capítulo 4

Capítulo 4 – Rebolando Problemas e Corações

A pista de dança estava fervendo. As luzes piscavam no ritmo da batida e, no meio da galera elegante daquele baile francês, lá estávamos nós: eu, Luna e Jhenny — três brasileiras botando pra quebrar como se estivéssemos em um baile funk no Rio.

A música muda e toca justo “Eu Tô no Baile Sem Calcinha” da Valesca Popozuda. Olho pra Luna e pra Jhenny. É agora.

— É essa! — gritamos juntas.

E pronto. A gente se acaba no rebolado. Quadril pra lá, pra cá, no chão, no alto. E os franceses? Babando. Não sabiam se olhavam, dançavam ou ficavam hipnotizados. Afinal, brasileiras dançando é covardia.

Mas como nem tudo são flores…

No meio da diversão, vejo um movimento estranho no canto. Filipe, o francês metido a valentão que estava ficando com a Jhenny, aparece do nada e agarra o braço dela com força.

— Vamos embora, agora! — ele grita.

Jhenny tenta se soltar, desesperada.

— Me solta, Filipe! Tá me machucando!

Aquilo me sobe o sangue. Eu posso ser pequena, mas sou valente.

— Solta ela, seu idiota! — avanço, agarrando o braço dele.

Ele tenta empurrar minha mão. Ah não… ninguém encosta em uma das minhas sem sofrer as consequências.

Sem pensar duas vezes, meto um chute bem no meio das pernas dele. O grito de dor foi quase musical. Ele cai no chão gemendo.

Luna corre e abraça Jhenny, que começa a chorar.

— Tá tudo bem, Jhenny, tô aqui — diz Luna, acariciando o cabelo dela.

Eu me ajoelho perto das duas, bufando de raiva. — Que tipo de homem faz isso com uma mulher, hein?! Você não é dono dela, seu lixo! Mesmo se fosse namorado — e você NÃO É — ainda assim não teria esse direito!

Filipe tenta se levantar com dificuldade, e quando ele ia abrir a boca pra responder, uma voz grave e autoritária corta o clima:

— O que está acontecendo aqui?

Claus.

Vestido impecável, rosto sério, olhar sombrio. O jeito que ele me olha me arrepia… mas não de medo. De um jeito que eu mesma nem entendo.

Claus

Quando cheguei no baile, só queria dar uma olhada de longe. Mas não teve como não notar aquela diaba dançando. Melinda.

O jeito que ela se movia… era hipnótico. Aquela dança, aquele quadril… Meu Deus, nunca vi algo tão provocante. Ela nem percebia o poder que tinha. Ou será que percebia?

Mas logo depois, vejo a mesma garota partindo pra cima de um homem como uma leoa, defendendo a amiga com garra. Me impressionou. Me pegou de jeito.

Corri até lá.

— Está tudo bem? — pergunto, olhando pras meninas.

Melinda aponta pra Filipe. — Ele tava puxando a Jhenny à força. Não podia ficar olhando.

Faço sinal pros seguranças. — Levem ele pra fora. E certifiquem-se de que ele não entre nunca mais.

Eles arrastam Filipe, ainda gemendo. Nesse momento, um cara se aproxima e beija Melinda no rosto.

— Tá tudo bem, amor? — ele pergunta.

Sinto uma pontada no peito. Que porra é essa?

Melinda assente, meio desconcertada. — Tô sim, Breno. Mas acho que vou embora.

Jhenny ainda chorava, abraçada à Luna.

— Posso dar carona pra vocês — ofereço, mesmo sem saber por quê. Só sei que não queria que ela fosse com aquele tal de Breno.

Elas aceitam. Durante o trajeto, silêncio no carro, só Jhenny fungando no banco de trás.

Melinda

Chegamos na casa delas. Luna e Jhenny descem, e eu fico no carro.

— Obrigada pela carona, senhor Claus. De verdade.

Ele me olha, sério, mas com algo nos olhos que me faz engolir em seco. Antes que ele pudesse responder, o celular dele toca. Ele atende e logo fica tenso.

