A frustração, o medo e a impotência a sufocavam. Ela precisava de um momento . Quando entrou no elevador, quase se sentiu segura. Era um pequeno refúgio contra o caos que se desenrolava dentro dela. Mas, assim que a porta se fechou, o som de passos interrompeu a calma.
A porta do elevador se abriu novamente e Maxim entrou. O olhar de Serena se encontrou com o dele, e o ar parecia se tornar mais denso. Ele parecia uma presença incontrolável, mas o mais desconcertante era o sorriso malicioso que ele carregava.
— Não me diga que está indo embora tão cedo… — ele disse com uma voz suave, mas que carregava algo perigoso por baixo. Ele ficou parado, observando-a com aquele olhar de quem conhece todos os seus segredos.
Serena se afastou um pouco, querendo evitar o contato, mas não queria demonstrar fraqueza. No entanto, ele já sabia. Maxim parecia saber sempre.
— Eu preciso de um pouco de paz, se você não se importar. — Serena tentou manter a voz firme, mas algo em seu tom traiu sua ansiedade. Ele se aproximou, e o cheiro dele, misturado com o seu perfume de alto custo, invadiu os sentidos dela.
— Paz? Você… vai encontrar paz onde? — Maxim inclinou a cabeça, observando-a como se fosse uma presa, um alvo fácil para os jogos psicológicos que ele adorava jogar.
A tensão no ar se espalhou como um fio invisível, e Serena sabia que, mais uma vez, ele estava levando o jogo para um novo nível.
— Eu não estou brincando, Maxim… — Serena falou, mas sua voz falhou um pouco. Ele se divertia com a sensação de que ela estava descontrolada, mesmo que tentasse se manter forte.
— Não, você não está brincando. Eu sei exatamente o que você quer… E sei também o que você não quer. — Maxim a interrompeu, suas palavras pesadas como pedras caindo no chão. Ele se aproximou ainda mais, agora tão perto que ela sentia a pressão da presença dele em todo o espaço do elevador.
O silêncio pairou entre os dois enquanto as portas do elevador se fechavam lentamente. Ela não sabia o que ele queria, mas sabia que estava em jogo mais do que seu emprego, mais do que ela podia compreender. Maxim tinha algo nela, algo que ele queria explorar. Mas o que era?
— Não vejo como isso é da sua conta. — Ela respondeu, tentando manter a calma, mas sua voz saiu mais ríspida do que o esperado.
Maxim deu um sorriso pequeno, mas seus olhos estavam intensos, penetrantes, como se estivesse se divertindo com a forma como ela tentava se esconder atrás de uma fachada de indiferença.
— Ah, mas tudo a minha volta é da minha conta, Serena. — Ele disse com um tom de certeza, quase como se estivesse ciente de algo que ela ainda não compreendia. — Cada movimento seu, cada decisão, me interessa. Você não parece entender o jogo em que está entrando.
Serena o encarou de canto de olho, um misto de raiva e confusão se misturando dentro dela. Ela sabia que havia algo errado, que ele estava jogando algum jogo psicológico, mas não conseguia decifrar o que era.
— Eu não estou aqui para brincar de jogos, Maxim. — Afirmou, tentando mostrar firmeza. Ela não sabia o que ele queria, mas estava farta de ser tratada como uma peça de xadrez.
Maxim deu uma risada baixa, quase sardônica, e a maneira como ele olhou para ela fez seu estômago revirar.
— Claro que não. Mas você não percebe, Serena? Já está envolvida. Você está muito mais perto do jogo do que imagina. E eu sou a única pessoa que pode te dar o que você quer, ou te tirar tudo de uma vez. — Ele pausou, deixando as palavras penduradas no ar, como um aviso. — Você tem muito a perder, não tem? Sua mãe… seu emprego… sua vida. Tudo está em minhas mãos agora.
Serena sentiu o peso das palavras dele, como se estivessem prensando seu peito. Ele estava certo. Ela não podia negar isso. Sua situação era desesperadora. Mas ele estava brincando com ela. Jogando com seus medos. E isso a deixava furiosa.
— Não me ameaçar, Maxim. Eu não sou a sua secretária. — Ela desafiou, a voz mais firme agora, apesar do turbilhão de emoções em seu interior.
Maxim a observou com um olhar calculista, a expressão dele imperturbável. Ele se aproximou um pouco mais, os passos leves, quase como se estivesse testando seus limites.
— Eu não te ameaço, Serena. — Ele disse com um tom baixo, quase sussurrando, mas sua voz estava carregada de algo ameaçador. — Eu só mostro o que é possível. A escolha é sua.
Serena queria gritar, queria jogar tudo para o alto, mas sabia que não podia. A situação em que se encontrava era mais complexa do que ela gostaria de admitir.
As portas do elevador finalmente se abriram, mas Maxim não se moveu. Ele permaneceu ali, observando-a, esperando que ela fosse a primeira a sair.
— Você vai me deixar esperando ou vai sair logo? — ele perguntou com um sorriso provocador, mas sua voz estava tingida com um leve tom de ironia.
Serena deu um passo para fora do elevador, tentando não demonstrar o quanto a presença dele a afetava. Mas ele a seguiu, sua sombra a acompanhando enquanto ela caminhava para a saída.
— Este jogo ainda está só começando, Serena. — Maxim disse antes de se afastar, a voz carregada de uma promessa sombria que ela não podia ignorar.
