POV AYLA
As luzes piscavam como se o céu tivesse descido até o Complexo do Alemão naquela noite. O funk estourava nas caixas e o chão vibrava junto com os passos da multidão.
Ayla sorriu, sentindo o coração bater no ritmo da música. Não era o mundo dela, mas era exatamente isso que tornava tudo mais interessante.
— Se minha mãe soubesse onde eu tô… — riu, ajeitando o cabelo.
Ayla foi entrando na quadra do baile, começou a dançar com a amiga quando sentiu algo a observar.
E foi quando ela a viu.
POV GV
A noite ainda tava só começando quando eu cheguei no baile. O som batendo forte no peito, a favela inteira vibrando. Soldado meu espalhado, olhares atentos pra qualquer movimento errado. Complexo do Alemão sob controle. Meu controle.
E então ela aparece.
A patricinha linda e cheia de pose no meio da favela, como se nada nem ninguém pudesse encostar nela. Roupa cara, perfume importado, sorriso debochado. Totalmente fora daquele mundo… e ainda assim, parecia dominar ele.
Do tipo que acha que tem o mundo na mão.
Do tipo que dá vontade de colocar no lugar.
Ela passa por mim sem nem olhar direito, como se eu fosse só mais um cara no meio da multidão. Ri com a amiga, rebola no meu ritmo, como se tivesse provocando sem fazer esforço.
É… ela chamou a minha atenção.
Quando um cara tenta se aproximar demais dela, já chego pegando na mão dela com firmeza, puxando sem pedir permissão.
Ela arqueou a sobrancelha, desafiando.
— Ei! — ela reclamou, tentando soltar — Tá achando que faz o que quer?
— Eu não acho, princesa — ele respondeu sem parar de andar — Eu faço.
Ele a arrastou pelo meio da multidão como se fosse dona dela. Os seguranças dele abriram espaço e, em poucos passos, ela já estava diante de um grupo de homens armados, todos observando com atenção.
O primeiro sinal do perigo brilhou no metal frio das armas que eles carregavam.
Ayla engoliu seco por dois segundos… só dois.
Depois, voltou a erguer o queixo.
— Quem é você pra me puxar assim? — ela rebateu.
Gv inclinou o rosto devagar… como quem avalia se ela tá tirando onda ou é só louca mesmo.
— Você não sabe quem eu sou? — a voz rouca, um sorriso torto surgindo.
Ela cruzou os braços.
— E eu deveria saber?
Gv deu um passo maio pra perto ficando a centímetros.
— O morro todo sabe quem eu sou — ele murmurou, encarando a boca dela sem disfarçar.
— Que bom — Ayla sorriu torto — Eu adoro colecionar histórias pra contar.
— Isso aqui não é história pra patricinha viver… muito menos pra contar — ele avisou.
Ela deu de ombros.
— Então talvez eu seja a exceção.
O sorriso dele surgiu — lento, perigoso, e estranho demais pra um homem como ele.
— Você não tem medo, né?
Ayla mordeu o lábio, provocando.
— Deveria?
Gv inclinou o rosto, chegando perto o suficiente pra que ela sentisse seu perfume e o peso daquela presença.
— De mim, sim.
Mas eu gosto disso.
Os homens ao redor se entreolharam, tensos com a afronta.
Gv riu. Não era uma risada leve. Era uma risada de deboche, de quem se diverte com o perigo.
— Não tenho medo de dublê de bandidinho.
— Bandidinho?— ele repetiu, achando graça. — Quem te disse isso?
Ayla olhou ele de cima a baixo: a corrente grossa, o corte de cabelo na régua, o relógio caro… e, principalmente o fuzil enorme nas costas, os caras armados atrás dele.
Levantou uma sobrancelha.
— Precisa alguém me dizer?
Gv deu mais um passo. Agora, o corpo dele quase encostava no dela.
— Eu não sou bandido. — ele afirmou, firme, sem perder o sorriso de canto.
Ela soltou uma risadinha descrente.
— Ah não? Então tá — provocou.
Ele chegou perto do ouvido dela, a voz baixa, quente e perigosa:
— Eu sou o dono da porra toda.
Ayla piscou devagar.
— Nossa, parabéns. Quer um troféu? — respondeu debochada.
Um dos seguranças quase engasgou com o choque. Ela não tinha filtro. Nenhum.
Gv sorriu mais largo… e aquilo era pior do que quando ele estava sério.
— Você me chama de bandido como se fosse me ofender — ele comentou — mas eu ainda não decidi se você tá brincando comigo ou me pedindo pra te mostrar do que eu sou capaz.
Ela o encarou sem medo.
— Pra mim, você é bandido no máximo — ela enfatizou — e eu não tô pedindo nada. Muito menos pra você.
Gv inclinou a cabeça, o olhar escurecendo.
— Uma hora você vai pedir — prometeu.
Ayla sentiu um arrepio.
Não era medo.
Era a adrenalina do perigo chegando perto demais.
E foi ali que ela percebeu:
estar naquele baile já não era só diversão.
Ela tinha chamado a atenção do homem mais perigoso do morro.
E ele não estava nem um pouco disposto a deixá-la ir embora.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 70
Comments
Leitora compulsiva
chamou atenção de quem não deveria 🤭
2025-10-29
1