— O quê? Febre?

Meu coração dispara. Só pode ser a Lira.

— Dona Ema… tô indo agora.

Ele desliga e suspira.

— Lira tá com muita febre. Tá chorando sem parar.

— Eu vou com você! — digo, sem pensar.

— Você tá de folga, Melinda…

— Eu não consigo ficar tranquila sabendo que ela tá mal. Vamos logo.

Aviso as meninas pelo celular e seguimos direto pra casa. Chegamos às 3h20 da manhã. Assim que estacionamos, corro pra dentro.

— Cadê ela? — pergunto pra Dona Ema.

— No quarto. Não quer ninguém, só chora.

Entro no quarto e, assim que Lira me vê, para de chorar na hora.

— Princesa… — pego ela no colo, sentindo o corpinho quente.

Claus entra e fica parado, surpreso.

— Ela… parou só de te ver — diz, espantado.

— Ela tava com saudade — sorrio.

Dou o remédio, depois levo ela pro banho, bem morninho. Converso com voz mansa, como fazia com minhas primas quando eram pequenas. Lira relaxa, se aninha no meu colo e, logo, adormece sem febre.

A coloco na cama, ajeito o cobertor e dou um beijo em sua testa.

Desço pra falar com Dona Ema, e Claus já está na cozinha com ela.

— Melinda… — ele começa — …obrigado. Você salvou minha filha hoje, vou pagar a sua hora extra por ter perdido sua folga

— Eu fiz de coração. Não precisa me dar hora extra.

— Mesmo assim… eu agradeço.

Dona Ema sorri. — Essa menina tem um coração do tamanho do mundo. Já se apegou nas três como se fossem filhas dela.

— Sempre fui meio mãezona, sabe? Cresci com minhas primas… virei irmã, mãe e melhor amiga tudo junto.

Claus me olha de um jeito diferente. Como se me visse pela primeira vez.

Claus

Ela é diferente. Em tão pouco tempo, conquistou as meninas, acalmou Lira de um jeito que nem eu consigo…

Mas não consigo parar de lembrar dela dançando. Aquela cena grudou na minha mente como se tivesse sido feita só pra mim. O jeito que ela rebolava… o sorriso, os olhos brilhando, os quadris se movendo num ritmo perfeito.

Subo pro quarto e vou direto pro banho gelado. Mas nem isso resolve. Aquela visão ainda está ali. Fecho os olhos e vejo ela… rebolando em cima de mim.

— Merda…

Não me orgulho, mas tive que me aliviar ali mesmo. O corpo reagiu sozinho. Me senti um moleque, mas não teve jeito.

Melinda mexe comigo de um jeito que nenhuma mulher mexeu há anos.

Só que não posso me envolver com ela. Ela é funcionária. E pior, as meninas já amam essa garota. Se eu fizer merda, posso estragar tudo.

Mas como vou resistir…?

Melinda

Me despeço de Dona Ema, que está com aquele sorrisinho malicioso.

— Tava com o patrão, né?

— A gente se encontrou no baile e quando soube da Lira, vim junto. Não ia conseguir dormir tranquila.

— Você tem um bom coração, minha filha.

— Boa noite, Dona Ema.

Subo pro quarto de hóspedes com um calor no peito… e, confesso, um friozinho na barriga.

Claus mexe comigo. O jeito que ele me olhou hoje… o tom da voz… aquele momento em que nossos olhos se cruzaram na cozinha… Ele tem algo que me atrai, mesmo sendo tão fechado e sério.

Mas eu tô aqui a trabalho. Nada de confusão. Nada de homem misterioso e complicado. Nada de mexer com sentimentos.

Pelo menos… é o que eu tento repetir pra mim mesma.

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Comments

Ivana Braga

Ivana Braga

puxando

2024-04-09

9

Fbiana De Santos

Fbiana De Santos

linda história parabéns autora tomara que os dois seapaixomen

2024-03-20

8

Nadja Borges

Nadja Borges

história maravilhosa capítulo maravilhoso

2024-03-05

2

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