O corredor estava envolto em uma névoa vermelha, criada pelas luzes piscantes. O ar era pesado e cheio de um cheiro metálico de sangue e suor. Os sons dos monstros que eles haviam libertado misturavam-se aos rugidos dos guardas transformados. Miriã sentia o coração batendo no peito como se fosse explodir a qualquer momento. Cada passo parecia ser feito em câmera lenta, e tudo ao redor parecia um borrão.
Rafael estava à frente, liderando o caminho com uma determinação feroz. Atrás dele, a garota seguia cambaleando, seus olhos arregalados de pavor, e Miriã corria na retaguarda, segurando firmemente o pedaço de madeira como sua única arma contra o que quer que aparecesse.
De repente, uma das criaturas liberadas surgiu de uma porta à sua esquerda, saltando para o meio do corredor. Era enorme, um monstro deformado coberto de sangue e feridas abertas. Seus olhos não eram mais do que dois pontos vermelhos brilhantes, como brasas, e sua boca se abria em um grito silencioso de dor e raiva.
— Para a direita! — Rafael gritou, puxando a garota com força.
Eles viraram uma esquina e continuaram correndo. O monstro hesitou por um momento, mas logo começou a persegui-los, seus passos pesados fazendo o chão tremer.
— Mais rápido! — Miriã gritou, sua voz cheia de desespero.
Ao virar a próxima esquina, eles encontraram uma bifurcação. Rafael parou abruptamente e olhou para os dois lados, tentando decidir rapidamente.
— Para onde agora? — Miriã exigiu, seu peito arfando.
— Esquerda! — ele gritou, pegando o caminho. — O Escritório 3 deve ser por aqui!
Mas o som de metal rangendo e algo pesado se arrastando fez com que todos congelassem. O monstro estava mais perto do que imaginavam. Antes que pudessem reagir, ele avançou para eles, bloqueando o caminho para trás.
— Vamos ter que lutar! — Miriã disse, erguendo sua improvisada arma de madeira.
Rafael e a garota pegaram pedaços de entulho ao redor. O monstro soltou um rugido ensurdecedor e avançou. Rafael correu para o lado, tentando distrair a criatura, enquanto Miriã se movia para atacar pela esquerda.
— Agora! — Rafael gritou, arremessando um pedaço de metal na cabeça do monstro.
O golpe apenas irritou a criatura, mas foi o suficiente para desviar sua atenção por um segundo. Miriã aproveitou a oportunidade e desferiu um golpe brutal na perna da criatura com toda a sua força. A madeira se partiu ao meio, mas o golpe foi forte o bastante para desequilibrar o monstro, que tropeçou para trás.
— Continuem correndo! — Rafael gritou. — Não vamos conseguir derrotá-lo!
Eles retomaram a corrida pelo corredor, o som do monstro se recuperando e voltando a persegui-los ecoando cada vez mais próximo. A garota estava à beira de um colapso, mas Miriã a segurou pela mão, puxando-a com toda a sua força.
Finalmente, após uma sequência interminável de curvas e corredores sem fim, avistaram uma porta marcada como "Escritório 3". O coração de Miriã quase pulou de alegria, mas ela sabia que ainda não estavam fora de perigo.
— É ali! — Rafael gritou. — Corram!
Eles dispararam na direção da porta. O monstro estava logo atrás, rugindo de frustração e raiva. Rafael chegou primeiro e girou a maçaneta, empurrando a porta com todas as suas forças.
— Entrem! Entrem! — ele ordenou.
A garota entrou primeiro, seguida de Miriã, que deu um último empurrão na porta antes de fechá-la com força, trancando-a imediatamente. O monstro colidiu contra a porta do outro lado, fazendo o metal ranger e estremecer, mas a fechadura parecia aguentar.
Dentro do escritório, eles puderam respirar um pouco. As luzes ainda eram vermelhas e os alarmes continuavam a soar, mas, pelo menos por enquanto, estavam a salvo.
— Conseguimos... — a garota sussurrou, afundando no chão, exausta.
Miriã também estava sem fôlego, mas sabia que o perigo não havia passado completamente.
— Rafael, o que acontece agora? — ela perguntou.
Ele estava encostado na parede, ainda tentando recuperar o fôlego. Ele olhou para Miriã, sua expressão séria.
— Agora... agora, nós esperamos. O último estágio da mansão está começando. E então, seremos libertos. Se sobrevivermos.
Do lado de fora, o som dos monstros ficou mais alto e mais violento. O rugido infernal ecoava pelos corredores como se toda a mansão estivesse rugindo em uníssono. A sensação era de que o próprio prédio queria devorá-los.
De repente, os alarmes pararam, e o silêncio tomou conta. As luzes vermelhas começaram a piscar lentamente, criando um ambiente ainda mais ameaçador.
— O que está acontecendo? — Miriã perguntou, sentindo o estômago se revirar de ansiedade.
— A última onda — Rafael respondeu, sua voz baixa e tensa. — Este é o ponto de maior perigo. Eles virão de todas as direções agora.
A porta começou a tremer novamente, desta vez com uma força ainda maior. Os rugidos do monstro do outro lado estavam ficando cada vez mais altos, e o metal começava a se deformar sob a pressão.
— Se essa porta ceder, estamos mortos — Miriã disse, olhando ao redor, tentando encontrar algo para se proteger.
Mas, nesse momento, uma voz familiar ecoou pelos alto-falantes.
— Parabéns, sobreviventes. Vocês chegaram ao fim.
A voz era fria, sem emoção, como a de um locutor distante.
— Vocês foram escolhidos para se tornarem os novos líderes. Abram seus escritórios e preparem-se para a libertação.
Rafael olhou para Miriã, seus olhos fixos nos dela.
— Não podemos aceitar isso. Não podemos continuar com esse ciclo. Precisamos achar um jeito de sair daqui de uma vez por todas.
— Eu concordo — Miriã respondeu, sentindo o peso de sua decisão. — Mas como fazemos isso? Se não aceitarmos, somos mortos. Se aceitarmos, seremos forçados a voltar aqui no próximo ano.
De repente, a porta começou a abrir sozinha. O monstro do outro lado havia sumido. Parecia que o sistema estava permitindo que saíssem. Rafael respirou fundo, e a garota que estava com eles se levantou, os olhos cheios de lágrimas.
— Eu só quero ir para casa — ela sussurrou.
— E nós vamos. De algum jeito — Miriã prometeu.
Eles saíram do Escritório 3 e encontraram o caminho para fora, os corredores agora quietos, como se a mansão tivesse adormecido. As luzes piscantes iluminaram o caminho até os portões de saída. Ao longe, Miriã viu o carro que os trouxe.
— Vamos embora daqui. Agora. — Rafael disse, apressando o passo.
Eles correram para o carro, sem olhar para trás. Entraram no veículo, ligaram o motor e aceleraram, deixando a mansão para trás. Ao cruzar os portões, Miriã olhou pelo retrovisor e viu as enormes portas de ferro se fechando novamente, selando o terror lá dentro... por enquanto.
Mas o que ficou foi um sentimento avassalador de dúvida. Eles realmente escaparam ou apenas entraram em um novo nível de um jogo perverso e sem fim?
Enquanto dirigiam pela estrada escura, Miriã sabia que essa história estava longe de acabar. Ela precisava encontrar uma maneira de quebrar o ciclo, de impedir que outros passassem pelo mesmo inferno. E, embora ela ainda não soubesse como, uma coisa era certa: ela não iria desistir até encontrar uma resposta.
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Atualizado até capítulo 22
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