Iza 15 anos
assim
karen 7 anos
Lira 1 anos e 5 meses
Capítulo 2 – Entre Rotinas e Olhares
Assim que terminamos o café da manhã, decido levar Karen para se arrumar. Lira ainda brincava com a colher na mão, com restos de geleia no canto da boca, e o cabelo bagunçado de sono. Sorrio com ternura. Aquela menininha de olhos expressivos já tinha me conquistado por completo.
Karen segura minha mão com certa hesitação, como se ainda estivesse decidindo se podia confiar em mim por completo. Subimos as escadas em silêncio. Ajudo-a a escolher uma roupa leve e florida — perfeita para o passeio no jardim que eu havia planejado. Quero que as meninas aproveitem o sol, o ar livre. Que sintam que há leveza no mundo, apesar de tudo.
Ao sairmos para o jardim, meu coração quase para com a visão diante de mim.
Flores em cores vibrantes se misturam com o verde intenso da grama recém-cortada. Há uma fonte ao centro, de pedra antiga, com água cristalina caindo suavemente — o som que ela faz se mistura com o canto dos pássaros e a brisa que acaricia meu rosto. Karen corre entre os arbustos como se aquilo fosse um novo reino a ser explorado. Lira permanece próxima, mas seus olhos brilham com curiosidade.
Claus já havia saído para a empresa. A ausência dele torna o ambiente mais leve, quase íntimo. Aproveito para me dedicar inteiramente às meninas. Sento na grama com Lira no colo, enquanto Karen colhe algumas florzinhas amarelas e as junta como se quisesse fazer um buquê.
— Essas são pra você, Melinda — ela diz baixinho, estendendo as flores.
Meu coração derrete. Sorrio e a abraço com carinho.
— Obrigada, meu anjo. Eu amei.
Ficamos ali por um tempo, até que o sol já começa a subir alto. Hora de preparar Karen para o almoço e depois levá-la à escola. Lira começa a reclamar do calor, e eu entendo que ela precisa de um banho antes de descansar.
Subo com as duas, e a rotina se encaixa aos poucos. Visto Karen, ajeito o cabelo dela, preparo a lancheira com o que a cozinheira separou, e a acompanho até a porta. Iza já está pronta também, mas não me dirige uma palavra. Passa por mim como se eu fosse invisível. Sinto aquele silêncio como um vento frio passando por dentro do peito. Mas já esperava isso. Ela ainda está de luto de formas que ninguém parece perceber.
Volto minha atenção a Lira, que esfrega os olhinhos de sono. Dou um banho morno nela, massageando seus bracinhos com delicadeza. Ela sorri, tranquila, e logo depois se entrega ao sono com facilidade. Deito-a na caminha, cubro com um lençol leve e fico ali por um momento, observando sua respiração calma.
Com a casa silenciosa, aproveito para organizar o quarto de brinquedos e depois sigo até o quarto de Karen. Como imaginado, brinquedos jogados no chão, roupas sobre a cadeira e uma cama que parece ter enfrentado uma batalha. Sorrio com carinho, sentindo-me útil, necessária. Dobro as roupas, arrumo a cama, coloco os brinquedos no lugar.
Por fim, decido verificar o quarto de Iza. A maçaneta gira com facilidade, e ao empurrar a porta, sou recebida por um ambiente quase assustadoramente organizado. Livros enfileirados com perfeição, cama impecável, nenhuma roupa fora do lugar. Tudo meticulosamente no seu canto. Um frio me percorre a espinha.
Adolescentes costumam ser bagunceiros. Mas aquilo... não parecia disciplina. Parecia controle. E o controle em excesso, às vezes, esconde o caos interno. Desde que cheguei, Iza não me dirigiu mais que duas frases. Seus olhos carregam uma dor crua, e algo me diz que aquela organização é o reflexo de um sofrimento que ninguém está vendo. Preciso ficar atenta.
Pensamentos de Claus
Desde que essa babá apareceu, tudo mudou. Não sei se isso é bom ou ruim. Mas é fato: Lira, que chorava até com a sombra de alguém desconhecido, agora sorri com ela. Sorri de verdade. Isso me assusta. Não por ela estar feliz — Deus sabe o quanto desejo isso — mas porque é raro. Raro demais.
