primeiro encontro

Ethan se levantou do banco, puxando a coleira de Biscoito, que ainda corria pela grama com sua energia infinita. Eu o observei por um momento, tentando entender como alguém podia ser tão leve, tão despreocupado com tudo.

Ele me olhou de lado e sorriu.

— Então, Vic…

— O quê? — Perguntei, cruzando os braços.

Ele enfiou as mãos nos bolsos e balançou a cabeça, como se estivesse se preparando para dizer algo importante.

— Eu estava pensando…

— Isso já me assusta.

Ele riu, mas ignorou minha provocação.

— Quero te convidar para sair.

Pisquei algumas vezes, surpresa.

— O quê?

— Sair. — Ele repetiu, casualmente. — Como um encontro.

Meu coração bateu um pouco mais forte do que o normal.

— Um encontro?

— Sim. — Ele confirmou, sorrindo de um jeito que fez meu estômago revirar. — Quero te conhecer melhor. Quero passar mais tempo com você.

Mordi o lábio, tentando entender o que estava acontecendo.

— Por quê?

Ele franziu a testa, confuso.

— Como assim, "por quê"?

— Quero dizer… por que eu?

Ele ficou em silêncio por um momento, depois soltou um suspiro e se sentou novamente no banco, puxando a coleira para que Biscoito se acalmasse ao seu lado.

— Porque eu gostei de você, Vic.

Minha respiração travou por um segundo.

— Você nem me conhece direito.

— E é exatamente por isso que quero te conhecer melhor.

Eu não sabia o que responder. A forma como ele falava era tão simples, tão direta, sem rodeios. Como se não tivesse medo de admitir o que sentia.

— Eu gosto do seu jeito. — Ele continuou, olhando para frente. — Você tem esse ar de mistério, como se estivesse sempre presa dentro da própria mente. Mas ontem, quando correu comigo, por um momento, você pareceu livre.

Abaixei a cabeça, sentindo minhas bochechas esquentarem.

— Você quer me fazer correr de novo, é isso?

Ele riu.

— Não, quero te fazer viver um pouco mais.

Fiquei em silêncio, mordendo o lábio.

— Então? — Ele perguntou, me olhando. — Aceita sair comigo?

Hesitei por um momento. Não porque não queria, mas porque não sabia como lidar com isso.

— Para onde você quer me levar?

O sorriso dele aumentou.

— Ah, então você está considerando.

Revirei os olhos.

— Só estou curiosa.

— Que bom, porque eu gosto de curiosidade.

Ele ficou pensativo por um momento antes de responder:

— Quero te levar para um lugar especial.

— E onde seria esse lugar?

— Surpresa.

Bufei, cruzando os braços.

— Você quer que eu aceite sem saber para onde estou indo?

— Exatamente.

Suspirei, fingindo irritação. Mas, por dentro, meu coração batia acelerado.

— Tudo bem, Ethan.

Os olhos dele brilharam.

— Então temos um encontro.

Biscoito latiu como se comemorasse junto, e eu soltei um riso baixo.

Ethan se inclinou para mim.

— Você vai ver, Vic… sair comigo vai ser a melhor decisão que você já tomou.

Eu queria duvidar.

Mas, no fundo, uma parte de mim já sabia que ele estava certo.

Ethan se levantou de repente, ajeitando a coleira de Biscoito e estendeu a mão para mim.

— Vamos.

Franzi a testa.

— Agora?

— Sim, agora.

Olhei para ele, desconfiada, mas algo no brilho animado dos seus olhos me fez suspirar.

— Então tá.

Ele sorriu satisfeito e me guiou até onde seu carro estava estacionado. Quando vi o veículo, parei por um instante.

Era um carro luxuoso, com um design elegante e brilhante. Eu podia não entender muito de carros, mas sabia que aquele não era qualquer um.

— Seu carro parece ser caro. — Comentei, entrando e sentindo o conforto imediato dos bancos de couro.

Ethan riu, dando a partida.

— Nem é tão caro assim.

— Parece muito com o que meu irmão queria comprar.

Ele deu de ombros.

— Foi um presente de um tio meu. Ele sempre gostou de me mimar um pouco.

Assenti, ainda curiosa, mas decidi não insistir no assunto.

O carro deslizou pelas ruas, e eu me perguntei para onde ele estava me levando. Pela forma como ele sorria de canto, claramente se divertindo com meu olhar de dúvida, eu sabia que não ia conseguir arrancar uma resposta fácil.

— Você vai me contar para onde estamos indo?

— Claro que não.

— Ethan…

— Paciência, estrela. — Ele piscou. — Você vai gostar, confia em mim.

Fiquei olhando pela janela, ainda tentando adivinhar. Só quando estacionamos em frente a um prédio iluminado, cheio de luzes coloridas e sons eletrônicos vindo do interior, percebi onde estávamos.

— Um fliperama? — Perguntei, surpresa.

— Sim! — Ele disse com entusiasmo, saindo do carro.

— Você me trouxe para jogar videogame?

— Você nunca foi a um fliperama, foi?

Eu hesitei.

— Bom… não.

— Perfeito! Então essa vai ser a sua primeira vez.

Olhei para o grande letreiro neon piscando com o nome do lugar. Crianças e adolescentes entravam e saíam, empolgados. Havia uma atmosfera vibrante no ar.

Mas então me lembrei de algo.

— E o Biscoito? — Perguntei, olhando para o cachorro, que abanava o rabo animado no banco de trás.

Ethan apontou para um espaço ao lado do fliperama, onde havia uma casinha para cachorros cercada.

