A dor ainda estava viva, mas Lorenzo Garibalde aprendeu a transformá-la em algo útil: raiva, determinação e foco absoluto. A morte de Matteo não era apenas uma perda pessoal; era uma ferida aberta no império Garibalde, e, para Lorenzo, a justiça não poderia esperar.
No escritório da sede da Garibalde Enterprises, Lorenzo caminhava de um lado para o outro, o olhar sombrio fixo na parede adornada com mapas e fotos de aliados e inimigos. Cada detalhe da noite em que Matteo e sua esposa foram assassinados tinha sido registrado, analisado e arquivado, mas algo ainda escapava.
— Quero que cada detalhe seja reezaminado. — disse ele, com a voz baixa, firme, carregada de autoridade. — Cada informante, cada câmera, cada passo dado naquela noite. Quero nomes. Quero rostos. Quero o assassino do meu irmão.
Seus subordinados não ousaram questionar. Sabiam que, quando Lorenzo decidia buscar algo, não descansaria até encontrar.
— Sim, senhor. — respondeu Ricardo, o braço direito de Lorenzo, já acionando a equipe de inteligência e os homens de confiança para vasculhar cada pista.
Lorenzo aproximou-se do vidro da janela que mostrava a cidade de Paris iluminada à noite. O reflexo dele próprio parecia mais duro, mais perigoso do que nunca.
— Matteo pagou com a vida… e eu vou fazer com que ninguém esqueça o preço que se paga quando toca nos Garibalde. — murmurou para si mesmo, quase inaudível.
Os dias se transformaram em noites sem fim, cheias de telefonemas secretos, contatos com informantes e investigação minuciosa. Cada pista era analisada, cada suspeito interrogado, cada ligação rastreada.
Mas Lorenzo sabia que não seria fácil. O mundo em que sua família estava inserida era cheio de sombras, traições e homens que não hesitavam em matar para proteger seus interesses.
— Encontraremos quem fez isso, senhor. — disse Ricardo em uma manhã fria, ao entregar um relatório com possíveis suspeitos.
Lorenzo pegou o papel, examinando os nomes, os históricos e os vínculos. Seus dedos tamborilavam na mesa, o olhar gélido.
— Isso é apenas o começo. Cada um deles pagará… um por um.
No coração de Lorenzo, a dor e a raiva se fundiam, transformando o homem que já fora amado e ferido pelo passado em uma máquina de vingança e justiça.
O assassino de Matteo não teria chance.
E, enquanto Paris dormia, Lorenzo Garibalde já planejava o próximo movimento, silencioso, calculista e mortal como sempre fora.
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Enzo bateu à porta do gabinete antes de entrar, como sempre fizera — com a familiaridade de quem crescera ao lado de Lorenzo desde os primeiros passos no clã. O relógio na parede marcava horas tardias; a luz do abajur desenhava sombras duras no rosto de Lorenzo, acentuando a dureza daquela fisionomia que o tempo e a dor tinham esculpido.
— Você pediu para me ver — disse Enzo, aproximando-se da mesa. Havia um misto de preocupação e curiosidade na voz dele.
Ao lado de Lorenzo, encostado na poltrona, estava Ricardo — braço direito e homem de confiança naquilo que não podia ser discutido em público. Ricardo cruzou os braços com a calma de quem já vira centenas de planos nascerem ali.
— Enzo. — Lorenzo não levantou os olhos de um relatório aberto sobre a mesa. — Bom que veio.
Enzo observou a sala, o ar pesado, o copo de uísque à mão de Lorenzo. Havia algo diferente: um brilho contido nos olhos do chefe, que não era raiva crua, mas sim a calma perigosa de quem planeja. Enzo sentiu um arrepio.
— Ouvi dizer… — começou Enzo, hesitante — que você encontrou alguma pista sobre Matteo.
Lorenzo finalmente olhou para ele. O olhar era tranquilo; mas naquela tranquilidade havia ferro.
— Encontrei. — respondeu seco. — Encontrei quem mandou matar Matteo.
— Foi Alessandro Romano.
Enzo ficou em silêncio por um segundo, a face mudando de expressão quando ouviu o nome.
— Alessandro Romano? — repetiu, como se provasse o gosto amargo da palavra. — Você tem certeza, L?
Lorenzo assentiu, sem vacilar.
— Sim. Tudo aponta para ele.
