por outro lado, era apenas uma caloura que mal conhecia alguém.

— Tudo bem, escuta aqui — Steve disse, segurando meu braço antes de entrarmos. O tom protetor na voz dele já denunciava o sermão que estava por vir. — Fica perto de mim, do Brad ou do Tony. Não deixa ninguém colocar bebida no seu copo e, pelo amor de Deus, se sentir que tem algo errado, me chama.

Revirei os olhos, mas não consegui evitar um sorriso.

— Steve, eu sei me cuidar.

— Sei que sabe, mas eu não confio nesses caras aqui dentro.

Brad riu ao lado dele, dando um tapinha nas costas do meu irmão.

— Relaxa, cara. Caty tá com a gente.

Assenti, respirando fundo antes de atravessarmos a porta.

O ambiente era caótico. O som da música era alto o suficiente para fazer o chão vibrar, e as pessoas estavam espalhadas por todos os cantos. Alguns dançavam no meio da sala, outros estavam no balcão pegando mais bebida, e os veteranos estavam em grupos conversando e analisando os calouros como se fossem novos recrutas de um jogo perigoso.

Engoli em seco, sentindo-me deslocada.

Steve percebeu e passou o braço pelo meu ombro.

— Você tá bem?

Assenti.

— Só… é muita coisa.

Brad sorriu.

— Relaxa, você tá com a gente.

Antes que eu pudesse responder, um par de mãos grandes deslizou pela minha cintura, apertando levemente minha lateral.

Arfei e me virei assustada, apenas para dar de cara com Tony, seu sorriso de sempre estampado no rosto.

— Te assustei, pequena? — Ele riu, com aquele brilho provocador nos olhos.

Revirei os olhos, mas senti meu coração dar um salto idiota.

— Você é um babaca.

— Mas um babaca divertido.

Ele piscou e passou o braço ao redor dos meus ombros, puxando-me de leve contra ele. O cheiro amadeirado do perfume dele invadiu meus sentidos, e precisei de toda a minha força de vontade para não demonstrar o efeito que aquilo tinha sobre mim.

Desde que eu era adolescente, Tony sempre mexeu comigo de um jeito que eu nunca quis admitir. Mas eu sabia que era perda de tempo pensar nisso. Ele nunca me veria assim. Para ele, eu sempre seria a irmãzinha do Steve.

— Vamos beber alguma coisa? — Brad sugeriu.

Tony ergueu a sobrancelha.

— A calourazinha já vai começar nos drinks?

Levantei o queixo.

— Ué, por que não?

Ele sorriu de lado.

— Gosto da sua atitude, Caty.

Fizemos uma rodada de shots de tequila, e a bebida queimou na minha garganta, mas me trouxe uma sensação de calor e liberdade que eu não esperava. Aos poucos, a tensão inicial começou a desaparecer.

A festa seguiu, e conforme o álcool fazia efeito, fui me soltando mais. Dancei um pouco com os meninos, ri das piadas idiotas de Tony, joguei beer pong com Brad e aproveitei a noite de verdade.

Mas então… Steve encontrou uma garota.

E depois foi a vez de Brad.

E Tony simplesmente desapareceu.

E eu fiquei sozinha.

Olhei ao redor, percebendo que não conhecia ninguém além deles, e um peso desconfortável se instalou no meu peito. O calor do ambiente agora parecia sufocante.

— Ok… acho que já deu pra mim — murmurei para mim mesma.

Decidi que iria ao banheiro e, depois, pegaria um táxi para casa. Eu não precisava deles para ir embora.

Subi as escadas da casa, mas no momento em que alcancei o corredor, senti uma mão deslizar pela minha cintura e descer até minha bunda.

Meu corpo travou.

— Opa, olha só essa novata… — A voz arrastada de um cara desconhecido soou ao meu ouvido.

Senti um cheiro forte de álcool e cigarro, e um arrepio de repulsa percorreu minha espinha.

Tentei me afastar, mas ele segurou meu braço.

— Calma, gata. Tão nervosa por quê?

Meu coração disparou.

— Me solta.

Ele riu.

— Ah, vamos lá… a noite mal começou.

