sinistro

Passei aquela sexta-feira assustado, apreensivo, eu não ia viajar, fazer uma entrevista de emprego, eu fui selecionado para combater o mal que assolava a humanidade

20:00, fui tomar meu banho pra quando a hora chegasse, eu estivesse pronto, e mais uma vez o espelho falou comigo pela escrita, do mesmo jeito de outrora, estava escrito

“21:00 fique na cama, coloque roupas brancas, se não tiver completamente branca, mas as mais claras possíveis, alguns de nós vai tocar em você, não olhe, jamais abra seus olhos de curiosidade, quando saírem do quarto levante-se, abra a sua porta, Assim começamos, estarei sussurrando em seu ouvido a todo momento”

Fiz exatamente o que me foi pedido, deitei na cama com roupas parcialmente brancas, sim, tinham detalhes coloridos, mas num todo, eram brancas

Olhei no relógio da parede e Faltavam 2 minutos, e nesse mesmo momento comecei a sentir um cheiro, na verdade um mal cheiro, um odor desagradável que juro achei muito estranho, apertei meus olhos, e uma voz sussurrou

“Fique com os olhos fechados, eles estão chegando”

Incrivelmente era perceptível a aproximação, aqueles minutos me fizeram duvidar se eu realmente estava vivendo uma dádiva, tranquei os olhos e senti muito medo, conseguia ouvir sussurros que aos poucos iam se aproximando, vozes graves, temerosas

As vozes foram aumentando até o incrível momento que pude nitidamente ouvir passos, muitos passos que mostravam mais que um uma pessoa, ou ser, ou anjo, estava chegando no quarto, até que sim, chegou

Meu coração estava completamente gelado, conseguia ouvir respirações, o momento mais medonho foi quando as mesmas vozes que eu estava ouvindo ao longe, começaram a entoar no quarto, uma língua estranha, uma língua que com certeza não era de nenhum país do globo, uma dicção diferente de tudo que eu já tinha ouvido

Tocaram em mim, mas não senti coragem, senti muito medo, um medo extremo, tudo durou não mais que 3 minutos, mas de repente acabou, fiz tudo o que tinha sido orientado, não abri os olhos em nenhum momento, mas tive muitas dúvidas depois da visita, perguntei se podia abrir os olhos

“Posso abrir os olhos? Tem alguém ai?”

Esperei mais alguns minutos e nada, nenhuma resposta, vagarosamente, muito vagarosamente abri meus olhos, não tinha ninguém no quarto, não tinha ninguém na casa, com tudo o que já tinha acontecido, eu ainda estava com dúvidas, eu queria não acreditar em tudo aquilo, não nego, queria abrir a porta e ver minha rua normalmente, mesmo que isso dissesse que eu estava louco, mas não, eu não estava

A poucos passos da sala pude ouvir muitas vozes que vinham da rua, sim, era sexta-feira a noite, mas minha rua era bem calma, na verdade, muito calma, aquilo não estava se encaixando

Abri a porta e o óbvio se fez presente, não era a minha rua, na verdade, depois dos muros da minha casa, como mágica, era outro lugar, muitas pessoas pra lá e pra cá, perguntei mais uma vez

“Eufrásio está aí? como posso sair sem saber o que fazer? Disse que ia me orientar, não estou gostando disso”

Fiquei parado, esperando resposta, até que ela veio

“Estás com pouca fé Bretano, depois de tudo o que aconteceu, você ainda duvida? Não esmoreça meu jovem, tens uma missão, estarei com você, Agora é um de nós, lembre-se de como será a humanidade se falharmos, um mundo tenebroso que você mesmo viu”

“Tudo bem, honrarei minha palavra”

Mesmo com tudo, ainda não estava seguro do que ia fazer, estava com medo, mas fiz, e o que aconteceu a partir daqui, foi algo que jamais imaginei que fosse possível, aquilo foi muito mais que Hollywood, muito mas bem escrito que qualquer roteiro de ficção científica

Abri o portão, e no primeiro passo fora de casa tudo era diferente, olhei para trás e tinha um muro, um muro rústico de cimento cru, minha casa, meu portão, tudo tinha sumido completamente, foi de arrepiar os cabelos

“Meu Deus, é tudo verdade”

Comecei a caminhar pela calçada, olhando as pessoas ao meu redor, não, eu não estava invisível, as pessoas me olhavam, cheguei a esbarrar em uma, uma das perguntas que estava prestes a fazer, se respondeu sozinha

“Desculpe senhor”

“Não foi nada amigo, essa rua é escura mesmo”

Sim, eu estava no Brasil, tudo era tão surreal que estar em outro país em frações de segundos, cabia para aquela situação

Desci uma rua comum, perguntei o nome da cidade, o nome do Estado, mas Eufrásio disse para eu apenas ficar focado no objetivo, que até aquele momento eu não sabia direito qual seria

“Preciso saber para onde vou, o que vou fazer, e depois de feito, vou para onde?”

“A sua volta será pelo mesmo muro Bretano, está vendo aquele aglomerado, no final da rua?”

“Sim, acho que é uma boate, baile, sei lá”

“É ali que você vai encontrar CROZINK, Aqui se chama Everaldo Vasconcellos, Fique calmo, na hora certa saberá o que fazer”

“Estou bem perto! Caramba, é uma boate, como vou entrar, nem tenho dinheiro aqui, jamais imaginaria matar um demônio com o nome Everaldo, o que eu faço agora? Sem dinheiro”

“Ponha a mão no bolso Bretano”

“De onde veio esse dinheiro?”

“Concentre-se Bretano, tenha foco”

Como mágica apareceu dinheiro no meu bolso, a cada passo que dava, ficava mais tenso, eu estava a poucos metros de uma boate, em um lugar desconhecido, e minha missão era aprisionar um demônio milenar, mas que até então não tinha noção de como fazer tal proeza

Me aproximei dizendo para o segurança como eu poderia comprar o ingresso, fiquei sem jeito, seu olhar era de deboche

“Quê? Aqui não tem isso não cara, tu é Paulista né? Vocês são estranhos, vai cara, entra, não paga para entrar, só paga o que consumir, vai, sai da frente, tá atrapalhando”

A Grosseria do segurança por incrível que pareça, me acalmou, aquela cena mostrou que por mais maluca que pudesse ser a missão, tudo em volta era real, com pessoas normais

Entrei, o salão estava parcialmente vazio, achei estranhíssimo, muita gente do lado de fora, e poucas pessoas no salão, tentei ficar calmo, fui no bar, peguei água com gás e um pacotinho de amendoim, sussurrei

“E agora? O que eu faço?”

“Mantenha-se focado, quando ele chegar, com certeza você vai saber o que fazer”

“Eu tinha que saber mais sobre isso tudo, saber na hora o que vai fazer, não é nada inteligente”

“Saber de tudo não vai te ajudar, muito pelo contrário Bretano”

Fiquei ali, no canto do salão, um lugar estratégico, se precisasse correr, ali seria o lugar mais livre, e ali, pensando em tudo o que poderia estar por vir, a maior das preocupações era eu, eu não era uma pessoa normal, quem normal aceitaria tanta loucura em sua desagradável vida

De repente, a massa de gente que estava enchendo a cara lá fora, começou a entrar, e a voz sussurrou

“CROZINK acabou de entrar, fique atento, calça bege e camisa branca, detalhe, um chapéu de couro, permaneça onde você está, vamos começar”

Fim

JOÃO DAMACENO FILHO

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