Depois de dançarmos e rirmos como crianças, Ethan me puxou animado pelo fliperama, seus olhos brilhando de empolgação.
— Agora, eu vou te mostrar o meu jogo favorito. — Ele disse, segurando minha mão como se não quisesse me perder no meio das luzes piscantes ao redor.
Eu não reclamei.
Quando paramos em frente à máquina, meus olhos se arregalaram.
— Não pode ser…
Ethan me olhou, confuso.
— O quê?
— Esse é o mesmo jogo que eu costumava jogar com o meu irmão em casa.
O sorriso dele ficou ainda maior.
— Então acho que isso significa que estamos destinados a jogar juntos.
Olhei para a tela do jogo, reconhecendo cada detalhe do design e dos personagens. Era um jogo de luta clássico, um daqueles que exigia habilidade e reflexos rápidos para derrotar o adversário.
— Kim sempre me ganhava. — Murmurei, cruzando os braços.
Ethan riu, pegando os controles e me entregando um deles.
— Bom, então vamos ver se você aprendeu alguma coisa jogando com ele.
Me sentei ao lado dele, pegando o controle com um misto de nostalgia e desafio.
— Você pode se arrepender disso, Ethan.
— Ah, duvido muito.
O jogo começou.
Escolhi meu personagem favorito, um lutador ágil que eu sempre usava contra Kim, enquanto Ethan escolheu um dos mais fortes do jogo.
— Esse personagem é roubado. — Reclamei.
— Eu chamo de estratégia. — Ele sorriu, travesso.
A luta começou, e nos primeiros segundos, Ethan já estava me atacando sem piedade.
— Ei! Isso não é justo! — Protestei, tentando me defender.
— Guerra é guerra, Vic.
A cada golpe que eu errava, ele ria mais. E, de alguma forma, sua risada fazia com que eu não me irritasse tanto com a derrota iminente.
Mas eu não ia deixar barato.
— Você acha que pode ganhar fácil assim?
— Eu tenho certeza que vou ganhar fácil.
Mordi o lábio, me concentrando. E, antes que ele percebesse, consegui encaixar um combo perfeito.
— O QUÊ? — Ele exclamou, olhando para a tela, surpreso.
Soltei uma risada vitoriosa.
— Peguei você.
— Você estava blefando! Você joga bem!
— Eu disse que jogava com o meu irmão… Você achou que eu fosse tão ruim assim?
Ele me olhou com os olhos semicerrados.
— Você me enganou direitinho, Vic.
Ri ainda mais, me sentindo animada como há muito tempo não me sentia.
A batalha continuou, e agora Ethan estava focado, tentando recuperar o domínio do jogo.
— Se eu ganhar, você me deve outro sorvete. — Ele disse de repente.
— E se eu ganhar?
Ele sorriu de lado.
— Aí… eu faço o que você quiser.
Meu coração deu um pequeno salto, mas fingi que não me abalei.
A batalha ficou intensa, ambos apertando os botões freneticamente. E então, no último segundo, eu ganhei.
A tela anunciou minha vitória, e eu soltei um grito de triunfo.
— NÃO ACREDITO! — Ethan exclamou, jogando a cabeça para trás.
Eu ri, levantando os braços como se fosse uma verdadeira campeã.
— Quero ver se vai cumprir sua promessa agora.
Ele me olhou, pensativo, e então sorriu de um jeito que fez meu estômago revirar.
— Tudo bem. O que você quer que eu faça?
Pensei por um momento, aproveitando a pequena vantagem que tinha.
— Ainda não decidi. Mas vou guardar isso para mais tarde.
Ele riu, balançando a cabeça.
— Vic, você pode ser perigosa quando quer.
— Você ainda não viu nada.
Ele sorriu, e, por um momento, ficamos nos olhando, o brilho das luzes do fliperama refletindo em seus olhos castanhos.
— Eu gostei muito de você, Vic. — Ele disse, sem hesitação.
Minha respiração falhou por um segundo.
— Você fala isso para todas as garotas que vence nos jogos?
Ele riu, balançando a cabeça.
— Eu não ganhei dessa vez.
— Então por que ainda está sorrindo?
Ele me olhou com uma intensidade diferente agora, como se tivesse encontrado algo que não esperava.
— Porque acho que perder para você foi a melhor parte do meu dia.
E, naquele momento, percebi que talvez Ethan não fosse apenas um encontro passageiro. Talvez ele fosse algo muito mais do que isso.
Saímos do fliperama com o riso ainda fresco nos lábios, como se tivéssemos deixado todas as preocupações para trás por algumas horas. O sol estava começando a se pôr no horizonte, pintando o céu com tons dourados e laranjas, refletindo nas janelas dos prédios ao redor.
Ethan caminhava ao meu lado, as mãos enfiadas nos bolsos da calça enquanto chutava uma pedrinha no chão. Biscoito andava animado à nossa frente, farejando tudo ao redor, como se fosse sua primeira vez ali.
A pracinha principal da cidade estava cheia de vida. Famílias passeavam, crianças corriam brincando, e casais ocupavam os bancos, trocando sorrisos apaixonados.
— Foi um bom dia. — Ethan comentou, olhando para mim com um meio sorriso.
— Foi mesmo. — Concordei, surpresa ao perceber que estava sendo sincera.