— Vamos deixar ele ali por alguns minutos. — Disse, saindo do carro e indo até o local.

Uma funcionária do estabelecimento apareceu e acenou para ele, já parecendo conhecê-lo.

— Oi, Ethan! Trouxe o Biscoito de novo?

— Oi, Lana! Sim, ele vai descansar aqui enquanto eu ensino minha amiga a se divertir.

Lana riu, pegando a coleira de Biscoito e o guiando para dentro da área protegida.

— Ele vai ficar bem aqui. Pode aproveitar o fliperama.

Biscoito latiu, abanando o rabo, e Ethan se abaixou para coçar suas orelhas antes de se virar para mim.

— Pronto. Agora, vamos jogar.

Olhei para ele, ainda incrédula.

— Eu não acredito que estou fazendo isso.

— Melhor acreditar, porque você está prestes a ter o dia mais divertida da sua vida.

Assim que entramos no fliperama, fui atingida por um mundo de cores vibrantes, sons eletrônicos e luzes piscando por todos os lados. Crianças corriam empolgadas, casais disputavam nos jogos, e grupos de amigos riam alto enquanto competiam entre si.

Ethan parecia em casa ali. Seus olhos brilhavam com entusiasmo, e seu sorriso era ainda maior do que o normal.

— Bem-vinda ao seu primeiro fliperama, Vic. — Ele disse, fazendo um gesto exagerado com os braços.

— Você fala como se isso fosse um evento histórico. — Respondi, cruzando os braços.

— E é! — Ele riu. — Você nunca viveu a experiência real de um fliperama. Então, hoje, eu vou te transformar em uma jogadora de verdade.

Antes que eu pudesse protestar, ele pegou minha mão e me puxou para a primeira máquina de jogos. O toque dele foi rápido, mas o suficiente para me fazer sentir um arrepio percorrendo meus dedos.

O primeiro jogo era de tiro, com duas pistolas presas à máquina. Ethan pegou uma e me entregou a outra.

— Vamos ver se você tem uma mira boa.

— Eu nunca joguei isso.

Ele piscou.

— Então vai ser divertido te ver errar.

— Idiota. — Resmunguei, segurando a pistola.

O jogo começou, e os inimigos apareceram na tela. Eu tentei mirar, mas falhei miseravelmente nos primeiros tiros. Ethan, ao contrário, acertava tudo com precisão absurda.

— Você parece profissional nisso. — Murmurei, frustrada.

— Eu sou. Mas eu sou um cara legal e vou te ajudar.

Antes que eu pudesse protestar, ele se aproximou mais e colocou a mão sobre a minha, ajustando meu posicionamento. Meu coração disparou instantaneamente com a proximidade. O calor do corpo dele era palpável, e o cheiro amadeirado de seu perfume me envolveu.

— Relaxa os ombros… assim. — Ele murmurou, sua voz baixa e próxima demais do meu ouvido.

Engoli em seco, tentando focar no jogo e não no fato de que Ethan estava praticamente colado em mim.

— Agora mira ali… isso, boa!

Apertei o gatilho e, pela primeira vez, acertei o alvo.

— Eu acertei! — Falei, surpresa.

— Eu disse que você ia conseguir.

Olhei para ele, e ele estava sorrindo para mim de um jeito tão encantador que senti meu rosto esquentar.

Droga. Ele sabe o que está fazendo.

Depois de algumas rodadas (e depois de ele ter rido muito das minhas tentativas falhas), passamos para outro jogo. Dessa vez, era um clássico de dança, com uma plataforma iluminada onde precisávamos pisar nas setas no ritmo da música.

— Ah, não. Eu não vou dançar. — Cruzei os braços.

— Vai, sim.

— Ethan, eu sou péssima nisso.

— Melhor ainda! — Ele riu. — Mais engraçado para mim.

Antes que eu pudesse fugir, ele já estava na plataforma e selecionando a música.

— Vem logo, Vic. Se eu tiver que dançar sozinho, vou fazer um escândalo.

Suspirei e subi na plataforma ao lado dele. A música começou a tocar, e as setas começaram a aparecer na tela. Ethan se movia com facilidade, acertando cada passo como se tivesse feito isso a vida inteira.

Já eu…

Bem, eu estava completamente perdida.

Tentei acompanhar, mas pisei errado várias vezes, e Ethan não parava de rir.

— Isso é injusto! — Reclamava.

— É porque você está travada. — Ele disse, entre risadas. — Para de pensar tanto e só sente a música!

Bufei, mas tentei seguir seu conselho. E, por um momento, só me deixei levar.

Ethan me puxou pela mão, girando-me de brincadeira no meio da dança, e eu ri. Ria como não ria há muito tempo. Ele fazia caretas exageradas enquanto dançava, me provocava dizendo que eu estava indo “horrivelmente bem”, e, no final, quando a música terminou, ambos estávamos ofegantes de tanto rir.

— Você foi incrível. — Ele brincou.

— Você só está dizendo isso para me animar.

— Exatamente.

Eu o empurrei de leve, e ele sorriu.

— Tá se divertindo, Vic?

Olhei para ele, ainda sentindo a adrenalina da dança e do riso.

— Sim… — Admiti, baixinho.

O sorriso dele ficou ainda mais bonito.

— Então missão cumprida.

Olhamos ao redor, e ele puxou minha mão novamente.

— Vamos jogar mais. Quero te mostrar meu jogo favorito.

Não reclamei quando ele segurou minha mão dessa vez. Na verdade, uma parte de mim queria que ele não soltasse nunca.

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