os desafios

O dia começou cedo, antes mesmo do sol se levantar completamente. Acordei algumas horas antes de ir para a empresa, meu coração batendo acelerado, mistura de ansiedade e excitação. Apesar de ter passado pelo teste louco de Carter ontem, ainda sentia um frio na barriga que não me deixava relaxar. Levantei-me da cama devagar, cada movimento calculado, e fui para o banho. A água quente escorrendo sobre meu corpo parecia lavar parte da tensão, mas meu pensamento estava preso na lembrança do olhar penetrante dele, da força contida em cada gesto.

Após o banho, preparei meu café da manhã em silêncio, escolhendo uma roupa confortável que não restringisse meus movimentos. Talvez hoje o trabalho fosse mais tranquilo… talvez.

Peguei meu carro e dirigi até a empresa. Estacionei na garagem e subi as escadas, ainda focada em organizar minha mente para o dia. Foi então que algo inesperado aconteceu: um homem encapuzado, rosto coberto por um pano preto, surgiu nas escadas. Ele se aproximou silenciosamente e sussurrou, quase como um aviso:

— Cuide de sua irmã.

Antes que eu pudesse reagir, ele desapareceu, quase se confundindo com as sombras. Um arrepio percorreu minha espinha; o aviso misterioso ficou ecoando na minha mente.

— Mais tarde passarei na escola dela para garantir que está bem — murmurei, apertando os punhos.

Ouvi passos firmes atrás de mim. Virei-me e, como esperado, encontrei Carter me observando com aquele olhar intenso que parecia enxergar através de mim.

— Senhor Carter, sabia que é falta de educação encarar alguém? — perguntei, tentando manter a compostura.

Ele sorriu de maneira discreta, mas calculista, inclinando a cabeça:

— Bom dia para você também, senhorita. Achei que estava ficando louca falando sozinha, então decidi observar. Não se preocupe, ainda não tinha acabado de chegar.

Assenti sem jeito. Ele me guiou até o elevador, e o silêncio entre nós era quase palpável. Carter finalmente quebrou o gelo:

— Sua sala será ao lado da minha. Por enquanto não posso colocá-la na mesma sala, mas logo providenciarei isso. Quanto ao salário, será proporcional ao seu desempenho. Nada de injusto. As missões podem surgir a qualquer momento; serão perigosas. Aqui temos academia, salas de treinamento, equipamentos de combate corpo a corpo e armamentos. Aliás… você foi muito bem ontem. Não esperava menos de você.

— Obrigada, senhor. — respondi, mantendo a formalidade. — Gostaria de saber se irá comigo às missões ou se irei apenas com o parceiro que mencionou?

Ele caminhou lentamente, cada passo firme, medindo minhas reações:

— Quando não estiver ocupado com a empresa, estarei com você. A maior parte do tempo você passará comigo. Assim, não precisará ir às missões com outros membros da equipe.

— Entendi.

Ele sorriu, inclinando levemente a cabeça:

— Aliás… você está linda hoje.

Senti meu rosto arder de vergonha.

— Obrigada, senhor. — murmurei, desviando o olhar.

— Não precisa ser tão formal. Pode me chamar pelo meu nome.

— Certo, Carter.

Seu olhar me atravessava como fogo, quente e intenso, e por um instante, o mundo ao redor desapareceu. O elevador se abriu, e ele fez um gesto para que eu fosse na frente. Seguimos até o andar da equipe, onde George, um funcionário mais velho, nos aguardava:

— Bom dia, senhor Carter! Bom dia, senhorita Maylin!

— Bom dia, George.

— George, pode mostrar a empresa à senhorita Maylin? Irei resolver alguns assuntos.

— Claro, senhor. — Ele assentiu. — Estarei esperando em sua sala, Maylin. Não se atrase.

George me acompanhou por todos os departamentos, mostrando equipamentos, sistemas, mapas estratégicos e salas de treino. Cada detalhe era projetado para máxima eficiência, e sua paciência e atenção tornavam o tour didático, mas intenso.

Ao final, caminhei até a sala de Carter. Bati levemente:

— Posso entrar?

— Claro, Maylin. Entre. — Ele me indicou a cadeira com um gesto firme. — Sente-se.

Sua postura mudou ligeiramente; a atmosfera carregou-se de tensão.

— Tenho uma missão urgente para você. — Sua voz estava baixa, firme, cortante. — Eles estão se movendo mais rápido do que eu imaginei.

Algo seco subiu à minha garganta ao ouvir “eles”. Carter, normalmente tão controlado, parecia tenso; o maxilar rígido, mãos levemente suadas.

— “Eles”? — perguntei, confusa.

— Sim. Os vampiros. — A resposta foi direta, fria e impactante.

Meu coração disparou. O peso das palavras dele era como um soco no estômago. A tensão aumentou; eu podia sentir a gravidade da situação. Carter inclinou-se para frente, olhos fixos nos meus:

— Nos últimos dias, recebemos relatos de moradores sendo perseguidos por vampiros muito fortes. Pessoas mortas, desaparecidas… você já sabe a história.

— Mas por que surgiriam assim, do nada? Matando inocentes e deixando os corpos à vista? — perguntei, tentando processar.

— Exatamente. — Carter manteve o olhar firme, voz controlada, mas carregada de intensidade. — Eles estão tentando nos levar para uma armadilha. O líder deles cansou de se esconder e agora trama algo.

— Então vamos investigar as áreas dos acidentes, certo?

— Não tão rápido. — Ele parou na minha frente, colocando a mão firme sob meu queixo, mantendo contato visual sem piscar. — Mandá-la sozinha seria praticamente enviá-la para a morte. Não sabemos quem são os inimigos. Concorda?

