O Desepero na Sala de Controle

O som dos passos dos monstros se aproximava cada vez mais, reverberando pelas paredes do corredor estreito que levava até a sala de controle. Miriã sentiu o suor escorrer pelas costas, cada gota carregando o peso do medo e da adrenalina. Ao seu lado, a garota estava paralisada, os olhos arregalados, e Rafael corria de um lado para o outro da sala, tentando desesperadamente encontrar outra saída.

— Precisamos bloquear a porta! — Miriã gritou, correndo até a entrada e empurrando uma cadeira de metal contra ela.

— Isso não vai segurá-los por muito tempo! — Rafael rebateu, ainda mexendo nos controles. — Temos que encontrar um jeito de desativar o sistema de segurança ou... ou libertar algo que nos dê uma vantagem!

— Libertar o quê? — Miriã perguntou, seu tom repleto de frustração. — Mais monstros? Estamos tentando sobreviver aqui!

Rafael parou e olhou para ela, a expressão séria.

— Talvez haja algo pior que os monstros guardados aqui. Algo que eles não esperam que usemos.

A garota ao lado de Miriã começou a hiperventilar.

— Algo pior?! Você está louco! Vamos morrer aqui!

Miriã queria confortá-la, dizer que tudo ficaria bem, mas a verdade era que ela também estava apavorada. Ainda assim, não havia tempo para pânico. Ela sabia que precisava se manter focada.

— Rafael, faça o que tem que fazer, mas faça rápido! — ordenou.

Rafael assentiu, virando-se de volta para os controles. Seus olhos examinaram cada alavanca e botão, até que encontrou um que estava marcado com uma fita vermelha e um rótulo quase ilegível.

— "Liberação de Subnível 5"... Isso deve ser o que precisamos.

— Você nem sabe o que isso faz! — Miriã gritou.

— Não temos escolha! — Rafael retrucou, puxando a alavanca sem mais hesitação.

No mesmo instante, um alarme agudo começou a soar, mais alto e mais perturbador que todos os outros. As luzes vermelhas começaram a piscar descontroladamente, e o som de engrenagens rangendo e metal raspando se espalhou por toda a mansão.

— O que você fez? — Miriã perguntou, sentindo um calafrio na espinha.

— Algo... algo foi liberado — Rafael respondeu, sua voz tremendo. — E eu espero que isso funcione a nosso favor.

O som dos monstros fora da sala aumentou em intensidade, e a porta começou a tremer sob a pressão das investidas brutais do outro lado. Mas, logo em seguida, houve um novo som — um rugido profundo, diferente de qualquer outro que eles já tinham ouvido. Era ensurdecedor e parecia vir de todos os lados, como se as paredes da mansão estivessem vivas.

De repente, o barulho de passos dos monstros parou. Miriã pressionou o ouvido contra a porta, tentando entender o que estava acontecendo. Do outro lado, o silêncio era inquietante.

— Será que eles foram embora? — a garota perguntou, sua voz um sussurro esperançoso.

Mas antes que alguém pudesse responder, um grito aterrorizante cortou o silêncio, seguido por sons de luta e o horrível som de ossos sendo esmagados. Algo novo estava caçando... algo muito mais forte e violento.

— Temos que sair daqui agora! — Rafael gritou, puxando Miriã pela mão.

Eles abriram a porta da sala de controle cautelosamente, espiando para fora. O corredor estava coberto de sangue e pedaços dos monstros que os perseguiam anteriormente. A cena era grotesca, um verdadeiro inferno, mas estava claro que a coisa que Rafael havia libertado estava fazendo um trabalho rápido com o que antes eram seus piores pesadelos.

— Temos que descer — Rafael disse. — Se seguirmos para o nível inferior, talvez consigamos chegar a um dos escritórios.

Eles começaram a correr, pisando nos restos mortais espalhados pelo chão. A garota estava tremendo incontrolavelmente, e Miriã percebeu que ela não aguentaria muito mais tempo. Ela tentou incentivá-la a continuar.

— Ei, olhe para mim — Miriã disse, segurando a garota pelos ombros. — Estamos quase lá. Só mais um pouco, ok?

— Eu... eu não consigo — a garota soluçou. — Eu não consigo.

Mas antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, um dos guardas-monstros remanescentes apareceu no final do corredor, sua forma grotesca coberta de cortes profundos e sangue. Ele não parecia mais ter olhos; apenas buracos escuros e famintos.

— Corram! — Miriã gritou.

Eles correram por uma série de corredores, descendo escadas e virando esquinas, o som da coisa que havia sido libertada cada vez mais perto atrás deles. A cada esquina, parecia que o labirinto da mansão se fechava ainda mais, como se estivesse moldando o caminho deles para um destino inevitável.

Rafael, agora na liderança, parou abruptamente em frente a uma grande porta dupla de metal.

— Aqui! Este é o Escritório 2. Tenho certeza.

Ele girou a maçaneta e empurrou a porta. Do outro lado, o escritório estava estranhamente limpo e organizado, como um espaço de trabalho normal. Havia uma mesa grande, algumas cadeiras e uma enorme janela falsa que mostrava uma paisagem tranquilizadora que claramente não fazia parte da realidade.

— Rápido, entrem! — ele instou.

Uma vez dentro, Rafael trancou a porta atrás deles. O som dos monstros e da criatura recém-libertada ainda ecoava lá fora, mas eles estavam temporariamente seguros.

— Você disse que sabia o que estava fazendo — Miriã comentou, a voz embargada de raiva e cansaço. — Mas até agora tudo o que fizemos foi fugir e quase morrer!

Rafael suspirou, passando as mãos pelo cabelo suado e ensanguentado.

— Olha, eu sei que parece uma loucura. Mas esta é a única maneira de quebrar o ciclo. Precisamos destruir o sistema por dentro. Se conseguirmos sobreviver até a última onda, poderemos... — Ele hesitou, olhando para Miriã. — Podemos descobrir uma forma de acabar com isso de uma vez por todas.

De repente, o som do alarme mudou novamente. As luzes no escritório ficaram completamente vermelhas, mais fortes do que nunca, e o som de um apito aterrorizante começou a tocar, fazendo com que todos tremessem.

— A última onda — Rafael sussurrou. — Precisamos nos preparar.

Miriã olhou para ele, então para a garota ao seu lado, que estava encolhida em um canto, aterrorizada demais para falar. Ela sentiu um peso esmagador em seu peito, sabendo que essa poderia ser sua última chance de sobreviver.

— Se é para lutar, vamos lutar. — Ela pegou um pedaço de madeira quebrado que havia caído de uma das cadeiras e se preparou. — Não vou morrer sem dar tudo de mim.

O rugido infernal lá fora continuava crescendo. Miriã sabia que essa era a última batalha. O que quer que estivesse do outro lado da porta estava vindo com tudo, e eles precisariam estar prontos para enfrentá-lo.

— Quando eu disser, abrimos a porta e corremos para o Escritório 3 — Rafael disse, segurando a alavanca que destrancaria a porta.

— Tudo bem. Vamos acabar com isso. — Miriã firmou o olhar, pronta para o combate.

O som dos passos monstruosos se aproximou rapidamente. A porta começou a tremer violentamente, ameaçando ceder. Miriã respirou fundo, tentando acalmar seu coração disparado. Era agora ou nunca.

— Prontos... — Rafael sussurrou.

O rugido ensurdecedor de algo do lado de fora era a única coisa que podiam ouvir.

— Vai!

Rafael abriu a porta e os três correram, lançando-se no caos que os aguardava.

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