Meu estômago revirou.

Tentei empurrá-lo, mas ele era forte. Seu corpo bloqueava minha passagem.

— Eu disse para me soltar!

— Qual é, princesa… — Ele segurou meu queixo, tentando forçar meu rosto em sua direção.

Meu peito se apertou. O medo tomou conta.

Mas antes que eu pudesse reagir…

Um impacto.

O cara foi jogado para trás com tanta força que caiu no chão.

Minha visão captou a silhueta de alguém se movendo rápido.

E então, Tony.

Ele estava sobre o cara, desferindo socos violentos no rosto dele.

— Seu filho da puta! — Tony rugiu, a voz carregada de fúria. — Quem diabos você acha que é?!

O garoto tentou se defender, mas Tony era mais forte, mais rápido.

O som dos socos misturava-se ao barulho da festa.

Eu nunca tinha visto Tony assim. Seu rosto estava transtornado, os músculos tensionados, os olhos brilhando de ódio.

Mas eu precisava pará-lo antes que ele matasse o cara ali mesmo.

— Tony! — Agarrei seu braço. — Chega!

Ele estava ofegante, as mãos cerradas em punhos, o peito subindo e descendo rapidamente.

Então, olhou para mim.

Seus olhos encontraram os meus.

E algo neles suavizou.

— Você tá bem? — Sua voz saiu mais baixa, mas ainda carregada de tensão.

Assenti, mesmo que minhas mãos ainda tremessem.

Ele respirou fundo e puxou minha mão.

— Vamos sair daqui.

E eu fui.

Deixei que ele me guiasse para fora da casa, atravessando a festa sem olhar para trás.

O ar frio da madrugada bateu contra meu rosto assim que saímos da casa da fraternidade. Meus pulmões se encheram de alívio ao respirar longe do cheiro forte de cigarro e álcool.

Tony segurava minha mão firme enquanto me guiava pela calçada, seu corpo ainda tenso, sua mandíbula travada.

Eu ainda estava processando tudo que havia acontecido. O medo, a adrenalina, o alívio por Tony ter aparecido a tempo. Meus dedos tremiam levemente, mas eu tentava ignorar.

— Você tá bem? — ele perguntou, finalmente quebrando o silêncio.

Assenti, mesmo que ainda sentisse o coração acelerado.

— Sim… obrigada, Tony.

Ele soltou um suspiro pesado, passando a mão pelos cabelos.

— Aquele cara é um desgraçado. Devia ter quebrado mais do que o nariz dele.

Eu quase ri, mas a tensão no rosto dele me impediu.

— Você já quebrou alguma coisa?

Ele virou para mim, estreitando os olhos.

— O quê?

— Você já quebrou o nariz de alguém antes? — perguntei, tentando aliviar o clima.

Ele abriu um pequeno sorriso de lado.

— Talvez.

— Quantas vezes?

Ele riu baixo.

— Algumas.

— Algumas? Isso não me surpreende.

Ele olhou para mim com um brilho divertido nos olhos.

— Você acha que eu sou um brigão?

Levantei uma sobrancelha.

— Tony… você quase matou um cara hoje.

Ele soltou uma risada curta, mas ainda havia algo selvagem e sombrio por trás de seu olhar.

— Eu teria matado, se ele não tivesse te soltado.

Minha respiração travou por um instante.

A maneira como ele disse aquilo, tão sério, tão possessivo, me pegou desprevenida.

Houve um momento de silêncio entre nós.

Eu deveria ter dito algo. Deveria ter desviado o olhar. Mas não fiz nenhuma dessas coisas.

Em vez disso, continuei observando Tony, e pela primeira vez, vi algo diferente ali. Algo intenso, algo elétrico.

Minha boca ficou seca.

E então ele pigarreou e balançou a cabeça, como se quisesse afastar um pensamento.

— Vamos pegar um táxi. Eu te levo pra casa.

...****************...

A chave girou na fechadura, e eu empurrei a porta do apartamento, sentindo o alívio imediato de finalmente estar em casa. Meu corpo ainda estava tenso pelo que aconteceu naquela festa, e a única coisa que eu queria era tomar um banho quente e apagar tudo aquilo da minha cabeça.

