(confesso que estou nervosa; ele tem um olhar quente que faz meu corpo ferver, me mantendo hipnotizada — presa com os olhos fixos nos meus. Meus lábios tremem como se ele lesse meus pensamentos. Não consigo nem respirar. Será que este homem é mesmo humano?)
Ele está sentado atrás da mesa, as mãos nos bolsos da calça, observando-me enquanto espero para me sentar. O silêncio da sala pesa; só o tique-taque distante de um relógio quebra a atmosfera.
— Senhorita Maylin — ele sorri com uma ponta de soco — confesso que sou bonito, mas não precisa me olhar assim.
— Desculpe-me, senhor. Estou apenas nervosa por causa da entrevista.
Ele inclina o queixo, avaliando-me com calma. Há algo metódico na maneira como fala, como se cada palavra fosse calculada para extrair exatamente o que quer.
— Não precisa ficar nervosa. É só para nos conhecermos. — pausou, as pontas dos dedos batendo levemente na madeira da mesa — Eu mesmo a entrevistarei para saber se é qualificada para ser minha assistente pessoal. Certo. Vamos às perguntas e às explicações. Você sabe por que foi convocada?
— Não, senhor. — respondi, controlando o tom. (Tenho que tomar cuidado: ele é extremamente cauteloso. Qualquer deslize pode me comprometer e arruinar meu disfarce.)
Ele se recostou, as costas retas contra a cadeira, e falou com uma voz baixa, firme, que preenchia a sala.
— Minha família foi morta por vampiros. Não sei o porquê, mas pretendo caçar e eliminar todos os vampiros que aparecerem no meu caminho, um por um, até encontrar o líder deles — disse ele, e eu senti o peso nas palavras. — Esta empresa foi fundada pelo meu pai; éramos uma linhagem de caçadores. Aqui treinamos nossos empregados para todas as situações. Não precisa saber tudo agora, mas quero que entenda meu objetivo e por que estou aqui.
Eu engoli. (Desgraçado. Ele fala sem rodeios. Se for ele o homem que matou meus pais...) Uma onda de raiva ameaçou me consumir, mas eu a contive — não podia, não ali.
— Antes de contratar, investigamos a vida dos candidatos para evitar infiltrações. — Ele deslizou um envelope até mim. — Aqui está um resumo do seu passado, senhorita Maylin. Diz que tem uma irmã mais nova, Maya, com aproximadamente sete anos; seus pais foram mortos por causas desconhecidas. Pode me contar melhor?
(Será que fui imprudente? Ele sabe da existência de Maya... Isso coloca-a em risco. Apaguei muita coisa do meu passado; se ele souber demais, pode ser perigoso.)
— Ela se chama Maya — respondi, a voz firme. — Eles morreram quando eu era muito nova; Maya tinha acabado de nascer. Meu pai nos treinou para nos proteger — a mim e a ela. Ele deixou uma herança para que Maya recebesse o mesmo treinamento que eu tive.
Ele desviou o olhar por um instante — uma pequena fração que revelou algo: curiosidade genuína. Na cabeça dele, palavras se organizavam em hipóteses.
(Curiosa. Olhos intensos, pele clara marcada por cicatrizes de treinamento; disciplina herdada. O pai devia ser rigoroso. É forte — melhor testá-la. Vamos ver do que ela é capaz.)
Sem aviso, Carter pegou a mesa. Em um movimento rápido, desferiu um chute na mobília: tudo o que estava sobre a mesa voou em minha direção. Havia força e precisão no golpe, e eu fui arremessada para trás com violência, batendo as costas contra a porta.
— Mas que porra você está fazendo, seu louco? Eu poderia ter morrido! — exclamei, ofegante.
Ele caminhou até mim com passos controlados, sem pressa, olhos frios como lâminas.
— Se eu fosse você, não faria perguntas agora. Espero que não me decepcione, senhorita Maylin.
(Entendi: ele está me testando. Testando minha reação, minha força, minha capacidade de improviso. Se quer tudo isso, ele terá — não vou recuar.)