— Tá vendo? Eu disse que sair comigo ia ser a melhor decisão que você já tomou.
Revirei os olhos, mas não consegui esconder meu sorriso.
Enquanto caminhávamos, uma senhora idosa apareceu na nossa frente. Ela segurava um pequeno carrinho cheio de flores coloridas e tinha um olhar travesso, como se já soubesse de algo que nós não sabíamos.
— Jovem! — Ela chamou, olhando diretamente para Ethan. — Compre flores para sua namorada.
Minha boca se abriu, surpresa, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Ethan riu, balançando a cabeça.
— Nós não somos namorados.
A velhinha ergueu uma sobrancelha, claramente se divertindo.
— Ah, entendi. Então vocês estão apenas ficando.
Corei imediatamente, sentindo meu rosto esquentar.
— Não é isso também…
Ela riu, balançando a cabeça.
— Ah, meu filho, não importa. Só compra as flores e dê para ela. Ela é linda, e vocês formam um belo casal.
Antes que eu pudesse protestar, Ethan cruzou os braços, olhando para as flores com um olhar divertido.
— Bom, se a senhora insiste tanto assim…
Ele então pegou a carteira e, sem nem olhar o preço, disse:
— Eu vou levar todas.
Meus olhos se arregalaram.
— Ethan!
A velhinha ficou boquiaberta por um segundo, mas logo sorriu com alegria.
— Todas?
— Sim. Todas.
Ela riu animada e começou a embrulhar os buquês com carinho.
— Rapaz esperto. Aprendeu cedo que não se deve economizar quando se trata de agradar uma moça bonita.
Eu estava em choque, observando enquanto Ethan segurava o enorme buquê com um sorriso convencido. Ele então se virou para mim e estendeu as flores.
— Aqui, Vic.
Fiquei paralisada por um momento, olhando para ele e depois para o buquê.
— Você… realmente comprou todas as flores?
Ele deu de ombros.
— Claro. Não podia deixar a senhora aqui sem vender tudo, né?
— Mas você não precisava…
— Eu sei. Mas eu quis.
Toquei as pétalas macias, sentindo um nó na garganta. Ninguém nunca tinha feito algo assim por mim.
— Ethan…
Ele inclinou a cabeça, me observando.
— Você gostou?
Olhei para ele, para o sorriso despreocupado, para a forma como o vento bagunçava seu cabelo.
E percebi que sim, eu tinha gostado. Gostado demais.
Segurei as flores com cuidado e assenti, sentindo meu rosto esquentar.
— Eu amei.
E então, pela primeira vez, Ethan não disse nada.
Ele apenas sorriu, e naquele momento, com o sol se pondo atrás de nós, eu soube que algo dentro de mim havia mudado para sempre.
Caminhamos lado a lado pela pracinha, o céu tingido de tons alaranjados e rosados. As flores em meus braços exalavam um perfume suave, e eu ainda sentia o calor do presente de Ethan em minhas mãos.
Biscoito corria animado à nossa frente, farejando o chão e abanando o rabo com entusiasmo. Ethan, como sempre, parecia despreocupado, os olhos observando o horizonte enquanto caminhava ao meu lado, as mãos nos bolsos da calça e um sorriso satisfeito nos lábios.
Mas eu…
Eu não conseguia parar de olhar para ele.
Meu coração batia mais rápido do que o normal, e cada detalhe sobre ele parecia mais nítido agora. O brilho nos olhos quando ele ria, a forma como sua voz sempre carregava um tom brincalhão, o jeito despreocupado de levar a vida, como se tudo ao seu redor fosse um grande palco para sua felicidade contagiante.
E foi naquele momento, no meio daquela pracinha, segurando um buquê de flores e caminhando ao lado dele, que percebi.
Eu estava apaixonada por Ethan.
Meu peito apertou com a certeza desse sentimento, como se algo dentro de mim tivesse finalmente encontrado o que procurava.
Olhei para ele novamente e sorri sozinha, meu coração se aquecendo ainda mais.
Ele é meu príncipe encantado.
O pensamento surgiu na minha mente sem permissão, mas não tentei afastá-lo.
Como os de contos de fadas.
Mas diferente dos príncipes das histórias, Ethan não tinha um cavalo branco, uma coroa ou um castelo. Ele tinha um cachorro chamado Biscoito, uma energia impossível de conter e um jeito de transformar qualquer momento comum em algo extraordinário.
E talvez… talvez isso fosse ainda melhor.
— Por que você está sorrindo assim? — Ele perguntou de repente, me observando com curiosidade.
Meus olhos se arregalaram levemente, e meu rosto esquentou.
— O quê? Eu não estou sorrindo.
Ele riu, balançando a cabeça.
— Tá sim. Você tem esse sorrisinho bobo no rosto.
— Eu só estou feliz.
Ele me olhou por um momento, como se estivesse tentando decifrar algo.
— Bom, se eu sou o motivo disso, então estou no caminho certo.
Meu coração pulou uma batida, e eu desviei o olhar para esconder meu rosto corado.
Mas, por dentro, eu sabia.
Eu não precisava mais de contos de fadas.
Porque o meu príncipe já estava bem aqui, andando ao meu lado, segurando o mundo inteiro dentro do seu sorriso.
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Atualizado até capítulo 21
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