Atrás de mim, Tony entrou sem cerimônias, fechando a porta com um empurrão preguiçoso.

— Quer beber alguma coisa? — Ele jogou as chaves sobre o balcão da cozinha e se encostou casualmente, cruzando os braços.

Ergui uma sobrancelha.

— Tony, são quatro da manhã.

Ele riu.

— E desde quando tem hora pra beber?

Suspirei, sem paciência.

— Acho que já bebi o suficiente por hoje.

— É, você tava bem soltinha lá na festa — ele provocou, um sorriso torto brincando nos lábios.

Cruzei os braços, desconfiada.

— Me observando, Tony?

Ele inclinou a cabeça, os olhos escuros brilhando sob a luz fraca da cozinha.

— Talvez.

O ar pareceu ficar pesado entre nós.

Eu queria dizer alguma coisa, queria fazer uma piada e sair dali, mas meus pés não se moviam. Meu corpo não respondia. Eu só conseguia olhar para ele.

Tony sempre foi bonito, charmoso, cheio de si. Mas, naquela noite, talvez pela bebida, talvez pela adrenalina do que aconteceu na festa, eu o enxerguei diferente.

E eu vi que ele também me enxergava diferente.

Ele não desviava o olhar. Não brincava, não fazia piadas.

Apenas me olhava.

E então, em um movimento rápido, Tony se aproximou.

Meu coração disparou.

— O que foi? — minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia.

Ele ergueu a mão devagar e tocou meu rosto, afastando uma mecha de cabelo que caía sobre minha bochecha. O toque foi suave, mas queimou minha pele como fogo.

— Você tá corada, pequena. — murmurou.

Minha garganta secou.

— Culpa sua.

Ele riu baixinho, e, antes que eu pudesse reagir, sua boca encontrou a minha.

O beijo foi impulsivo. Quente. Um choque elétrico percorrendo meu corpo de cima a baixo.

Eu deveria ter ficado surpresa. Deveria ter congelado.

Mas, no instante em que os lábios dele se moldaram aos meus, foi como se eu já soubesse que isso aconteceria um dia.

Minhas mãos agarraram sua camisa sem que eu percebesse, puxando-o para mais perto, sentindo o cheiro amadeirado dele misturado ao álcool e ao suor da noite.

Tony me pressionou contra a parede, sua língua deslizando contra a minha, seus dedos apertando minha cintura. Meu corpo respondeu antes da minha mente, arqueando-se contra o dele, buscando mais, querendo mais.

A respiração dele estava pesada, descompassada. Assim como a minha.

Seus lábios desceram para meu pescoço, os dentes roçando contra minha pele, e um suspiro escapou da minha boca.

— Tony… — murmurei.

Isso pareceu despertá-lo.

De repente, ele parou.

Simplesmente parou.

Seu corpo ficou tenso, seus lábios congelaram contra minha pele.

E então, ele deu um passo para trás.

— Merda…

Abri os olhos, atordoada.

— O que foi?

Ele passou a mão pelos cabelos, como se tentasse se recompor.

— Isso… isso é um erro.

As palavras foram como um tapa no meu rosto.

— O quê?

Tony desviou o olhar, respirando fundo.

— Eu… eu preciso ir.

Meu coração despencou.

— Tony, espera…

— Me desculpa, Caty. Eu não posso.

E antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele se virou e saiu, batendo a porta atrás de si.

Me deixando ali.

Sozinha.

O gosto dele ainda nos meus lábios.

O cheiro dele ainda na minha pele.

E a certeza de que eu havia sido rejeitada.

E isso… doía muito mais do que deveria.

Mais populares

Comments

Maria Inês

Maria Inês

Caty estava se entregando. Adorei o primeiro capítulo. Ansiosa por mais capítulos.

2025-03-09

1

Sandra Camilo

Sandra Camilo

estou amando o livro autora linda e por favor mais capítulos!!!❤️❤️

2025-03-09

1

Sandra Camilo

Sandra Camilo

mais capítulos por favor autora linda e fotos deles tb 🌹🌹🌹🌹

2025-03-09

1

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!