— Espero que não se arrependa, senhor Carter. — respondi, e peguei uma cadeira para arremessá-la. Ele esquivou-se com uma naturalidade assustadora — como se previsse cada movimento — e eu corri contra ele, desferindo chutes e socos. Ele bloqueava com precisão, sem força desnecessária, medindo cada resposta.
Num momento de desequilíbrio, consegui uma rasteira; ele caiu. Antes que eu pudesse recuar, Carter puxou meu corpo com habilidade e me fez cair por cima dele. O calor do seu peito sob mim foi uma lâmina afiada.
— Acho que você me pegou. Certo, eu me rendo. — Ele rosnou a frase com ironia.
— Não sabia que desistiria tão fácil assim, senhor. — respondi, ofegante, ainda sobre ele.
— Sou um cavalheiro. Não machucaria uma dama. — Ele sorriu, voz suave, quase zombeteira.
(Esse desgraçado quase me matou jogando uma mesa sobre mim e ainda se diz cavalheiro. Se eu não tivesse desviado…) Senti o rosto arder quando percebemos a proximidade; nossas respirações se misturaram. Um pensamento impróprio atravessou minha mente — — e se eu o beijasse agora? — mas sacudi a ideia. Ele é meu chefe. Ele odeia vampiros. Levantei-me rápido e notei que minha faca, a que meu pai me dera, havia desaparecido.
— Está procurando isto aqui? — Carter sorriu, e como se fosse algo natural, segurava minha faca entre os dedos. Meu sangue pulsou.
(Quando pegou? Ninguém já conseguiu me distrair assim. Ele fez parecer fácil. Me distraiu com a luta; meus sentidos vampíricos ainda não despertaram completamente.)
Caminhei até ele para recuperar a arma. Sua camisa estava levemente desabotoada; o brilho do suor no colo revelava que a luta havia sido intensa — não só para mim. Ele me fitou com ar provocador, e algo em seu olhar incendiou minha pele.
— Se gosta tanto dela, por que não pega para você, senhorita? — disse ele, a voz grave, língua presa à ironia.
— E-e… senhor, melhor abotoar sua blusa. — balancei a cabeça, tentando afastar a imagem que me chamava.
Ele recuou um passo e, com uma expressão que mesclava aprovação e cálculo, falou:
— Muito bem. Senhorita, você está contratada. Espero que não me decepcione. Arrume um traje que favoreça sua mobilidade — terei uso de suas habilidades. Vejo você amanhã.
Carter sorriu, um sorriso presunçoso que parecia fechar uma aposta. Eu respirei fundo, as pernas bambas.
— Certo, senhor. Obrigada. — Saí do escritório com o corpo ardendo e o coração querendo saltar do peito.
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Cheguei ao meu apartamento próximo à empresa, troquei de roupa, tomei banho e deitei tentando conter a adrenalina que ainda vibrava no corpo. Meu pulso acelerado não me deixava em paz — a lembrança do olhar de Carter queimava por trás das pálpebras.
ENQUANTO ISSO — na sala de Carter:
(Que mulher é essa? De todas as candidatas que treinei, nenhuma teve tanta força nem tanta determinação. Ela me surpreendeu.) Ele passou a mão pelo cabelo, ajeitando a camisa, e notou o perfume ainda no ar.
(Aquele cheiro ficou no meu escritório. Desde que a vi, fiquei intrigado. Ela é misteriosa, perigosa — e tem um pavio curto. Interessante. Não posso me deixar levar; a guerra verdadeira contra os vampiros começa agora.)
Ele chamou as empregadas para recolher os destroços. A sala foi rearrumada, uma nova mesa colocada, novos objetos dispostos com precisão.
— Quero uma segunda sala ao lado da minha, decorada para a senhorita Maylin. Caprichem. Amanhã será um longo dia. — Ele observou a equipe, a voz firme.
Ao olhar para si mesmo no espelho de pé, notou a camisa desabotoada e as marcas do esforço físico. Um canto do seu rosto ergueu-se num meio sorriso.
(Ela me pediu para abotoar a camisa, e eu entendi por quê: essa mulher mexeu comigo. Estou curioso. Muito curioso. Mas não deixarei que isso me desvie do objetivo. Ainda assim, quero saber mais sobre ela.)