O corredor da memória se abriu para Enzo. Seus olhos buscavam nos cantos do escritório as peças de um tabuleiro que agora se tornavam perigosamente reais. Ele conhecia Alessandro — não apenas como um nome nos relatórios, mas como o Don de outra família. Romano não era um capanga qualquer: era o homem que governava parte do território ao sul, com influência em portos e contratos que cruzavam fronteiras. Respeitado e temido. Um Don à moda antiga.
— Esse… Esse é problema grande, Lorenzo. — Enzo murmurou, a preocupação entornando palavras. — Alessandro Romano é chefe. Ele não manda em segredo, ele governa. Se souberem que estamos atrás dele, não será só uma guerra entre famílias — será uma guerra por tudo que cada lado controla.
Ricardo baixou a cabeça por um momento, calculando as consequências.
— Ele tem olho em rotas, em políticos, em bancos. Atacar diretamente seria abrir um front que pode nos consumir. — disse, com a seriedade de sempre.
Lorenzo inclinou-se para frente, as mãos cruzadas como quem segura um punho invisível.
— Por isso mesmo não vou atacá-lo de frente. — respondeu com calma cortante. — Vou entrar por dentro. Casar com uma filha. Ganhar acesso. Respirar o ar da casa dele sem que ele perceba a arma que eu carrego sob a roupa.
Enzo respirou fundo, lembrando-se das festas, das negociações veladas, dos jantares em que Don Romano falara alto e fazia o salão inteiro se calar.
— Você está disposto a se atar por lei a uma família que tem sangue do sru irmão nas mãos? Alessandro não brinca com honra ou traição. Se descobrir, não haverá volta. Ele não perdoa.
— Eu já perdi o que tinha de perdoável. — Lorenzo respondeu, frio. — Essa é a única forma de virar o mundo dele contra ele sem chamar atenção. Ele acha que ganha aliados; eu entro como herdeiro legítimo de um acordo. Depois, desmantelo por dentro.
Enzo sacudiu a cabeça, meio incrédulo, meio admirado pela audácia.
— E se uma das filhas desconfiar? E se o próprio Alessandro desconfiar?
— Controlaremos as filhas. Controlaremos os laços. — Ricardo interveio, firme. — Rumores bem colocados, negociações públicas, alianças cuidadosamente montadas. Nada que pareça forçado. Eles virão até nós pedindo a união — e nesse pedido estará a porta que eu quero atravessar.
Enzo apoiou a mão no ombro de Lorenzo, num gesto que misturava lealdade e temor.
— Então faça isso com os olhos abertos, amigo. Alessandro Romano é um Don que move exércitos de verdade. Se errarmos, não será só Matteo que não descansará — será toda a casa Garibalde que pagará.
Lorenzo olhou pela janela, vendo a cidade vibrar indiferente. A firmeza em sua voz não vacilou.
— Eu sei o que estou fazendo. Não por orgulho — por justiça. E se for preciso, queimarei cada ponte. Mas antes, entrarei sorrateiramente na casa dele. De dentro, eu derrubo o trono.
Enzo suspirou, sabendo que não havia mais como mudar os planos do amigo.
— Então me diga o que quer que eu faça. Vou preparar as pontes, acalmar vozes, plantar sementes.
Ricardo pegou uma pasta e ficou de pé.
— Começaremos por mapear as filhas: alianças, interesses, possíveis casamentos. Vamos fabricar o cenário para que o pedido venha deles. E quando vier, ninguém levantará suspeita.
Lorenzo fechou os olhos por um instante, depois abriu com a determinação de sempre.
— Faça isso. E mantenham os ouvidos abertos: Alessandro Romano é astuto, mas também orgulhoso. Todo orgulhoso tem um ponto cego. Encontraremos esse ponto.
A fumaça do charuto subiu, lenta e pesada. Fora do gabinete, o mundo seguia seu curso. Dentro dele, um plano que tocava a casa de um Don se formava — audacioso, perigoso, e com um preço que todos já sabiam ser alto. Enzo sabia disso melhor que ninguém, mas a lealdade falou mais alto.
— Por Matteo — disse Lorenzo, seco.
— Por Matteo — repetiram Enzo e Ricardo, firmes.
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Atualizado até capítulo 76
Comments
Dulce Gama
será que o cara não vai descobrir se lourenzo pedir a filha dele em casamento talvez ele possa investigar a vida do lourenzo 👍👍👍👍👍❤️❤️❤️❤️❤️🎁🎁🎁🎁🎁🌹🌹🌹🌹🌹🌟🌟🌟🌟🌟
2025-10-12
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