Ela parou, hesitou por um momento, mas então se forçou a seguir em frente, embora soubesse que, no fundo, ele havia marcado a próxima jogada.
xxx
A noite estava fria, e as luzes da cidade piscavam por trás da janela de vidro. Maxim se sentava no sofá de couro escuro, os ombros tensos, o olhar fixo no espaço diante dele. A cada respiração, sentia o peso das palavras que precisava dizer a Lucian. A revelação de que Serena tinha sido testemunha do assassinato era um ponto crucial, algo que poderia alterar todos os planos que ele havia cuidadosamente arquitetado.
A porta da sala se abriu, e Lucian entrou. Ele parecia calmo, mas havia uma tensão inconfundível em seus passos. Maxim sabia que ele sabia de algo. Lucian nunca errava quando se tratava de observar as pequenas falhas, os deslizes.
— Maxim… — Lucian começou, com a voz grave e firme, cheia de autoridade. Ele se aproximou, parando ao lado da mesa, seu olhar fixo no filho. — Preciso de respostas. E você vai me dar elas agora.
Maxim levantou uma sobrancelha, tentando manter a compostura, mas sabia que o pai não estava ali para uma conversa tranquila. Ele sabia que Lucian sentia o cheiro da ameaça no ar.
— O que você quer, pai? — Maxim respondeu, sua voz tingida de desdém, mas com um toque de cautela. Ele sabia que Lucian sempre conseguia perceber quando algo estava fora do lugar.
Lucian inclinou-se um pouco mais perto, seus olhos quase desafiando o filho.
— Eu quero saber o que você fez. O que aconteceu aquela noite . — Lucian falou com um tom gélido, sem levantar a voz, mas cada palavra cortava o ar como uma lâmina afiada. — Eu não sou um tolo. Sei o que você está tentando esconder.
Maxim sentiu a tensão crescer. Não era apenas sobre o assassinato, mas sobre a situação com Serena. Ele sabia que ela estava em uma posição vulnerável. E agora, sua situação estava prestes a se complicar ainda mais.
— O que você quer dizer? — Maxim tentava parecer calmo, mas não conseguia evitar que uma onda de nervosismo passasse por ele. A questão com Serena estava pesando mais do que ele gostaria de admitir.
Lucian soltou um suspiro, a paciência se esgotando, e a pressão sobre Maxim aumentou. Ele sabia exatamente como manipular o filho, como fazer com que ele sentisse a responsabilidade pesar sobre seus ombros.
— Você não percebeu? A garota… Serena… Ela viu tudo. — Lucian disse, sua voz fria como o gelo, a cada palavra, ele estava apertando mais a garganta de Maxim. — Ela viu o que aconteceu. E agora, você precisa decidir o que vai fazer com isso. Porque se ela falar, o que isso pode significar para nós?
Maxim se manteve em silêncio por um momento, o coração acelerado. Ele não podia acreditar que ela tivesse visto. E o pior, ela agora estava numa posição em que poderia revelar tudo. Ameaçando tudo o que ele tinha conquistado.
— Eu vou lidar com isso. — Maxim finalmente respondeu, sua voz baixa, mas cheia de uma fúria reprimida.
Lucian o observou por um tempo, os olhos penetrando até a alma do filho, avaliando cada movimento dele. Ele podia sentir o medo e a raiva misturados em Maxim. Mas não estava satisfeito com a resposta.
— Você vai lidar com isso? Como? — Lucian não poupou palavras. — O que você vai fazer para garantir que ela não fale? Não faça a mesma coisa que sempre faz, jogando tudo pra baixo do tapete. Não se esqueça, Maxim… você não tem mais apenas a sua liberdade em risco. Sua vida está em jogo, e a dela também.
Maxim encarou o pai, sentindo o peso das palavras. Ele sabia que Lucian estava certo, mas odiava admitir isso. O controle estava se esvaindo, e ele não podia deixar isso acontecer. Mas havia algo em Lucian que o fazia se sentir pequeno, como se ele estivesse sendo constantemente vigiado.
— Eu sei o que estou fazendo, pai. Eu não preciso da sua ajuda pra isso. — Maxim disse, tentando manter a postura, mas sua voz não foi convincente.
Lucian ficou em silêncio por um momento, observando o filho com um olhar que beirava a frieza, mas havia também um leve toque de desapontamento. Ele sempre soubera que Maxim era inteligente, mas sentia que ele estava começando a falhar nas pequenas coisas.
— Não se esqueça, Maxim… você não está sozinho. E há sempre uma maneira de garantir que as coisas sigam como planejado. — Lucian disse, sua voz mais suave, mas ainda carregada de um veneno sutil. — Eu só espero que você entenda o que está em jogo.
Maxim permaneceu em silêncio, a tensão entre eles crescendo. Ele sabia que o pai estava tentando manipulá-lo, mas também sabia que não podia perder mais tempo. Não poderia deixar que Serena fosse uma ameaça.
Lucian observou o filho com um sorriso satisfeito. Ele sabia que Maxim tentaria controlar a situação à sua maneira, mas também sabia que, no fundo, o filho não tinha escolha. Ele estava preso em um jogo onde ele não tinha o controle total, e Lucian estava esperando que Maxim finalmente percebesse isso.
— Você tem até amanhã para resolver isso. — Lucian disse, se virando para sair. — E lembre-se… se você falhar, será a última vez que poderá sair impune. Eu não vou salvar você dessa vez.
Maxim assistiu o pai sair, seus olhos ainda pesados de raiva, mas também de medo. Ele sabia que estava em um caminho sem volta. A situação com Serena e o assassinato já não podiam ser ignorados. Ele tinha que resolver tudo rapidamente, ou perderia o controle de sua vida — e talvez até de sua liberdade.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Comments