Depois que as empregadas terminaram de limpar a sala, Carter permaneceu em pé, os braços cruzados, observando cada detalhe. Seu olhar voltou para a porta do escritório enquanto falava com uma de suas secretárias.
— Quero que a senhorita Maylin tenha uma sala própria ao lado da minha — disse, firme, mas sem alterar o tom de voz. — Decorem de forma funcional, mas confortável. Quero que esteja equipada para treinamento físico e estratégico, com todos os recursos que ela possa precisar.
A secretária assentiu, já anotando as ordens.
Ele voltou-se para outro funcionário, um instrutor experiente.
— Ela vai entrar em uma das melhores equipes de treinamento. Quero que trabalhem com ela desde o primeiro dia, mas lembrem-se: nada de favores. Testem suas habilidades como fariam com qualquer outro. Quero que saiba seu potencial real, nada de facilidades.
Carter se afastou da mesa e deu um passo em direção à janela, observando a cidade abaixo. A luz da tarde refletia levemente nos cabelos escuros, destacando o contorno firme de seu rosto. Ele cruzou os braços novamente, respirando fundo, e permitiu-se pensar nela — Maylin. A intensidade do olhar dela, a determinação misturada à vulnerabilidade, o jeito como reagiu aos testes que ele impôs sem hesitar, tudo isso não saía da sua mente.
(Ela é única — forte, perigosa, completamente imprevisível. Cada movimento calculado, cada reação inesperada... e ainda assim, há algo nela que me intriga profundamente. A forma como me olha, o jeito como controla sua raiva e sua força. Um instinto diz que está acima da média. Tenho que manter o controle, mas não consigo parar de analisá-la. Cada detalhe, cada expressão... tudo fica gravado na minha mente.)
Ele respirou fundo, lembrando-se da luta improvisada há pouco. A proximidade, o calor, a determinação nos olhos dela… tudo aquilo era perturbador. Carter afastou a lembrança rapidamente, como se pudesse sufocar qualquer fraqueza emocional. Ele precisava permanecer o chefe implacável, mas a curiosidade sobre Maylin crescia a cada segundo.
— Quero que tragam o material de treinamento dela hoje mesmo — disse, voltando-se para a secretária. — Ela começará amanhã com a equipe completa. Quero que conheça cada equipamento, cada sala, cada protocolo. Quero resultados rápidos e precisos.
Carter fez uma pausa, olhando para a sala recém-arrumada. Tudo estava em seu lugar: mesas reforçadas, equipamentos de treino, e um espaço estratégico para que Maylin estivesse sempre próxima à sua supervisão.
(Ela precisa ser testada, mas também precisa de espaço para desenvolver seu potencial. Se ela falhar, saberemos imediatamente; se tiver sucesso, teremos uma aliada valiosa. E ainda assim… há algo nela que me incomoda, me fascina. Um misto de respeito e curiosidade. Não posso me deixar levar, mas também não consigo parar de observar. Cada passo dela, cada olhar, cada gesto — tudo me intriga.)
Ele se recostou na cadeira de sua sala, fechando os olhos por um instante, deixando o peso da responsabilidade e da fascinação se equilibrar. O plano para o futuro permanecia claro: caçar os vampiros, proteger seus interesses, testar Maylin até o limite. Mas, em seu íntimo, uma parte dele se perguntava — até onde aquela mulher poderia ir? E até onde ele mesmo conseguiria manter o controle sobre a intensidade que ela despertava?
— Muito bem — disse Carter finalmente, erguendo-se. — A equipe será informada. Preparações concluídas antes de ela chegar amanhã. Quero tudo pronto.
Ele passou os dedos pelo cabelo, ajeitando a camisa desabotoada, e novamente permitiu-se um pequeno sorriso, presunçoso, mas calculado.
(Ela será minha assistente pessoal… mas também será muito mais do que isso. E isso… isso me fascina.)
pessoal estou atualizando o livro, estou corrigindo e adicionando mais falas, coisas que andaram faltando, não fiquem bravos, espero que gostem ainda mais, só terá algumas mudanças, de sua querida autora❥❥!!
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Atualizado até capítulo 18
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