— Sim. — murmurei, consciente de que não poderia discutir.

— Irei enviar equipes da empresa e policiais para investigar. Hoje à tarde, treinaremos juntos. Quero testar suas habilidades, ver o que você ainda pode melhorar.

— Mas eu já sei tudo, Carter.

— Quero testar você de verdade. Ainda há coisas que você esconde, Maylin, e vou descobrir.

Ele soltou meu queixo, mas não desviou os olhos; o contato intenso me deixou sem fôlego, quase incapaz de respirar. A proximidade era avassaladora, e o cheiro amadeirado do perfume dele me envolvia. Seu sorriso discreto e olhar percorrendo meu corpo me deixou vulnerável e alerta ao mesmo tempo.

(Ele continua me fascinando… E ao mesmo tempo, eu odeio isso. Cada movimento dele, cada gesto, cada olhar… sinto que está me desafiando, testando não apenas minhas habilidades, mas minha paciência e limites. Um passo errado e posso me queimar.)

— Sem mais brincadeiras. Volte ao trabalho. — disse Carter, finalmente.

Saí de sua sala rapidamente, tentando recuperar a compostura. O rosto ardia e eu rezava para que ninguém percebesse o quanto estava vermelha. Pelo caminho, cumprimentei algumas colegas, recolhendo papéis e organizando minha sala. Mantive distância de Carter; melhor evitar qualquer distração antes do treino.

— Você é a nova secretária do Carter? — perguntou uma mulher alta, loira, de olhos azuis e corpo de modelo.

— Sou, sim. — respondi, cautelosa.

Ela franziu o cenho:

— Deixe-me deixar claro: você me tirou da posição de secretária do Carter. Sabia? Você me deve.

— Calma, eu não sei o que aconteceu entre vocês. Aceitei apenas o emprego.

Uma colega mais próxima, Eva, me puxou para um canto seguro:

— Maylin, não converse com ela. Evite problemas com ela a qualquer custo.

— Por quê? — perguntei, curiosa.

— Ela já foi secretária do Carter e tiveram um caso que espalhou problemas na empresa. Ela é louca por ele. Mas ele não quis demiti-la para não ficar sem trabalho, então a colocaram aqui. Evite conflitos.

— Entendi. — murmurei, firme. Não tinha medo dela; qualquer um que atrapalhasse meus planos não teriam piedade.

---

CARTER

O silêncio voltou a dominar o andar assim que a porta se fechou atrás dela.

Por alguns segundos permaneci ali, parado, ainda sentindo o perfume que ela deixara no ar — uma mistura sutil de jasmim e algo mais… algo que eu não conseguia definir, mas que parecia acender uma centelha dentro de mim.

Encostei as mãos na mesa, tentando me concentrar nos relatórios espalhados, mas minha mente insistia em fugir.

Cada vez que eu piscava, a imagem de Maylin voltava — os olhos intensos, desafiadores, o tom firme da voz, a forma como se manteve ereta mesmo quando eu a prendi contra a parede.

Nenhuma mulher jamais me enfrentou daquela forma.

E, por algum motivo, isso não me irritava — me fascinava.

Balancei a cabeça, frustrado.

Isso era um erro. Um erro que eu não podia cometer.

Ela é minha funcionária, minha assistente… e, acima de tudo, alguém que entrou nesta empresa num momento em que tudo está prestes a desmoronar.

Mas, por mais que eu tente racionalizar, meu corpo parece não entender o que minha mente ordena.

Ainda sinto o calor que ficou no ar entre nós, a respiração dela próxima à minha.

Por um instante, quase a beijei. E isso… isso foi perigoso.

Andei até a janela, observando a cidade lá embaixo, as luzes piscando como se o mundo seguisse indiferente ao que se passa aqui dentro.

Mas eu sei que as sombras estão se movendo.

Os vampiros voltaram a agir — e algo dentro de mim diz que essa mulher misteriosa tem alguma ligação com isso.

Ela tenta esconder o passado, porém seus olhos carregam uma dor antiga, uma raiva que eu reconheço.

Maylin é um enigma — um que eu pretendo decifrar.

Mas, ao mesmo tempo, cada vez que a vejo, minha razão parece enfraquecer.

Não é apenas curiosidade… é algo mais.

Algo que me corrói por dentro, que me tira o foco, que faz o sangue correr mais rápido.

Ela desperta um instinto que eu não sentia há anos — algo primitivo, perigoso, que me assusta mais do que qualquer vampiro já enfrentado.

Respiro fundo, ajeitando a gravata.

Preciso retomar o controle.

Tenho uma empresa para comandar, caçadas para planejar, e um mundo inteiro esperando que eu não falhe.

Mas, enquanto me sento novamente na cadeira, percebo que minha mente insiste em voltar para ela.

Para o modo como pronunciou meu nome.

Para o olhar que me atravessou como uma lâmina.

E para a estranha sensação de que o destino acabou de colocar Maylin na minha vida por um motivo que vai muito além do trabalho.

Aperto o punho, decidido, embora o coração pareça ignorar minhas ordens.

— Que jogo perigoso você começou, Maylin… — murmuro para mim mesmo, fitando o reflexo da cidade no vidro. — E, ainda assim, não sei se quero que ele acabe.

Lá fora, a noite começava a cair.

E, com ela, um novo pressentimento nascia — de que, a partir daquele momento, nada mais seria o mesmo.

galera estou dando o meu máximo para estar melhorando, deixe suas opiniões irei adorar ler cada uma🩷bjsss

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