NOSSA NOVA CASA

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"-Eu tinha uns 10 anos na época.

Estávamos muito felizes em mudarmos para nossa nova casa .

Meus pais decidiram fugir da correria do centro da cidade e compraram um sítio no interior de São Paulo.

Nossa família era constituída de meus pais, minha irmã de 8 anos ,eu de 10 anos , meu irmão caçula de 3 anos e minha avó, mãe de meu pai. Já bem velhinha, andava com dificuldade e era de poucas palavras.

Ela passava todo o tempo sentada na sua cadeira de balanço com seus rolos de linha fazendo crochê.

E tínhamos tb nosso cachorro , o Bob.

Meu pai antes, arrumou escola para todos nós e naquele dia nos instalamos na casa.

Ao passarmos por aquela porteira , eu senti que havia algo errado.

Não sei explicar, o ar parecia pesado.

Apesar de ser um lugar antigo, tudo estava muito bem reformado como novo.

Jardim e gramas muito bem cuidados.

A casa era bem grande.

Escolhemos nossos quartos todos estávamos muito alegres.

A cadeira de balanço de nossa avó ficou na sala perto de uma grande janela que dava para o jardim. Assim que nos instalamos, passamos eu , meus irmãos e Bob , a explorar o grande terreno que circundava a casa.

Havia muitas árvores frutíferas, flores e plantas . Goiabeiras, mangueiras, coqueiros, pitangueiras...

Havia também, bem afastado da nossa casa , uma espécie de celeiro , onde se guardavam montes de coisas velhas e ferramentas entre outros objetos ...

Quando adentramos naquele local e começamos a olhar as coisas velhas q ali havia, nosso cachorro Bob empacou!

Não quis entrar por nada!

Não passou da porta.

Latia o tempo todo e ficava do lado de fora abanando o rabo e por hora com o mesmo entre as pernas.

Começaram a acontecer coisas estranhas...

Minha mãe encontrava os armários abertos, quando jurava que estavam fechados.

As coisas sumiam e apareciam misteriosamente .

Minha mãe dizia que sentia-se observada por vezes.

A noite eram barulhos de panelas , como se alguém estivesse cozinhando e utilizando a cozinha.

E quando iam olhar , estava tudo intacto e sem ninguém no local.

Meu cachorro cada vez mais arredio.

Nem em casa ele queria mais entrar.

Até que um dia, veio uma moça da redondeza para ajudar minha mãe nos serviços de casa.

A moça disse meio reticente, que tínhamos muita coragem de morar ali, pois antigamente, havia sido parte do que fora uma grande fazenda de café hoje desmembrada, onde funcionava uma das maiores senzalas da região.

Local de muito sofrimento na época e que todos consideravam o lugar mal assombrado.

Referiu que era lugar de

"visagens" e que todos por aquelas bandas sabiam sobre aquilo...

Lembro de minha mãe até mandando ela falar baixo para que não ouvíssemos e não ficássemos assustados.

Mas lógico que ouvimos tudinho.

Numa determinada tarde de tempo bem quente, meu irmãozinho mais novo de 03 anos, estava com um copo d'água e com um pedaço de pão na mão e caminhava indo em direção ao celeiro.

Minha mãe perguntou onde ele ia com aquele copo e com o pão.

Ele disse : " - Mãe é para o moço que está com a cabeça e as mãos presas , ele tá cheio de dodói.

Ele disse que está com fome e pediu água! "

Minha mãe o colocou pra dentro de casa na hora.

Minha avó começou a ficar inquieta , a perder o sossego, a não dormir a noite , dizendo ao meu pai que queria sair dali.

Por vezes ficava agitada e punha-se a rezar com seu terço balançando vigorosamente em sua cadeira.

Dizia que em determinadas noites, via um homem negro a cavalo com uma tocha na mão rondando a porteira do sítio.

Meu pai não levava nada a sério do que lhe contavam.

Numa noite , já bem tarde, acordei com meu irmãozinho dormindo ao meu lado na minha cama, ele nunca havia feito aquilo, mas deixei...

De manhã ele falou que não conseguiu dormir, pois tinha ao lado de sua cama , uma "velha lavando roupas e um negro fumando charuto ".

Contei para minha mãe.

Ela já estava assustada com tudo aquilo.

De vez em quando de madrugada, acordávamos com trotar de cavalos em nosso quintal e muitas vozes e quando meu pai saía para olhar, encontrava o mais profundo silêncio...

Ao final de uma tarde de domingo, quase às 18h, estávamos à mesa da cozinha lanchando, quando

ouvimos todos ao mesmo tempo, o choro de um bebê recém nascido.

Um choro forte e nítido que parecia estar dentro do cômodo em que estávamos.

Ninguém entendeu nada.

Ficamos ali estáticos ouvindo aquilo.

Meu pai pálido feito papel e mudo.

Foi quando minha avó com uma rapidez incrível, levantou-se (nunca tinha visto a velha andar tão rápido e ser tão ágil) , pegou um copo com água e colocou sal .

Começou a jogar aquela água nos cantos do cômodo enquanto dizia: "EU TE BATIZO EM NOME DO PAI , DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO! "

Ao fazer aquilo , as portas dos armários da cozinha abriam e fechavam bruscamente assim como ao mesmo tempo em que as janelas e a porta do cômodo batiam com uma ventania que parecia vir do chão ...

Enquanto todos nós chorávamos assustados vendo e sentindo aquilo e minha mãe nos abraçava, tb chorando mas tentando nos acalmar ...

Minha avó repetia a oração firme e continuava jogando a água pelos cantos e repetindo aquelas palavras quase aos gritos!

Até que o choro do bebê cessou...

Minha avó se benzeu , lavou as mãos e sentou-se novamente à mesa dizendo calmamente : " Batizei o pagãozinho ! Ele está em paz agora! "

Meu pai naquela mesma hora, juntou toda a família, colocou-nos no carro e tratou novamente de voltar à cidade.

Nem ele quis ficar mais ali depois do ocorrido.

Colocou à venda novamente o sítio e nunca mais lá voltamos.

Isto realmente aconteceu com minha família.

Até hj , todos já adultos, meus pais já idodos , evitamos falar no assunto.

Ficou meio que proibido tocar neste assunto em casa... "

(Relato contado por um amigo de infância ocorrido com ele e familiares no interior de SP.

Resumo por Sílvia Restani)

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