A fazenda Romano se estendia por hectares de verde, cercada por colinas suaves e bosques que sussurravam ao vento. Ali, o mundo parecia distante do concreto, dos negócios da máfia, da política e até das intrigas familiares. Para Bianca Romano, a filha mais nova de Alessandro Romano, aquele era o seu refúgio, o único lugar onde podia ser simplesmente ela mesma.
Desde cedo, Bianca desenvolveu um amor profundo pela natureza. Ela gostava de cavalgar pelo campo, sentir o vento bater no rosto e ouvir o som dos pássaros ecoando pelos galhos das árvores. Cada visita à fazenda era um mergulho na liberdade, onde ninguém a cobrava por sua postura, suas notas ou sua aparência. Ali, ela podia rir, correr e se perder entre flores e pastagens sem medo.
Bianca havia escolhido ser veterinária ainda menina, fascinada pelos animais e pelo cuidado que eles exigiam. Com apoio total do pai, estudou intensamente, sacrificando festas e passeios, até conquistar o sonho que nutria desde sempre: cuidar de animais, entender seus sinais e aliviar suas dores. Era uma paixão que ela levava como missão, não apenas profissão.
Naquela manhã, o sol ainda pintava o céu com tons de ouro quando um empregado correu até ela, um pouco ofegante:
— Senhorita Bianca! Lua está dando à luz! — anunciou, apontando para o estábulo.
O coração de Bianca disparou. Lua era sua égua favorita, um presente do pai quando ela completou dez anos. Era mais que um animal; era sua amiga, confidente e parceira de cavalgadas silenciosas pelo campo.
— Vamos, rápido! — respondeu ela, puxando suas botas de couro e ajustando o chapéu. Cada passo em direção ao estábulo aumentava a mistura de ansiedade e excitação em seu peito.
Ao entrar, o cheiro de feno e cavalos a envolveu, mas sua atenção estava inteiramente em Lua, que respirava pesadamente, os olhos arregalados, os músculos tensos. Bianca ajoelhou-se ao lado da égua, sentindo a energia da vida prestes a surgir.
— Calma, Lua… eu estou aqui. — murmurou, acariciando o pescoço da égua, transmitindo segurança. — Você consegue. Estamos juntas.
Cada contração parecia sincronizada com os batimentos do coração de Bianca. Ela lembrava de cada aula, de cada estágio, de cada livro que estudou para estar preparada para momentos como aquele. A experiência se misturava com instinto; cada gesto seu tinha precisão, mas também ternura.
Após minutos que pareceram horas, finalmente o pequeno potro surgiu, chorando baixo e trêmulo. Bianca sentiu lágrimas quentes escorrerem pelo rosto ao ver a nova vida diante de si.
— Está tudo bem, Lua… você foi maravilhosa! — disse, aliviada, acariciando a égua que agora ofegava mais suavemente. O potro tropeçava nas patas ainda desajeitadas, mas estava vivo, respirando e forte.
O empregado sorriu, emocionado:
— Senhorita Bianca, você é incrível.
Ela apenas sorriu, a sensação de missão cumprida envolvendo seu peito. A fazenda, o campo e os animais eram seu verdadeiro lar, seu espaço seguro, seu mundo de felicidade e coragem. Ali, entre feno, cavalos e liberdade, ela não precisava de máscaras — era apenas Bianca Romano, apaixonada, dedicada e viva.
O vento entrou pelo celeiro, trazendo o cheiro de terra molhada e a promessa de novos dias. Bianca olhou para Lua e o potro recém-nascido, sentindo que cada escolha feita desde a infância, cada hora de estudo, cada sacrifício, havia valido a pena.
Ela estava exatamente onde deveria estar: com aqueles que amava, cuidando da vida e da natureza, em paz consigo mesma.
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Mais tarde, naquele dia, o salão principal da mansão Romano estava silencioso, exceto pelo som pesado das botas de Alessandro Romano ecoando no mármore. Ele encarava suas filhas com o olhar gélido, os punhos cerrados. O assunto que trazia tensão ao ar era sério: uma aliança com os Garibalde, e o casamento de uma de suas filhas era a peça central.
— O conselho da máfia propôs uma união com os Garibalde — começou Alessandro, a voz firme e grave —. Eles querem que Valentina se case com Lorenzo Garibalde. É uma aliança estratégica que trará poder, dinheiro e aliados contra nossos inimigos.
