Miriã sussurrou, já se preparando para abrir a porta e correr.
Mas, antes que ela pudesse tocar na maçaneta, o som de um estalo agudo ecoou pelos alto-falantes da mansão, seguido por uma voz familiar.
Alto-falante: "Vocês acham que podem se esconder? Este é apenas o começo."
O coração de Miriã bateu ainda mais rápido. Ela olhou para a garota ao seu lado, que estava tremendo de medo, com lágrimas escorrendo pelo rosto. Não havia tempo a perder; eles precisavam sair dali.
— Fique atrás de mim — Miriã sussurrou, girando a maçaneta lentamente para evitar qualquer ruído que pudesse chamar atenção.
Ao abrir a porta apenas o suficiente para espiar, viu que o corredor estava momentaneamente vazio. Ela fez um sinal para que a garota a seguisse e, juntas, começaram a andar em silêncio, tentando controlar a respiração ofegante. O ar parecia mais pesado, como se a mansão inteira estivesse segurando o fôlego, aguardando o próximo movimento delas.
Ao virarem outra esquina do labirinto, depararam-se com um homem agachado, escondido em um canto. Ele parecia estar mexendo em algo no chão — talvez uma placa solta ou um azulejo quebrado. Quando as viu, levantou-se rapidamente e colocou o dedo nos lábios, indicando para que fizessem silêncio.
— Quem é você? — Miriã perguntou, mantendo a voz o mais baixa possível. Ela olhou ao redor, desconfiada, percebendo que cada som poderia ser uma armadilha.
— Meu nome é Rafael — respondeu ele, ainda ofegante. — Fui trazido para cá, assim como vocês. Mas acho que encontrei algo. Este lugar não é o que parece.
— Não me diga! — murmurou a garota que estava com Miriã, ainda tremendo.
— Não, sério — ele continuou, ignorando o sarcasmo. — Acredito que alguém está controlando tudo de uma sala de controle. Vi cabos e fios que não fazem sentido para um lugar tão antigo como este. Acho que, se encontrarmos a sala de controle, poderemos desligar o sistema de segurança... ou o que quer que esteja mantendo esses monstros sob controle.
Miriã sentiu uma faísca de esperança. Um plano, por mais improvável que fosse, era melhor do que correr sem rumo.
— E como você pretende encontrar essa sala de controle? — ela perguntou.
— Ainda estou tentando descobrir. — Rafael deu de ombros. — Mas, com um pouco de sorte, talvez... — Ele parou de falar de repente, os olhos arregalados enquanto olhava por cima do ombro de Miriã.
— Rápido! Para dentro! — ele sussurrou, empurrando Miriã e a garota de volta para uma sala lateral, fechando a porta atrás deles.
O som de passos pesados se aproximou, seguidos de um rosnado profundo e inumano. Os três ficaram paralisados no escuro, respirando o mais silenciosamente possível, enquanto as sombras dos monstros passavam pela fresta embaixo da porta. O cheiro de algo podre e metálico permeava o ar, quase sufocante.
Quando o perigo finalmente parecia ter passado, Miriã soltou um suspiro de alívio. Ela estava começando a acreditar que poderiam realmente ter uma chance. Mas Rafael quebrou o silêncio com uma declaração que mudou tudo.
— Eu também estive aqui no ano passado.
Miriã e a garota o encararam, atônitas.
— O quê?! — Miriã exclamou, esquecendo-se por um momento de manter a voz baixa.
— Eu sobrevivi a isso antes, e fui forçado a voltar como um dos... líderes. — Rafael desviou o olhar, envergonhado. — Não me orgulho disso, mas eles não me deram escolha. Ou eu selecionava um novo grupo, ou seria morto. Então, sim, eu sabia o que iria acontecer, mas tentei... tentei escolher pessoas que eu achava que tinham chance de sobreviver.
— Você está dizendo que nos trouxe aqui sabendo que estaríamos correndo risco de vida?! — gritou a garota, a raiva substituindo o medo em seus olhos.
— Sim, eu sei como isso parece, mas acreditem em mim, estou tentando encontrar uma saída para todos nós. — Ele deu um passo para trás, as mãos levantadas defensivamente. — Não quero que ninguém mais morra por causa deste lugar.
Miriã sentiu uma onda de emoções conflitantes. Por um lado, ela queria gritar com ele, talvez até bater nele por tê-la colocado nessa situação. Mas, por outro lado, ele parecia genuinamente desesperado para consertar as coisas.
— Eu não confio completamente em você, mas se você realmente sabe algo que possa nos ajudar a sair daqui, eu estou disposta a ouvir — disse ela, firme.
O trio continuou avançando pelos corredores, agora com um propósito renovado. Rafael liderava o caminho, examinando cuidadosamente cada centímetro das paredes e do chão em busca de qualquer sinal de uma passagem secreta ou um painel escondido. Enquanto isso, Miriã mantinha um olhar atento para trás, certificando-se de que não estavam sendo seguidos.
— Quantas pessoas sobrevivem normalmente? — Miriã perguntou, tentando entender mais sobre a situação.
— Quase ninguém — Rafael respondeu amargamente. — Apenas os que chegam aos escritórios no final. O resto... bem, você já viu o que acontece com eles.
— Isso é insano! — a garota disse, quase sem fôlego. — Quem faria uma coisa dessas?
— Não sei — Rafael respondeu, sua voz cheia de frustração. — É um jogo doentio para alguém lá fora. Mas eu prometo que, desta vez, vamos sair daqui e destruir esse maldito lugar.
Eles viraram mais um corredor e, de repente, Rafael parou.
— Aqui! — Ele apontou para um painel na parede que estava ligeiramente fora de alinhamento.
Com um empurrão firme, o painel se abriu, revelando um pequeno corredor que levava a uma escada descendente.
— Isso deve nos levar à sala de controle — ele disse, o tom de sua voz misturando alívio e urgência.
Eles desceram a escada em silêncio, até chegarem a uma porta de metal. Rafael girou a maçaneta lentamente, e a porta rangeu ao abrir. A sala de controle era pequena, cheia de monitores, câmeras e uma série de botões e alavancas. Havia mapas da mansão por toda parte, e uma tela mostrava os nomes dos participantes com o status ao lado de cada um.
— Aqui estamos — disse Rafael, examinando os controles. — Temos que descobrir como desligar isso tudo.
Miriã e a garota ficaram de guarda enquanto Rafael vasculhava o painel de controle. Os monitores mostravam várias cenas horríveis: pessoas sendo caçadas, outros tentando se esconder em vão, e os monstros em sua fúria crescente.
— Eu acho que encontrei algo! — Rafael disse, mexendo em uma alavanca.
Mas, antes que ele pudesse ativá-la, o som do alto-falante estalou novamente, desta vez com uma risada sinistra e familiar.
Alto-falante: "Vocês realmente pensaram que poderiam escapar? Isso foi só o começo."
De repente, um alarme começou a soar, e as luzes na sala de controle ficaram vermelhas.
— Não! — Rafael gritou. — Eles sabem que estamos aqui!
Miriã olhou ao redor freneticamente, procurando uma saída, mas a única maneira de sair era pela porta por onde entraram.
— Precisamos sair daqui agora! — ela gritou.
Mas, antes que pudessem se mover, o som de passos monstruosos ecoou pelo corredor atrás deles. Miriã sentiu o pânico tomando conta novamente, mas sabia que não havia escolha. Eles teriam que lutar por suas vidas mais uma vez, e desta vez, o perigo estava mais perto do que nunca.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 22
Comments