Karen está menos reclusa. Já a vi dar um sorriso espontâneo hoje cedo. Mas Iza... ah, minha pequena guerreira... continua um mistério. E eu entendo. Perder a mãe daquela forma... repentina, sem explicação. Um dia ela estava aqui, cheia de vida, no outro... vazio.
Desde então, me fechei. Não confio em ninguém. Mulheres? Não passam de distrações ocasionais. Resolvo o que preciso e sigo com a vida. Sem envolvimento. Sem buracos no coração.
Mas desde que essa Melinda entrou aqui, algo está fora do eixo. Quando ela apertou minha mão naquele primeiro dia... algo acendeu. Um calor estranho, inconveniente. Não posso, não devo. Ela é a babá das minhas filhas. Mas meu olhar insiste em procurá-la pelos corredores.
Droga. Preciso manter o foco. Isso é só carência... é?
A Noite Chega
O dia passou voando. Quando as meninas voltam da escola, vou até a porta recebê-las com um sorriso sincero. Karen retribui com outro sorriso tímido. Iza, como esperado, finge que não me vê. Mas não me deixo abater. Ela precisa saber que estou aqui — constante, paciente.
Na hora do jantar, Claus chega a tempo. Está sério como sempre, mas há algo em seu olhar quando vê as filhas. Iza tenta disfarçar, mas vejo um pequeno sorriso escapar. Fingindo estar mais interessada no prato, ela não percebe que também estou observando.
Depois do jantar, subo com as meninas. Já virou rotina: banho, pijaminha, história. Karen me ouve com atenção, abraçada ao seu travesseiro.
— Obrigada pela história, Melinda... Fiquei feliz — ela diz com os olhos já se fechando.
Sinto meu peito se aquecer. Essa é a recompensa de tudo.
Coloco Lira na cama, beijo sua testa e sigo para o meu quarto. A mansão é silenciosa agora. Tomo um banho quente e deixo a água levar o cansaço. O quarto é bonito demais, parece um quarto de hotel de luxo. Ainda assim, há algo solitário nele. Deito na cama, mas o sono não vem.
Claus tem me olhado demais. Sei que não é coisa da minha cabeça. Mas não posso me permitir sonhar. Eu sou apenas a babá.
Encontro Inesperado – 2h da Manhã
Acordo com um calor sufocante e uma sede insuportável. Droga. Acabou minha água. Puxo o roupão, tentando não fazer barulho, e saio do quarto.
A mansão parece ainda maior à noite. As sombras nos móveis, o silêncio pesado... é como andar dentro de um sonho. Chego à cozinha, pego um copo e encho com água gelada. Bebo rápido, aliviando a secura na garganta. Mas antes que eu termine, sinto uma presença. Forte. Atrás de mim.
Me viro rápido. E lá está ele.
Claus. Sem camisa. Apenas uma calça de moletom pendendo nos quadris. Os músculos definidos brilham sob a luz fraca. Os olhos fixos em mim. O ar entre nós muda. Como se algo invisível se estendesse e nos puxasse um para o outro.
— Está acordada a essa hora? — ele pergunta, com a voz rouca, baixa demais.
— Acordei com sede — respondo, quase num sussurro, tentando esconder o nervosismo.
Ele assente, mas seus olhos não desviam dos meus. Ou da curva do meu pescoço. Ou da mão que segura o copo com força demais.
O silêncio entre nós é espesso. E naquele instante, percebo algo que me assusta.
Claus Rodrigues não é só um pai dedicado.
Ele é um homem.
E, de forma perigosamente irresistível...
Ele é atraente demais para o meu próprio bem.
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Atualizado até capítulo 64
Comments
Rosafreitas Freitas
Unnm o gato gostoso tá com falta ele vai dar uns amasso nela 🤣🤣🤣
2024-06-04
2
Ivana Braga
sede
2024-04-09
6
Angela
interessante...
maa da arrepio quando um homi lindo desses atrás da gente sem camisa
🥵🥵🥵🥵🥵
2024-04-08
4