Valentina engoliu em seco, sentindo o peso da responsabilidade e da verdade que guardava há semanas. O olhar de Alessandro não permitia evasivas. Ela respirou fundo, segurando as mãos da irmã Bianca por um instante antes de falar:
— Pai… — começou Valentina, hesitante —, eu preciso contar a verdade. Eu… Estou grávida do filho do conselheiro Gerald, Marco DeLuca.
O ar congelou no salão. Alessandro arregalou os olhos, e a fúria subiu como um fogo incontrolável. Ele bateu a mão na mesa, fazendo os copos de cristal tremerem.
— COMO?! — rugiu Alessandro —. Você escondeu algo assim? Isso arruína a aliança! O conselho, se descobrir… Sua vida corre risco, nossa família será enfraquecida, e nossos inimigos aproveitarão!
Bianca engoliu em seco e avançou alguns passos, colocando a mão firme no braço do pai, olhando nos olhos dele.
Alessandro Romano caminhou de um lado para o outro, o rosto fechado em uma mistura de raiva e cálculo. Seus punhos cerrados batiam levemente contra o mármore enquanto encarava Valentina e Bianca.
— Valentina… — começou Alessandro, a voz firme e cortante —. A situação que você criou é… Inaceitável. O conselho da máfia não perdoará se descobrir que você está grávida fora de um casamento autorizado. Isso é visto como traição. Traição, Valentina, que pode custar a sua vida e a honra de toda nossa família!
Valentina engoliu em seco, o olhar baixo, a respiração irregular. Alessandro continuou, o tom sombrio:
— Você terá que se casar com o pai do seu filho, Marco DeLuca. — cada palavra soava como um golpe —. Terei que mentir ao conselho, dizendo que já estava prometida a ele. Caso contrário… — ele fez uma pausa, a voz baixa e mortal —, poderá ser sentenciada à morte.
Um silêncio mortal pairou no salão. Valentina mal conseguia respirar, e Bianca sentiu um frio percorrer sua espinha. Ela sabia que o pai estava certo: A máfia não perdoava fraqueza ou desobediência. Mas, ao mesmo tempo, não podia aceitar que sua irmã fosse forçada a um destino que não queria.
Bianca deu um passo à frente, firme, colocando a mão no braço de Alessandro.
— Pai… Eu assumo o lugar dela. — disse com convicção —. Eu me casarei com Lorenzo Garibalde. Se isso significa proteger Valentina, a família e a nossa honra, farei isso sem hesitar.
Alessandro a encarou, surpreso, misturando fúria e orgulho.
— Bianca… Você está disposta a se sacrificar por ela? — perguntou, a voz grave —. Você entende que será um casamento de conveniência, usado para alianças estratégicas, e que não há garantia de felicidade?
— Sim, pai. — respondeu Bianca, firme e decidida —. Não importa. Se casar com Lorenzo salva Valentina, preserva nossa família e mantém a aliança, então é o que farei. Eu assumo a responsabilidade.
Valentina, emocionada, segurou a mão da irmã.
— Obrigada, Bianca… Você está me salvando.
— Agora não pense nisso, irmã — Bianca respondeu, determinada —. Eu cuidarei de tudo. Confie em mim.
Alessandro respirou fundo, a tensão nos ombros diminuindo um pouco. Ele sabia que Bianca havia agido com coragem e inteligência. A aliança com os Garibalde ainda seria cumprida, a honra da família preservada, e Valentina protegida de um destino que poderia ter sido fatal.
— Muito bem… — disse ele finalmente, a voz firme —. Então seja assim. Você se casará com Lorenzo Garibalde. Mas lembre-se: cada passo deve ser calculado. Se o conselho descobrir qualquer falha… Não haverá perdão.
O vento soprava pelos campos da fazenda, trazendo consigo o aroma da terra molhada e uma sensação de mudança. Bianca sentiu o coração acelerar, não por medo, mas pela responsabilidade que assumia. A partir daquele momento, seu destino se ligava ao de Lorenzo, e a guerra silenciosa, entre alianças e vingança, já começava a se desenrolar.
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Atualizado até capítulo 76
Comments
Dulce Gama
autora linda põe foto dos personagens a história está linda pra C e estou adorando muito 🌟🌟🌟🌟🌟🌹🌹🌹🌹🌹🎁🎁🎁🎁🎁❤️❤️❤️❤️❤️👍👍👍👍👍
2025-10-12
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